Quatro jovens de um novo Brasil

por: Élio Gaspari

Três deles vivem em favelas e um tem o amparo do Bolsa Família, mas todos serão engenheiros

AQUI VAI CONTADA uma história indicativa de que está raiando uma nova elite no horizonte de Pindorama. É o caso do encontro das vidas de quatro jovens com um dos maiores empresários do país. Os detalhes que permitiriam identificar os personagens estão omitidos. Pode ser frustrante, mas estimula a imaginação. Afinal, uma história dessas pode acontecer com mais gente, em muitos lugares, basta querer.

Conversando com o reitor de uma grande (e caríssima) universidade, o empresário perguntou-lhe como poderia ajudar alguns bons estudantes de engenharia. Feita uma seleção, decidiu custear quatro cursos, cobrindo as anuidades e pequenas despesas pessoais, mais um laptop para cada um.

As histórias dos jovens:

O aluno de ciência da computação veio de uma escola de ensino profissionalizante e no primeiro ano do curso conseguiu notas superiores a nove em duas matérias. Mora num porão de loja num subúrbio, com a mãe diarista, o pai desempregado e um irmão estudante da rede pública. Recebem ajuda do programa Bolsa Família.

A aluna do curso de engenharia, filha de um garagista, mora numa favela (“fábrica de produzir marginal”, como disse o governador Sérgio Cabral em outubro de 2007, ao defender o aborto como instrumento de redução da criminalidade). A moça trabalha num projeto de biodiesel, tem um irmão no último ano do ensino médio e os dois são instrumentistas na orquestra da comunidade.

Na mesma favela, vive a estudante que se encaminha para a especialização em engenharia química. A mãe, doente, nunca trabalhou. O pai é porteiro. Ela veio de uma boa escola pública e tem cinco anos de curso de espanhol. Será engenheira química e fez um estágio na Petrobras.

A quarta já foi convidada por três professores para ser monitora. Está no último dos cinco anos de um curso de francês para o qual foi a primeira colocada no exame de seleção. (Teve bolsa integral.) Ela também se formará em engenharia química. Vive com a mãe num quarto alugado de favela, sem ajuda do pai.

A conta dessa magnífica iniciativa ficará em R$ 130 mil anuais.
A intervenção do empresário facilitou a vida dos quatro, mas eles estão onde estão porque, quando parecia que lhes faltava tudo, tiveram o estímulo da família.

Fonte: Folha de São Paulo

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