Primeira a ser vacinada é mulher, negra e enfermeira do Emílio Ribas em SP

A primeira pessoa escolhida para tomar a Coronavac, vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria, no Brasil, com o Instituto Butantan, é mulher, negra e enfermeira. Ela receberá o imunizante depois que a Anvisa aprovar o seu uso emergencial. Será a primeira, fora dos ensaios clínicos, a ser vacinada.

Mônica Calazans tem 54 anos e trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. A instituição é referência no tratamento de doenças infecciosas. Ela deu plantão neste domingo (17) na UTI do hospital.

A enfermeira foi imunizada minutos depois do aval da agência sanitária, numa estratégia do governador de São Paulo, João Doria, de aplicar a primeira vacina antes do governo de Jair Bolsonaro. O presidente da República tentou importar às pressas a vacina desenvolvida por Oxford/Astrazeneca da Índia para se antecipar a Doria. Mas o país não permitiu a exportação.

Do grupo de risco, ela é obesa, hipertensa e diabética.

Ainda assim, em maio, no auge da chamada primeira onda da epidemia do coronavírus no estado, decidiu se inscrever para as vagas de enfermagem abertas no regime de CTD (Contrato por Tempo Determinado). E escolheu o Emílio Ribas para trabalhar.

Mônica mora em Itaquera, na zona leste da capital paulista, e trabalha na UTI em dias alternados, em escalas de 12 horas. O setor tem 60 leitos exclusivos para pacientes de Covid-19.

A enfermeira trabalhou como auxiliar de enfermagem por 26 anos e decidiu fazer faculdade numa fase já madura. Se formou aos 47 anos.

É viúva e mora com o filho, de 30 anos. Ainda cuida da mãe, que tem 72 anos e vive sozinha em outra casa.

Minuciosa nos cuidados, ela evitou até agora a contaminação pelo novo coronavírus e preservou também os dois familiares do risco da doença.

Mesmo assim, a Covid-19 chegou perto: segundo informação dada pela assessoria do governo de SP, um irmão da enfermeira ficou internado por 20 dias para se tratar da doença. Ele tem 44 anos.

Mônica diz que tem em mente “sempre que não posso me abater porque os pacientes precisam de mim, por isso tenho sempre uma palavra de positividade e de que vamos sair dessa situação. O que me ajuda também é o prazer que sinto com o meu trabalho”.

A enfermeira afirma que a vacina fará finalmente o Brasil sair das trevas.

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

+ sobre o tema

Cate Blanchett ataca a desigualdade salarial entre homens e mulheres

A atriz, ganhadora de dois Oscar e mãe de...

ONG pede a governos para acabarem com “testes de virgindade”

A organização Human Rights Watch instou, esta terça-feira, os...

O racismo como fator de risco na violência contra a mulher

A coordenadora do Observatório Pop Negra da Universidade de...

Fundação Palmares e Secretaria da Igualdade Racial são temas de audiência da CDH

  Os 25 anos da Fundação Cultural Palmares (FCP) e...

para lembrar

spot_imgspot_img

Prêmio Faz Diferença 2024: os finalistas na categoria Diversidade

Liderança feminina, Ana Fontes é a Chair do W20 Brasil, grupo oficial de engajamento do G20 em favor das mulheres. Desde 2017, quando a Austrália sediou...

Dona Ivone Lara, senhora da canção, é celebrada na passagem dos seus 104 anos

No próximo dia 13 comemora-se o Dia Nacional da Mulher Sambista, data consagrada ao nascimento da assistente social, cantora e compositora Yvonne Lara da Costa, nome...

Mulheres recebem 20% a menos que homens no Brasil

As mulheres brasileiras receberam salários, em média, 20,9% menores do que os homens em 2024 em mais de 53 mil estabelecimentos pesquisados com 100...
-+=