De tempos em tempos, somos presenteados com algumas figuras que parecem escolhidas a dedo pelos deuses para chocar e encantar o mundo. Seja por desafiarem paradigmas ou padrões, seja por inovarem a trajetória da humanidade ou simplesmente por serem brilhantes.
Por Maurício Pestana Enviado para o Portal Geledés
Elas despontam em lugares diversos, como nas artes e até na política. Seja na figura de um pastor nos Estados Unidos lutando por igualdade entre negros e brancos, de um carpinteiro na Judeia à espera de um messias ou no corpo franzino de um homem na Índia que pregava uma guerra contra o imperialismo inglês sem violência.
Em 1958 nasceram duas estrelas pops que definitivamente fazem parte desta constelação de pessoas que sempre pareceram estar muito a frente do seu tempo: Michael Jackson e Prince. Este último nos deixou no 21 de abril, aos 57 anos, e entrou para a galeria de imortais junto com o rei do pop.
Cantor, compositor, produtor, dançarino e multi-instrumentista. Prince foi um artista completo, eclético e que nunca se acomodou na figura de um ícone pop. Crítico voraz da indústria fonográfica, chegou a trocar seu nome artístico por um símbolo, após uma de suas muitas brigas e disputas com as gravadoras e passou a lançar seus álbuns de maneira independente.
Não diferente de outros fenômenos da música, passou por altos e baixos ao longo de sua carreira e também foi alvo de muita polêmica: controverso, excêntrico, com um estilo único, brincava com as barreiras da sexualidade em suas letras provocativas.
Em uma época em que parecemos viver um retrocesso da humanidade, na qual torturadores são homenageados em voto no Congresso Nacional ou que "bonita, recatada e do lar" torna-se se exemplo de boa conduta e comportamento, a morte do artista negro norte-americano não será apenas uma grande perda para a música, a ousadia e singularidade de Prince certamente também farão falta nesse mundo cada vez mais careta e conservador.