Preto Zezé: resistência, racismo, periferia, cultura, estigmas e empoderamento

Uma conversa de Preto Zezé das Quadras, presidente da CUFA, com os estudantes de jornalismo num trabalho realizado para a disciplina de Laboratório de Telejornalismo da Universidade Federal do Ceará.

Por Maria Frô, do  Maria Frô 

Produzido por Lia Mota, Marina Holanda, Samuel Quintela e Ingrid Coelho.

Zezé conta de sua adolescência, da exclusão, do ambiente de profundo estigma, do amor materno, dos sonhos de meninos de periferia, de sua trajetória de menino negro num ambiente de extrema violência de lavador  de carro à sua politização.

Eu gostaria de ter tempo para transcrever toda esta provocante entrevista. Fico pensando também todas as vezes que ouço o que vale a pena se este debate estivesse de fato presente na TV Brasileira se não teríamos conseguido construir outra sociedade.

Destaco algumas falas das riquíssimas provocações deste intelectual orgânico das quadras de Fortaleza:

“O racismo no Brasil é tão eficaz que os pretos não sabem nem que são pretos.”
“Enquanto a sociedade e o Estado exclui os jovens negros, o crime inclui em larga escala”

Ou falando sobre a sofisticação do racismo brasileiro na letalidade, lembrando as teses do Brasil miscigenado e o Brasil da ‘democracia racial’, considerando que o Brasil tem 50% de negros, 70% dos jovens assassinados por arma de fogo são negros, Preto Zezé dispara:

“Ou a polícia mata preto porque é racista ou as balas gostam de nós. Só pode ser isso, se o Brasil é misturado por que a maioria dos jovens assassinados são negros? Olha como o racismo no Brasil é sofisticado, se somos misturados, como é que o diabo da bala enxerga mais os escurinhos?”
“No movimento social, quantas lideranças negras vocês conhecem? A maioria das lideranças dos movimentos sociais são de homens brancos. Se o movimento social de esquerda está assim, imagina nos centros de poder”

Vale a pena ouvir os 40 minutos desta entrevista. Reserve tempo.

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