Um das perguntas que me fazem com maior frequência, junto com a clássica “Você gosta mesmo de dar aulas?”, é com relação a própria escolha. Em 2006, quando prestei vestibular para Letras (juntamente com Filosofia em outra universidade), decidi que seria professora. Não seria tradutora, não seria intérprete. Revisora, quem sabe. Mas com toda a certeza optaria pela licenciatura (e pesquisa, pela qual sou fascinada).
O magistério é uma das atividades mais desvalorizadas no Brasil. Não só com relação a péssima remuneração, mas quanto ao estigma social. Não há nenhum incentivo para que um brasileiro se torne professor. E ao respondermos nossa profissão, dificilmente iremos ouvir como resposta “Puxa, que bacana!”. Pelo contrário. O sentimento de pena é quase imediato. Resultado: o magistério se torna a opção dos desesperados, quando “não há mais nada a ser feito”. Em pesquisa feita pela Fundação Carlos Chagas, descobriu-se que apenas 2% dos estudantes do Ensino Médio têm como primeira opção no vestibular algum curso diretamente ligado a docência. Então, por que optar por um caminho tão árduo?
Por que ser professor?
A simplicidade da resposta é tanta que parece deixar tudo em suspensão. Escolhi ser professora porque o magistério é uma das atividades mais bonitas, mais apaixonantes, mais gratificantes que existem. Árdua, sem dúvida, mas indescritivelmente bela. Conhecer nossos alunos, transmitir conhecimento, receber conhecimento (receber, claro, porque a troca é constante e infinita!), crias laços, ver o desenvolvimento e contribuir para que ele se dê de forma prazerosa. Aprender sempre, muito. Mostrar ideias novas, caminhos novos. Mentiria se negasse que sou, e continuarei sendo, idealista e que acredito com toda firmeza na capacidade de transformação social pela educação. Educação, sim, porque todos professor tem um pouco de educador. Talvez seja ingenuidade, mas receber um abraço no final do dia, ler um “tô com saudade” no Facebook durante o fim de semana, ouvir desabafos daqueles que confiam tanto em você que decidem compartilhar um pouco mais de suas vidas… essas pequenas-gigantes coisinhas fazem com que valha a pena.
Quem já não ouviu que aquele que trabalha com o que ama, nunca tem que trabalhar? Eu me divirto dando aulas. Ouço meus alunos, compartilho experiências, rimos todos juntos. Acredito no que faço, acredito nos meus alunos. No potencial que cada um deles tem de transformar a sua própria realidade. No esforço de cada um.
“Ser professor não é profissão, é uma missão.”
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Fonte: Outramenos