Quando a morte bate na porta de meu vizinho

É desanimador ter que acordar com a notícia de que a facção rival veio na tua área, matou dois e feriu mais cinco, todos moradores e nenhum bandido.

Por Bruno Rico, no Mamapress

É mais desanimador ainda quando você fica sabendo que um dos mortos era um pai que levava seu filho de 4 anos pra comer batata fritas, e no meio do tiroteio esse pai abraçou seu filho para protegê-lo das balas, e de fato ele protegeu, mas faleceu, e a criança ainda está no hospital por conta de estilhaços. E é extremamente desanimador quando você vê que isso não foi notícia expressiva, afinal, é guerra de pobre, guerra de preto, é melhor deixar que eles se matem, não dá mídia, poucos se interessam.


Eu poderia fazer um baita texto sobre isso, mas falta-me energia e ânimo. Só sei que seguimos numa guerra que não é nossa, matando com uma arma que não foi feita pela gente, guerreando por uma droga que não foi feita aqui, votando em um engomadinho que não sabe nada de favela – e ainda quer falar por ela. Mas tem uma coisa que é muito nossa: o sangue que segue escorrendo.

Ato na Central do Brasil contra o genocídio da juventude negra-foto José de Andrade
Ato na Central do Brasil contra o genocídio da juventude negra-foto José de Andrade

“Aqui vale muito pouco a sua vida
a nossa lei é falha,
violenta e suicida.
Se diz que, me diz que, não se revela
parágrafo primeiro
na lei da favela. Legal…
O assustador é quando se descobre
que tudo deu em nada
e que só morre o pobre.
A gente vive se matando, irmão, por quê?”

+ sobre o tema

Neuza Borges reclama de racismo na TV

A consagrada atriz, que já fez grandes novelas, hoje...

Ebook – Violência Racial

               ...

Grupo protesta contra proibição de ‘black power’ em escola de Santos

Estudante não conseguiu fazer rematrícula por conta do cabelo. Colégio...

para lembrar

Entidades denunciam na OEA redução da idade penal

Petição de organizações brasileiras acusa Eduardo Cunha de "abuso...

Violência matou mais de 15 mil jovens no Brasil nos últimos 3 anos

Nos últimos três anos, mais de 15 mil crianças...

Governo da Bahia adota cotas raciais em concursos públicos

A partir de agora os concursos estaduais e os...

Bennetton cria Campanha contra a ‘cultura do ódio’

Campanha lançada pela United Colors of Bennetton nesta quarta-feira...
spot_imgspot_img

Cinco mulheres quilombolas foram mortas desde caso Mãe Bernadete, diz pesquisa

Cinco mulheres quilombolas foram mortas no Brasil desde o assassinato de Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, em agosto do ano passado. Ela era uma das...

Independência forjou nação, mas Brasil mantém lugares sociais de quem manda

Em pleno dia em que celebramos a independência do Brasil, vale questionarmos: quem somos enquanto nação? A quem cabe algum direito de fazer do...

Os outros

O que caracteriza um movimento identitário é a negação de princípios universais somada à afirmação de um grupo de identidade como essencialmente diferente dos "outros" e...
-+=