Racismo: adolescente negro é chamado de ‘macaco’ durante jogos estudantis no Acre e governo suspende escola de competição

Em nota, a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes afirmou que preconceito não será tolerado

FONTEO Globo, por Thayssa Rios
Portal Geledés

Um aluno negro de 15 anos foi vítima de racismo, no último sábado, durante a disputa de uma partida de vôlei, válida por uma competição de jogos estudantis no Acre. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o adolescente, que estuda no Instituto Águias do Saber, é chamado de “macaco” por garotos do colégio rival. O caso acontece na esteira dos recentes episódios sofridos pelo astro brasileiro Vinícius Jr. no campeonato espanhol, e se replica num ambiente que deveria ser de aprendizado. Com a repercussão das imagens, a escola presbiteriana em que os agressores estudam acabou suspensa do evento e a “atitude antidesportiva contra o atleta da outra equipe” foi repudiada pela Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes do Acre (SEE).

Após a divulgação do vídeo, membros dos colégios e internautas mostraram revolta pelas atitudes racistas e os gestos ofensivos exibidos na imagem. As acusações são de que o adolescente do time da Águias do Saber teria sido chamado de “macaco” por outros alunos e torcedores do colégio presbiteriano João Calvino. Nas redes, muitos recordaram o último episódio sofrido por Vini Jr. Assim como o jogador brasileiro do Real Madrid, o jovem atacado aparece nas imagens indignado com os insultos e tenta reagir, mas acaba contido por outros colegas de quadra.

Aluno do colégio Águias do Saber, no Acre, sofre ataques racistas em jogos estudantis Reprodução/Twitter

A Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes suspendeu o colégio e divulgou uma nota de repúdio:

“Mediante vídeo que mostra alunos e torcedores da Escola João Calvino praticando atitudes racistas e antidesportistas contra um atleta da equipe da Escola Águias do Saber, comunica que a Escola João Calvino está suspensa dos Jogos Estudantis 2023 em todas as modalidades, a partir desta data (28 de maio). Não será tolerado qualquer ato de racismo ou preconceito. Essa competição possui, acima de tudo, um caráter pedagógico. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos, devem ter comportamentos e práticas desportivas pautadas em princípios éticos e sociais, em que prevaleçam o respeito, a inclusão e a igualdade”, publicou no Instagram assinado pelos secretários Aberson Carvalho e Antonio Carlos Gouveia.

O posicionamento da secretaria foi destacado pelo colégio do aluno vítima de racismo, que acrescentou em comunicado que “os jogos tem uma relevância imensurável na vida dos jovens” e que “a escola apoia e estimula a prática esportiva. Por uma sociedade de mais amor, empatia e menos preconceito”. O colégio presbiteriano, por sua vez, ainda não se posicionou publicamente.

O GLOBO procurou a Polícia Civil do Acre para saber se o caso é investigado, mas ainda não houve retorno.

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