Rabino visita Lula e destaca a força do ex-presidente

“Ele falou que se arrepende de não ter dado continuidade a essa grande mudança que fez no Brasil”, diz Jayme Fucs Barboza após o encontro em Curitiba

Do Agência PT de notícias

 

Joka Madruga/Agência PT

O ex-presidente Lula recebeu nesta segunda-feira (17) a visita religiosa do rabino Jayme Fucs, com quem falou sobre o dia do Yom Kipur. A data será comemorada pela comunidade judaica nesta terça (18), como dia do perdão ou da reconciliação. “Ele falou que se arrepende de não ter dado continuidade a essa grande mudança que fez no Brasil, principalmente para a classe trabalhadora, para os pobres e desamparados”, afirmou Barboza.

Acompanhado da fundadora do Instituto Lula, Clara Ant, o rabino afirmou em entrevista que “o sonho do Lula é ainda voltar e cumprir o legado que ele mesmo falou que tem que ser cumprido, de trazer ao povo brasileiro, especialmente ao povo humilde, trazer esperança”.

“Ele sente que poderia ter feito muito mais em seus 8 anos. Principalmente para a classe pobre”, acrescentou Fucs, destacando também que o ex-presidente é um exemplo de força.

“O Lula é uma pessoa muito forte, impressionante a força que ele tem. Na situação que ele está, isolado em uma cela, tem uma força enorme. Ele sabe que não está sozinho, estão com ele naquela cela simbolicamente milhões de brasileiros.”

O rabino ainda destacou que sua visita foi principalmente espiritual, com a finalidade de dar mais conforto a Lula, mas também serviu para desmistificar certos preconceitos. “Para mim foi uma felicidade ter encontrado Lula, escutar o que ele pensa do povo judeu, de Israel.”

Mensagem à nação brasileira, aos que se encontram injustamente encarcerados e ao Presidente Lula aqui detido

Nós, integrantes da comitiva que acompanha o Rabino Jayme Fucs, pertencemos a um povo que sofreu os horrores da guerra que escandalizou o mundo e impulsionou a criação de um marco legal internacional de promoção e proteção aos Direitos fundamentais da pessoa Humana, pela ONU.

Nós, judeus aqui reunidos, religiosas e religiosos, profissionais de várias áreas e eleitores de diferentes candidatos, estamos aqui porque não nos conformamos que mais de 70 anos depois da Declaração da ONU, os direitos humanos sejam desrespeitados em nosso país.

No calendário judaico o dia de hoje se encontra entre o ano novo e o dia do perdão, o yom kippur. Este é um momento fundamental de reflexão, tanto de avaliação do ano que passou, quanto de engajamento em relação ao ano que está por vir. A presença do ódio e da injustiça marcou o ano que passou. Reconhecendo e condenando isto, viemos aqui impelidos pela afeição que temos pela paz, Shalom.

Shalom para nós supõe liberdade. É muito mais do que não ter guerra. A paz, Shalom, é a harmonia entre a nossa liberdade, os nossos desejos e os direitos de todos os seres humanos, entre si e com a natureza. Um destes direitos é o de poder ser julgado com isenção, e de não ser privado da liberdade enquanto todos os recursos legais não tenham sido esgotados. Por isso visitamos hoje o Lula, que simboliza as muitas injustiças e milhares de pessoas lotando prisões sem ver seus processos julgados até o fim. Simboliza também os atos de arbitrariedade provocados por desejo de vingança e perseguição política.

Nossa história alerta para o que acontece com condenações arbitrárias, como foi o caso de Wladimir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, falsamente delatado, preso, torturado e morto. O mesmo aconteceu com Olga Benário, grávida, e entregue pelo STF, aos nazistas alemães para morrer nos campos de concentração. Recuando mais no tempo, vale lembrar de Alfred Dreyfus, capitão do exército francês, injustamente acusado e condenado por traição. Tantos jovens judeus, – Iara Iavelberg, Chael Charles Schreier, Rosa Kucinski, Pauline Reichstul entre outros – também presos injustamente e mortos, porque desejaram que nossa pátria brasileira fosse um lugar de democracia, liberdade e paz.

Visitamos o cidadão Lula sabendo que podemos sofrer críticas. Isso não importa tanto quanto o nosso dever e vocação de promover Shalom, a harmonia, a possibilidade que os conflitos e diferenças possam ser neste ano que se inicia trabalhados democraticamente, sem uso da violência, da privação dos direitos e da injustiça.

Ao desejar ao Lula, desejamos a todos e todas um shaná tova, um ano de paz, chatimá tová, que sejamos inscritos no livro da vida de um país mais justo e livre.

 

Uma das preces diárias dos judeus diz:

“bendito sejas tu, eterno, nosso deus, rei do universo,

que dás liberdade aos prisioneiros”.

 

Curitiba 17 de setembro de 2018

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