Prefeito de Nova York teme pelo filho afrodescendente

Isabel de Luca

De Blasio cita própria família ao falar sobre morte de camelô

Pai e filho. Bill de Blasio, prefeito de Nova York, e seu filho Dante, durante celebração do Dia do Índio no bairro do Brooklyn: família interracial questionou ação policial que matou camelô negro na cidade

NOVA YORK — Em meio ao maior desafio já enfrentado por um prefeito, que fez do reparo das relações entre as minorias e a polícia uma de suas principais promessas de campanha, Bill de Blasio voltou a recorrer à sua própria família — como fez com sucesso em diversas ocasiões enquanto disputava o cargo — ao responder à decisão de um grande júri de Nova York de não indiciar o policial branco Daniel Pantaleo pela morte do camelô Eric Garner. Pai de um casal de adolescentes negros, De Blasio evocou seu filho Dante mais de uma vez desde o início da noite de quarta-feira, quando correu para Staten Island, onde ocorreu o incidente em julho, para se pronunciar ao lado da família da vítima.

— Isso é profundamente pessoal para mim — disse. — Não pude deixar de pensar imediatamente o que significaria perder Dante. A vida nunca mais seria a mesma.

Se a família interracial do prefeito é parte fundamental de sua imagem pública, foi Dante quem provocou a virada de De Blasio, no fim do ano passado, ao estrelar, com cabelo afro, um vídeo “caseiro” de campanha que virou viral. O prefeito contou que ele e a mulher, Chirlane McCray, que é negra, instruíram o menino a “tomar especial cuidado” ao se deparar com policiais, e expressou a sua preocupação com a segurança de Dante quando sai à noite.

‘Embaixo de um ônibus’

Nesta quinta-feira, ao anunciar reformas na polícia, o prefeito citou o filho de novo, ao lembrar que sua apreensão com a abordagem da polícia começou assim que Dante entrou na puberdade. No fim da tarde, o presidente do Sindicato de Policiais de Nova York, Patrick Lynch, afirmou que os oficia is se sentiram “jogados embaixo de um ônibus” pelo prefeito.

ADVERTISEMENT

— Enquanto eles estavam fazendo um trabalho difícil, no meio da noite, protegendo os direitos dos manifestantes, protegendo nossos filhos e filhas, o prefeito estava atrás dos microfones como se os estivesse jogando embaixo de um ônibus.

 

Fonte: O Globo

+ sobre o tema

A madame é racista? Não… Desculpe, foi erro do digitador

Agência de empregos que contrata domésticas pergunta se cliente...

Reflexões sobre um racismo à brasileira: a volta dos fantasmas que nunca foram

Começo essa reflexão com uma pergunta aos leitores, em...

Presidente do STF assina nesta quarta-feira (18) norma que institui cotas para negros em concursos

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo...

para lembrar

Por um futuro sem racismo

"Você tem cor de sujeira"; "Não gostamos de você...

“Defrontamo-nos com a feroz urgência do agora” – Luther King é bom para a Humanidade

Na última terça-feira, 4 de abril, celebrou-se e problematizou-se...

Red Bulls paga aos adeptos para não insultarem jogadores

Major League Soccer quer limpar o futebol nos EUA...

Ações afirmativas deixarão Defensoria Pública mais democrática

Por Rafael Custódio, Sheila de Carvalho, Silvio Luiz de Almeida e Daniel Teixeira Nesta quinta-feira (23/10),...
spot_imgspot_img

Depois da democracia racial cai também o mito do racismo reverso

A decisão do Tribunal de Justiça de que o racismo reverso não existe é um marco na luta contra a discriminação racial no Brasil....

Trabalho indecente

A quantidade de gente que se encontra em condições análogas à escravidão ou submetida a trabalho forçado no Brasil é (além de um escândalo) evidência de...

Chacina na Bahia faz 10 anos como símbolo de fracasso do PT em segurança

A chacina do Cabula, que matou 12 jovens negros com 88 disparos em Salvador, completou dez anos na semana passada sendo um símbolo do...
-+=