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    Camila Moura de Carvalho (Arquivo Pessoal)

    Camila Moura de Carvalho: Por que o feminismo negro?

    Djamila Ribeiro – Filósofa e Escritora “Não é preciso ser negro para se engajar na luta antirracista” (Foto: Victor Affaro)

    Mulheres de Sucesso: Forbes destaca 20 nomes em 2021

    Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

    A importância da proteção de defensores e defensoras de direitos humanos 

    Ilustração/ Thaddeus Coates

    Quando eu descobri a negritude

    Bianca Santana - Foto: João Benz

    Queremos uma presidenta em 2022!

     A24 Studios/Reprodução

    O Homem Negro Vida

    A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala prepara seu discurso após ser nomeada, em sua casa de Potomac, Maryland. (Foto: ERIC BARADAT / AFP)

    A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala será a primeira mulher africana a dirigir a OMC

    (Foto: Divulgação/ Editora ContraCorrente) 

    Por ela, por elas, por nós

    Lorena Lacerda (Foto: Reprodução/ Instagram @lorenlacre

    Alisamento, corte químico, tranças e turbantes: Do processo racista ao coroamento estético-racial

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      Alice Hasters (Foto: Tereza Mundilová/ @terezamundilova)

      Alice Hasters – Por que os brancos gostam de ser iguais

      Geledés

      Família diz que menino morto no Rio foi retirado da porta de casa pela PM

      Foto: Diêgo Holanda/G1

      Perigo: ele nasceu preto

      Foto: Ari Melo/ TV Gazeta

      Moradores carregam corpos e relatam danos psicológicos após ações da PM na Baixada Fluminense

      Keeanga-Yamahtta Taylor (© Don Usner)

      O que o Black Lives Matter diz ao mundo e ao Brasil

      83% dos presos injustamente por reconhecimento fotográfico no Brasil são negros

      Ilustração/ Thaddeus Coates

      Quando eu descobri a negritude

      Foto: @Artsy Solomon/ Nappy

      O vírus da liquidez

      Para o professor Muniz Sodré, a insensibilidade social alimenta a indiferença pelos negros (Foto: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa Fapesp)

      “O negro é um cidadão invisível. Quando ele aparece, a violência aparece também”

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      Bandeira do orgulho trans hasteada em São Francisco, nos Estados Unidos. Foto: Flickr (CC)/torbakhopper

      Brasil segue no topo de ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo

      Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

      GettyImagesBank

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        Chiquinha Gonzaga aos 47 anos, em 1984 (Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Ciquinha Gonzaga)

        Negritude de Chiquinha Gonzaga ganha acento em exposição em São Paulo

        Edusa Chidecasse (Foto: Reprodução/ @tekniqa.studios)

        Websérie Bantus entrevista atriz angolana

        Itamar Assumpção/Caio Guatalli

        Itamar Assumpção para crianças

        Lula Rocha, expoente do movimento negro do Espírito Santo - Arquivo pessoal

        Morte: Agregador, articulou cultura e educação no movimento negro

        Chiquinha Gonzaga  Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Divulgação

        Itaú Cultural abre a série Ocupação em 2021 com mostra dedicada à maestrina Chiquinha Gonzaga

        Vacinação contra a Covid-19 dos Quilombolas da comunidade Sucurijuquara, região isolada do Distrito de Mosqueiro, no Pará (Foto: FramePhoto / Agência O Globo)

        Covid-19: maioria da população, negros foram menos vacinados até agora

        Osaka comemora título do Austraçlian Open após vitória contra Brady (Foto: ASANKA BRENDON RATNAYAKE / REUTERS)

        Osaka conquista Australian Open e chega ao 4º título de Grand Slam

        Viviane Ferreira (Foto: Imagem retirada do site Glamurama)

        Cineasta Viviane Ferreira será a nova diretora-presidente da SPCINE

        Steve Granitz/WireImage

        Regina King interpretará a primeira congressista negra dos Estados Unidos

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              Por mais literaturas insurgentes na estante

              01/05/2019
              em Educação
              Tempo de leitura: 5 min.

              Quando fui convidada a escrever este artigo, minha surpresa não foi pouca por alguns motivos. Sou uma sapatão preta, candomblezeira, filha e neta de alagoanas, cria da periferia da zona oeste de São Paulo. E embora disserte aqui de maneira fluida a respeito das identidades que me atravessam, nem sempre foi assim, principalmente porque, quando em raras ocasiões falava, eu não era ouvida quanto menos lida naquela época em que decidi espalhar minhas ideias por aí. Uma pessoa como eu precisa ter coragem pra adentrar certos ambientes e não calar diante de determinadas situações, e eu devo a minha ousadia àquelas muitas que vieram antes de mim e às que se encontram hoje ao meu lado, que lutaram e lutam avidamente pra que eu estivesse aqui, ocupando este espaço com o fim de elevar algum tom em nossas vozes.

