A performance cosplay de heróis negros nos corredores e escadarias da estação da Lapa atraiu olhares curiosos. A ação integra a programação da 1ª edição da Ocupação Afro Futurista, uma iniciativa fruto de parceria entre a Aceleradora Vale do Dendê e do Instituto Mídia Étnica (IME), com patrocínio da organização Seja Digital.
O encontro tem atividades até a próxima sexta-feira, 11, com debates e palestras com representantes nacionais e internacionais das ciências, tecnologia, negócios e artes.
Com ampla programação, o evento surge em meio ao processo de fortalecimento de projetos para o desenvolvimento da cidade em aspectos tecnológicos, com destaque para o trabalho de makers – pessoas que elaboram o próprio projeto ou pesquisa –, e também para artistas que atuam nas periferias de Salvador.
Para Rosenildo Ferreira, cofundador da Aceleradora Vale do Dendê, o evento tem a dinâmica da preocupação com a cultura e valorização de projetos locais. “Serão quatro dias de debates e palestras para mostrar como os jovens negros estão produzindo tecnologia com foco nas necessidades sociais”.
De acordo com um dos diretores do Instituto Mídia Étnica, Rosalvo Neto, o evento surge como oportunidade para discutir de forma ampla o passado e o futuro direcionados a aspectos tecnológicos e culturais.
“Escolhemos a Lapa, pois é um lugar de grande circulação e tem uma diversidade de raça e gênero. Então, a proposta é justamente atrair as pessoas e mostrar que o jovem negro pode participar de áreas de ciência e tecnologia”.
“Partícula de Deus”
Um dos pontos altos do evento é a participação do astrofísico Antônio Copete, pesquisador na Universidade Harvard e integrante da Nasa, no último dia do evento. “Ele vai falar sobre como a educação e o estímulo à ciência podem ajudar jovens a seguirem o mesmo caminho que ele”, conta Rosalvo.
Antônio Copete participou da equipe que descobriu a “partícula de Deus”. Afro-latino de descendência colombiana, nascido numa comunidade excluída, o astrofísico, desde muito jovem, destacou-se pelo interesse em matemática.
O evento conta, também, com a presença do coletivo Fa.Vela (Belo Horizonte), o Preta.Lab (Rio de Janeiro) – que trabalha com inclusão de mulheres negras e indígenas na tecnologia –, da jornalista Maíra Azevedo, a Tia Má, do executivo de negócios Paulo Rogério e da fotógrafa Helemozão.
Além dos shows de Japa System, Ana Dumas, AfroBapho e Àttooxxá, o evento traz vídeo mapping com VJ Gabiru e oficina de stop-motion e vídeo com dispositivos móveis.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira