Professora de curso técnico do Instituto Federal do Norte de Minas é denunciada por injúria racial

Boletim de ocorrência foi registrado por aluno e caso será investigado; segundo instituto, professora é concursada e já foi denunciada pelo mesmo crime em 2017.

Por Juliana Peixoto, G1

Reprodução/ Site Oficial

A conduta de uma professora será apurada depois que um aluno do terceiro ano do Curso Técnico de Informática do Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG) registrou um boletim de ocorrência por injúria racial, em Montes Claros, e procurou a coordenação do curso integrado ao Ensino Médio. De acordo com o Diretor-Geral do Campus, a professora é concursada e já foi denunciada pelo mesmo crime em 2017. O processo administrativo para investigar a denúncia foi instaurado no início da tarde desta quarta-feira (15).

Por telefone, o diretor explicou ao G1 o que constou no boletim de ocorrência. “Em função do sol, os alunos decidiram o lado que jogariam na quadra com a brincadeira de ‘par ou impar’. E quando o aluno negro perdeu, a professora disse que a natureza era justa por ter mandado os negros para a África, onde tinha sol, e os brancos para onde não tinha sol; houve uma discussão, que continuou com comentários políticos, e os alunos oficializaram o fato, tanto na Polícia Militar quanto na coordenação do curso.” O diretor disse ainda que o instituto irá ouvir todos os envolvidos, incluindo as testemunhas. A ocorrência foi registrada na quinta-feira (9).

Na primeira vez que a professora foi denunciada uma sindicância também foi instaurada. Na época, uma aluna se sentiu ofendida por comentários racistas e aceitou a retratação formal da professora, e o procedimento foi finalizado, segundo o diretor.

“É preciso ressaltar que esta postura não condiz com a Instituição nem com os demais professores que trabalham pautados pela inclusão, equidade e respeito a todos. Foi um fato isolado e que nós iremos apurar. Lamentamos muito o ocorrido”, concluiu.

O G1 não conseguiu localizar a professora para ouvir a defesa dela.

Nota de Repúdio
O Núcleo de estudos, pesquisa e extensão afro-brasileiros e indígenas (NEABI), do Instituto, escreveu uma nota de repúdio. No documento, o núcleo diz que ‘o caso representa a infeliz realidade, diária, vivida por grupos socialmente excluídos em nossa sociedade; vivência que torna os espaços públicos, inclusive o ambiente educacional, ainda permeado pelo desrespeito à diversidade e o ódio classista e racista que remonta a estrutura social, perversa e histórica dos 300 anos de escravidão deste país (…)”.

O documento também ressalta a atitude do aluno, que “rompeu o silêncio que envolve o racismo, o preconceito e a discriminação raciais que imperam nas instituições educacionais (…)”.

A nota finaliza dizendo que o “NEABI repudia quaisquer manifestações racistas e preconceituosas e reafirma seu compromisso com a liberdade e diversidade (…)”.

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