              Por Cecília Floresta, Do Cult

              Cidinha da Silva - mulher negra, de tranças, usando óculos e uma blusa preta com desenhos coloridos- sentada.
              A escritora mineira Cidinha da Silva (Foto: Reprodução)

              Entre as escolhas de academizar ou não este escrito, optei pelo viés literário por estar aqui impressa a voz de uma escritora dissertando sobre literatura. Então, como fonte de dados bibliográficos, levantamentos de toda ordem sobre essas literaturas insurgentes ou mesmo pensamentos a respeito, recomendo as pesquisadoras e escritoras com as quais venho tendo mais contato, como Cidinha da Silva, Lubi Prates, Tatiana Nascimento, Amara Moira, Cristina Judar, Tatiana Pequeno, Natalia Borges Polesso, Regina Dalcastagnè, Heloísa Buarque de Holanda, Lúcia Facco, e muitas outras, em plena produção, cujos trabalhos superam heroicamente o famigerado e cansado cânone literário. Indico também o projeto Mulheres que Escrevem, cujo principal objetivo é fomentar as literaturas produzidas por mulheres, e o Clube Lesbos, uma iniciativa que propõe o debate de obras criadas por sapatões ou em cuja narrativa estejam presentes protagonistas lésbicas.

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              A essa altura, penso que seria interessante já definir o que chamo de “literaturas insurgentes”. Bem, é uma categoria que uso para englobar toda e qualquer literatura que não tenha sido escrita por figura hegemônica – no nosso caso, o homem branco cis heterossexual. São literaturas escritas por mulheres, negrxs, indígenas, não brancxs, sapatões, viados, transsexuais, travestis, bichas, terroristas de gênero, bissexuais. Em relação aos homens cis gays brancos, deixo a reflexão: eles insurgem, sim, mas sua figura vem aglutinando desde muito tempo nossas narrativas, sobretudo porque, quando somos colocadxs embaixo de um grande guarda-chuva multicor, quem se destaca? E digo isso, pois, ao que parece, o interesse por parte de uma literatura que se ocupe ou resvale em questões próprias da sigla LGBTQI+ se resume também àquilo que se evidencia – e me pergunto se por ser mais evidente ou por se tratar de uma tarefa menos árdua manter-se no que eu chamo de zona literária de conforto. E porque a figura que se destaca é o homem branco, gay ou não, entendemos que isso se deve, obviamente, ao machismo e racismo introjetado dentro e fora de nossa comunidade.

              Nesse sentido, pensar a questão da branquitude e das masculinidades poderia elucidar perfeitamente a minha “escolha política e estética”, como bem assinalou a Natalia Borges Polesso em seu artigo “Eu escritora, eu lésbica”. Aliás, o fato da branquitude e das masculinidades estarem sendo discutidas mais a fundo apenas recentemente, dentro e fora do contexto LGBTQI+, já denuncia o fato de que brancxs e homens são colocados automaticamente como padrão, não sendo passíveis de questionamentos ou mesmo discussões sobre ser brancx ou homem e os desdobramentos dessas identidades, o que abre espaço, inclusive, para uma criação literária fluida e livre de contestações. Ao mesmo tempo, figuras insurgentes se veem sistematicamente cobradas a respeito de posicionamentos políticos a fins com nossas identidades, o que se estende à literatura que produzimos, enclausurando nossos pensamentos e narrativas em favor da heteronorma branca. E como tão variadas são as insurgências que caminham contra a hegemonia literária com a qual ainda nos deparamos nos catálogos editoriais e âmbitos literários, pra tratar as nuances próprias dessas literaturas insurgentes, aqui também faço a escolha política e estética de trilhar caminhos que se cruzem com os meus próprios passos.

              Questão de espaço

              Este artigo ecoa um incômodo que eclodiu faz uns anos, quando iniciei minha graduação em Letras, e que, além de crescer, passou a se elaborar também, desdobrando-se em estopins pros meus trabalhos literários e de cunho mais acadêmico. Explico: em minha graduação, havia a onipresença de textos literários ou teóricos escritos por homens. Certa de que só poderia haver aí inúmeras lacunas e me vendo livre das amarras acadêmicas, passei então a ler apenas mulheres, dando com mais dois incômodos: a invisibilização de escritorxs e personagens negrxs e sapatões.

