Lucimar Dias, de 53 anos, diz que foi abordada por três funcionários do estabelecimento após sair de mercado. Empresa afirma que não compactua com ‘qualquer forma de discriminação’ e que está averiguando os fatos.
No G1

A professora universitária Lucimar Dias, de 53 anos, fez um boletim de ocorrência por racismo após ser acusada de furto depois de fazer compras em um mercado de Curitiba.
O caso aconteceu no sábado (7). Lucimar disse que, logo após sair do local, foi parada por três funcionários do Emporium Rei do Queijo, acusada do crime. Durante a compra, a professora usou uma ecobag, onde guardou os itens até passar pelo caixa do local.
“Eles viram a minha cor. Eles viram uma mulher preta fazendo compra com a ecobag. Para eles, não poderia ser uma mulher que pensa no meio ambiente, só podia ser uma ladra”, disse.
Abordagem
A professora afirmou que sempre usa ecobags para realizar compras e que em nenhum momento foi avisada para não guardar os itens dentro da sacola ecológica enquanto estava no mercado.
Quando já estava na rua, a cerca de duas quadras do local, Lucimar disse que foi parada por três homens, que a acusaram do furto.
“Eles não me pediram nada. Eles chegaram me acusando, falando que um cliente tinha feito a denúncia, que tinham visto imagens nas câmeras, mas se eles tivessem realmente visto estas imagens, saberiam que eu tinha pago pelas compras”, disse.
Segundo Lucimar, os três funcionários ameaçaram chamar a Guarda Municipal de Curitiba caso ela não devolvesse os produtos.
“Eu até olhei as minhas coisas e conferi o ticket para ter certeza que não tinha acontecido nenhum engano. Foi algo muito agressivo”, afirmou.
De acordo com a professora, que dá aula no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ela voltou ao local para falar com o gerente, que não pediu para verificar as compras ou o cupom fiscal dela.
“Esse tipo de situação é recorrente com pessoas negras. Já passei por inúmeras situações, mas em nenhuma delas neste nível, a ponto de ser perseguida, coagida”, afirmou.
O que diz a empresa
A Emporium Rei do Queijo afirmou em nota que “não compactua e jamais compactuou com qualquer tipo de preconceito ou discriminação” e que repudia qualquer atitude de racismo.
A empresa afirmou que está “averiguando todas as circunstâncias juntamente com seus funcionários para municiar as autoridades competentes para que se esclareçam todos os fatos”.
O estabelecimento afirmou que seus funcionários são treinados e orientados, e que se for comprovada alguma atitude que não tenha seguido estes procedimentos “serão tomadas todas as medidas com os envolvidos”, visando manter o relacionamento com os clientes.
Segundo a Polícia Civil, o caso está sendo investigado. A polícia afirmou que os suspeitos de racismo ainda serão ouvidos.