PSOL cogita Áurea para 2018

Chico Alencar, que desistiu de encabeçar chapa, indica vereadora de BH para disputa à Presidência

Por Bernardo Miranda

A vereadora de Belo Horizonte Áurea Carolina (PSOL) será indicada como um dos nomes para disputar a Presidência da República pelo partido, em 2018. A recomendação de Áurea partiu do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ). Ele era o nome de consenso da legenda para a disputa ao Planalto, mas desistiu de encabeçar a chapa e irá se candidatar a uma das vagas ao Senado, pelo Rio de Janeiro. Além da vereadora belo-horizontina, são cotados para a indicação o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, e o professor de Economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Nildo Ouriques.

Segundo Chico Alencar, o sucesso da campanha realizada em Belo Horizonte pelo PSOL, em 2016, fortalece a escolha pelo nome da parlamentar mineira. Áurea foi a vereadora mais votada, com 17 mil votos, e o partido conseguiu duas cadeiras na Câmara Municipal. “A campanha na capital mineira foi extremamente criativa e alcançou resultados exemplares. Esse histórico faz com que a indicação de Áurea seja viável. Ela também agregaria na questão da representatividade, por ser mulher e negra”, explicou.

Áurea Carolina recebeu a possibilidade de indicação para a disputa à Presidência com surpresa, mas comemorou o reconhecimento do que tem sido realizado na capital.

“É um sinal de que nosso trabalho está tendo visibilidade. Também que o fenômeno das eleições em Belo Horizonte foi nacionalmente reconhecido. Foi um importante esforço, de uma construção coletiva, para mudar os corpos das pessoas que ocupam o espaço do poder, dando representatividade às mulheres, às mulheres negras”, afirmou.

Áurea destacou que ter uma mulher negra disputando o posto mais alto do poder político vai além da garantia de representatividade. “Significa que haverá um comprometimento com políticas públicas para redução das desigualdades e de um real trabalho democrático para participação de todos nesse processo”, disse.

Prioridade. O deputado Chico Alencar explicou que decidiu deixar a disputa pela Presidência para aumentar as chances de o PSOL ter um maior número de representantes no Poder Legislativo. Segundo o parlamentar, essa é a prioridade do partido nesse momento e, por isso, não seria viável sacrificar um candidato com chances de ser eleito para o Congresso em uma disputa no Executivo.

“A nossa prioridade é continuar com bancadas fortes no Legislativo. A Presidência está no vértice desse processo de fortalecimento das bancadas, mas a gente sabe que nós não temos ainda uma potência, nacionalmente, para uma disputa ao Executivo”, disse.

Por esse motivo, os nomes que estão sendo cogitados para a candidatura do PSOL estão com quadros que não ocupam cargos no Congresso atualmente. No caso de Áurea, ela poderia se candidatar ao cargo de presidente sem perder a vaga na Câmara Municipal.

Embora também tenha sido citado como opção do PSOL, Guilherme Boulos ainda não é filiado ao partido. Além disso, a negociação para sua candidatura depende da disposição de Boulos de enfrentar o ex-presidente Lula, a quem é muito ligado. Oficialmente, o único pré-candidato do PSOL é o professor Nildo Ouriques.

Senado

Consulta. Chico Alencar diz que a decisão de tentar o Senado foi tomada depois de ampla pesquisa, em que foram ouvidas mais de 40 mil pessoas. O resultado foi que o Legislativo era a melhor escolha.

Vereadora defende consulta democrática

Apesar da indicação de seu nome para a candidatura à Presidência, a vereadora Áurea Carolina (PSOL) destaca que o mais importante não é o nome a ser escolhido, mas a construção de uma plataforma política realizada com consulta democrática.

“Seria importante construir os melhores caminhos de uma agenda programática com amplo diálogo com as forças populares, para que a consolidação de nomes venha sustentada com práticas transformadoras para fazer do país um lugar mais justo”, afirmou.

O único pré-candidato oficial do PSOL, o professor de Economia da UFSC, Nildo Ouriques, defende que as eleições de 2018 vão colocar o partido como protagonista no campo da esquerda. “Acredito que teremos uma janela de oportunidade de crescimento. E defendo que a discussão de quem será o candidato seja feita de forma democrática, por prévias, e não por uma escolha da direção do partido”, disse.

Minientrevista

Áurea Carolina

Vereadora de Belo Horizonte 

Como você recebe a notícia de que é um dos nomes cogitados para a disputa à Presidência pelo PSOL? Fico muito feliz e honrada de saber que o Chico Alencar indicou meu nome. Isso é fruto de uma construção coletiva, da importância do processo político que aqui foi vitorioso, com o movimento Muitas que possibilitou a minha eleição. Diz também da representatividade das mulheres negras no espaço de poder.

Na campanha em Belo Horizonte houve uma participação popular forte na definição dos candidato e das propostas defendidas. É possível repetir o modelo na Presidência? O modelo adotado aqui não pode simplesmente ser copiado para a Presidência, mas certamente ele serve de inspiração para a construção de um sistema com ampla participação popular. É importante que haja prévias para escolha do candidato e que haja uma colaboração da sociedade na formulação de nossas propostas.

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