              Sempre que falo de literaturas insurgentes, recorro à Padê Editorial, das escritoras Bárbara Esmenia e Tatiana Nascimento, que se dedica à publicação de autorxs periféricxs e LBTs (lésbicas, bissexuais e transsexuais) e cujos livros são artesanais, de capa de papelão ou material de baixo custo, costurados a mão. Trata-se de um soco no estômago do mercado editorial, propondo um novíssimo lugar ao objeto livro e afirmando que todxs somos perfeitamente capazes de produzir nossas próprias edições e colocá-las no mundo. Essa autonomia nós possuímos, de fato, e a praticamos muito bem, mas a resposta da Padê, embora certeira, não deveria ser a única.

              Além da Padê, no universo literário independente, temos iniciativas mais pessoais, como os zines, e diversas editoras independentes vêm surgindo pra suprir a demanda dessas literaturas insurgentes, além de revistas literárias e outros projetos que se ocupam com a literatura produzida hoje e que fuja à heteronorma branca. Porém, ainda que essas iniciativas estejam se multiplicando cada vez mais, a duras penas, fica evidente que o sistema da heteronorma branca mais se preocupa artificialmente com essas figuras insurgentes do que cede espaços de protagonismo pra que nós mesmxs falemos a nosso respeito, onde, de corpo presente e munidxs de uma voz idônea, possamos contar nossas próprias histórias.

              Enquanto escritora e profissional atuante no mercado editorial, posso afirmar que há uma imensa falta de visibilidade e mesmo ausência de valor atribuído ao trabalho de escritorxs negrxs e sapatões, reservando um diminuto espaço para suas produções literárias. Assim, convido xs colegas da área a se dedicarem também à pesquisa e publicação dessxs escritorxs, a caminhar um pouco fora da zona literária de conforto, sair do óbvio, levar ao público novas narrativas. Além disso, é gritante a importância de tornar visíveis as produções literárias insurgentes, sobretudo nos tempos que temos vivido. Visibilizar essa literatura é visibilizar figuras que foram e continuam sendo sistematicamente apagadas e exterminadas, é um gesto em favor de existências estigmatizadas como alheias, menores, nulas.

              Pra finalizar, gostaria de retomar aquele enclausuramento do qual já falamos, resultado direto de um trabalho de crítica, curadoria e edição extremamente rasos, quando as literaturas insurgentes se vêm forçosamente taxadas de acordo com suas temáticas ou com o posicionamento político-identitário dxs autorxs, um movimento que esvazia o fazer literário e a própria literatura. Está mais do que na hora de nos permitir ser como os escritores hegemônicos o são, apenas escritores e pensadores, circulando livremente em sua prática literária que dispensa contestações e contextualizações. É preciso enxergar essas literaturas que chamo de insurgentes como a obra ou projeto literário que são, evitando esse olhar tão limitado que, na maioria das vezes, se atém sobretudo à dor.

              Precisamos ter a escolha de narrar nossas alegrias ou simplesmente um passeio a pé pela cidade, histórias com finais felizes ou não, desde que tenhamos a alternativa de não ter de retratar mazelas pra que nosso trabalho seja reconhecido. Pois se existir, pra todos os outros, vai muito além de qualquer dor, nós, insurgentes, também apelamos pelo direito à vida e ao riso dentro e fora da literatura.

