Segundo a polícia, caso aconteceu no último sábado (15), em Três Lagoas (MS). Jovem disse que chegou a vender R$ 200 de produtos antes de ser dispensada por empresário.
Por Flávio Dias no G1
O que era para ser uma oportunidade de emprego acabou em pesadelo para o casal Jose Wellington Honorato dos Santos de 37 anos e Jaqueline Torres Barbosa de 25, após ela perder o emprego, que segundo a jovem, seria por conta da cor da pele do marido. O fato aconteceu no último sábado (15), na cidade de Três Lagoas, a 325 km de Campo Grande.
De acordo com Jaqueline, há seis meses, ela estava a procura de um trabalho e ao distribuir currículo em várias lojas da cidade, foi entrevistada por telefone e começou a trabalhar no último sábado, com planos de contratação já para o próximo ano, mas, foi dispensada no mesmo dia.
“Eles me ligaram e fizeram algumas perguntas. Eu estava sem minha bicicleta e meu marido foi me levar. Chegamos de mão dadas lá e o dono já começou a olhar diferente para ele. Eu trabalhei, vendi uns R$ 200 e aí ele me chamou e disse: Quem é aquele crioulo preto, é seu pai ou esposo?”, lamenta.
Jaqueline ainda conta que o homem a dispensou justamente pela cor da pele do marido e pediu para pegar seus pertences e ir embora.
“Eu fiquei sem chão, achei tão estranho pois ele falou para eu pegar minhas coisas porque não iria precisar mais. Isso tudo foi depois desse comentário que ele fez do meu esposo. No local nem água tinha para os funcionários, a gente tinha que levar de casa”, explica ao G1.
Segundo José, que é rapper e trabalha com vendas de produtos de limpeza, ele ficou surpreso com a atitude do empresário e decidiu ir ao local, fez um vídeo e registrou a abordagem ao tirar satisfação com o empresário que o ofendeu para sua esposa.
“Se eu fosse na minha atitude de homem ir lá e quebrar a cara dele eu iria perder a razão, mas eu sendo vítima, iria acabar sendo autor. Ele sabia da situação da minha esposa e eu o questionei porque ele a dispensou depois de perguntar se eu era pai ou esposo dela e ainda me chamar de preto crioulo. Eu não pensei duas vezes e procurei a polícia”, relembra.
O G1 entrou em contato com o proprietário, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno. O caso foi registrado na 3º Delegacia de Polícia de Três Lagoas como praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça e cor.