              Cecília Floresta afrodescendente, escritora, candomblezeira & sapatão. Autora de poemas crus (Patuá), pesquisa narrativas e poéticas ancestrais iorubás e seus desdobramentos na diáspora negra contemporânea, lesbianidades e literaturas insurgentes
              Tags: EducaçãoLiteratura
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              • Para fechar fevereiro, a coluna Nossas Histórias vem com a assinatura da historiadora Bethania Pereira, que nos convida a pensar sobre as camadas de negação da história do Haiti. Confira um trecho do artigo do artigo"O Pioneirismo haitiano nas lutas pela liberdade no Atlântico"."A partir de 1824, o presidente Jean-Pierre Boyer passou a oferecer terras e cidadania para os imigrantes exclusivamente negros, vindos dos Estados Unidos. Ao chegar no Haiti, as pessoas teriam acesso a um lote de terra, ferramentas e, após um ano, receberiam a cidadania haitiana. A fim de fazer seu projeto reconhecido, Boyer enviou Jonathas Granville como seu representante oficial para os Estados Unidos. Lá, Granville pode se reunir com afro-americanos de diferentes locais mas, aparentemente, foi na cidade de Baltimore, onde ele participou de reuniões na African Methodist Episcopal Church – Bethel [Igreja Metodista Episcopal Africana] e pode se encontrar com homens e mulheres negros e negras. Acesse o material na íntegra em: A Coluna Nossas Histórias é parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultune #Haiti #Liberdade #Direitos #SéculoXIX #HistoriadorasNegras #NossasHistórias.
              • #Repost @naosomosalvo • • • • • • A @camaradeputados, o @senadofederal e o @supremotribunalfederal precisam frear a política armamentista da Presidência da República, que coloca em risco nossa segurança e nossa democracia. 72% da população brasileira é contrária à proposta do governo de que é preciso armar a população: precisamos unir nossas forças e vozes contra esses retrocessos! Pressione agora: www.naosomosalvo.com.br As armas que a gente precisa são as que não matam.
              • No próximo sábado, dia 27 de fevereiro, às 17h, as Promotoras Legais Populares- PLPs, realizam uma live para falar sobre ações e desafios durante a pandemia, no canal do YouTube de Geledés Instituto da Mulher Negra.
              • Abdias Nascimento, por Sueli Carneiro “Sempre que penso em Abdias Nascimento o sentimento que me toma é de gratidão aos nossos deuses por sua longa vida e extraordinária história fonte de inspiração de todas as nossas lutas e emblema de nossa força e dignidade. A história política e a reflexão de Abdias Nascimento se inserem no patrimônio político-cultural pan-africanista, repleto de contribuições para a compreensão e superação dos fatores que vêm historicamente subjugando os povos africanos e sua diáspora. Abdias Nascimento é a grande expressão brasileira dessa tradição, que inclui líderes e pensadores da estatura de Marcus Garvey, Aimé Cesaire, Franz Fannon, Cheikh Anta Diop, Léopold Sedar Senghor, Patrice Lumumba, Kwame Nkruman, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Steve Biko, Angela Davis, Martin Luther King, Malcom X, entre muitos outros. A atualidade e a justeza das análises e das posições defendidas por Abdias Nascimento ao longo de sua vida se manifestam contemporaneamente entre outros exemplo, nos resultados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida em setembro de 2001, em Durban, África do Sul, que parecem inspiradas em seu livro O Genocídio do Negro Brasileiro (1978) e em suas incontáveis proposições parlamentares.Aprendemos com ele tudo de essencial que há por saber sobre a questão racial no Brasil: a identificar o genocídio do negro, as manhas dos poderes para impedir a escuta de vozes insurgentes; a nos ver como pertencentes a uma comunidade de destino, produtores e herdeiros de um patrimônio cultural construído nos embates da diáspora negra com a supremacia branca em toda parte. Qualquer tema que esteja na agenda nacional sobre a problemática racial no presente já esteve em sua agenda política há décadas atrás, nada lhe escapou. Mas sobretudo o que devemos a ele é a conquista de um pensar negro: uma perspectiva política afrocentrada para o desvelamento e enfrentamento dos desafios para a efetivação de uma cidadania afrodescendente no Brasil, o seu mais generoso legado à nossa luta.” 📷Romulo Arruda
              • #Repost @brazilfound • • • • • • InstaLive Junte-se a nós para uma conversa com Januário Garcia, ícone da história do movimento negro no Brasil, enquanto celebramos o mês da história negra (Black History Month).⁠ ⁠ 📆: Terça-feira, 23 de fevereiro ⁠ ⏱: 18 hs horário de Brasília⁠ 📍: Instagram da BrazilFoundation (@brazilfound)⁠ ⁠ Fotógrafo brasileiro, Januário Garcia há mais de 40 anos vem documentando os aspectos social, político, cultural e econômico das populações negras do Brasil. Formado em Comunicação Visual, passou por prestigiados jornais e grandes agências de publicidade do Rio de Janeiro e é autor das fotos de álbuns icônicos de artistas consagrados. ⁠ ⁠ Januário participa de importantes espaços de memória, arte e cultura do povo negro; é co-fundador do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, é membro do Conselho Memorial Zumbi e, atualmente, Presidente do Instituto Januário Garcia, um Centro de Memória Contemporâneo de Matrizes Africanas.⁠ ⁠ *⁠ #BrazilFoundation #mêsdahistórianegra #blackhistorymonth #januáriogarcia #brasil @januariogarciaoficial
              • Hoje é o dia nacional de luta por um auxílio emergêncial de 600 reais até o fim da pandemia! Fortaleça em todas as redes: #AuxilioEmergencial600reais #AteOFimDaPandemia #VacinaParaTodesPeloSUS Acompanhe os atos: https://coalizaonegrapordireitos.org.br/ato-nacional-pelo-auxilio-emergencial/
              • "As estratégias de liberdade desempenhadas pelos escravizados tiveram muitas dinâmicas. Em algumas oportunidades, era a carta de alforria o recurso daqueles que buscavam conquistar a saída da escravidão." Leia o artigo do historiador Igor Fernandes de Alencar, para a coluna
              • "Os ares colonizatórios destroem nossos pulmões. A população negra no mundo vem sendo asfixiada desde o processo de escravidão que mortificou as almas e os corpos do povo negro para dar “vida” a um novo modo de existência que podem ser compreendidos como mutações coloniais." Leia o Guest Post de Francélio Ângelo de Oliveira em www.geledes.org.br
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              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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