Joseph Blatter errou feio mais uma vez – e foi duramente criticado por isso, especialmente na Inglaterra. No início da manhã, ao escrever em seu Twitter, de 179 mil seguidores, o suíço, presidente da Fifa, relevou a questão racismo no futebol ao dizer que às vezes, “no calor do jogo, os profissionais dizem coisas erradas, “mas isso não significa que haja racismo no futebol”. O mundo desabou ao redor de Blatter, com toda razão: o presidente de uma entidade que espalha faixas com mensagens contra o racismo nas competições não pode relevar o assunto desta maneira. A bobagem do suíço repercutiu logo.
Blatter foi tão bombardeado (para usar a linguagem bélica tão ao gosto de algumas grandes nações) que divulgou nota oficial com uma espécie de retratação.
– Dei algumas entrevistas hoje – disse – onde falei entre outras coisas sobre nossa luta contra o racismo. Racismo e qualquer tipo de discriminação não têm espaço no futebol. Já falei isso várias vezes antes e direi isso de novo e de novo.
Não adiantou.
Também pelo Twitter, o zagueiro Rio Ferdinand, da seleção inglesa e do Manchester United, rebateu com a firmeza de quem está habituado a enfrentar grandes atacantes:
– Joseph Blatter, para dizer o que disse, mostra o quão ignorante você é neste assunto.
Perfeito.
As declarações de Blatter repercutiram ainda mais porque surgiram no mesmo dia em que a Associação de Futebol da Inglaterra abriu processo contra o atacante uruguaio Luis Suárez, do Liverpool, por supostas ofensas raciais contra o zagueiro francês Patrice Evra, do Manchester United, no mês passado. Suárez nega a acusação.
Além disso, os britânicos investigam suspeitas de que John Terry, do Chelsea, teria xingado com ofensas raciais o zagueiro Anton Ferdinand, do Queens Park Rangers, irmão de Rio.
O ministro do Esporte, Hugh Robertson, e o líder do sindicato dos jogadores, Gordon Taylor, pediram a renúncia de Blatter por considerarem imperdoável que um presidente da Fifa dê a impressão de querer atenuar algo tão grave como o racismo.
– Ele está fora de sintonia e de seu tempo – disse Taylor. – Isso passa dos limites. Se há uma pessoa que deveria entender a questão do racismo é o chefe da Fifa, que tem 200 países no mundo, que são tão diversos e têm origens, cores, culturas e credos diferentes. Se ele não está entendendo então precisa sair.
Ferdinand Rios não parou na primeira crítica. Em seguida, acrescentou:
– Seus comentários sobre o racismo são tão condescendentes que são quase risíveis. Se a torcida grita coros racistas, mas aperta as nossas mãos está tudo bem? Eu me sinto estúpido por achar que o futebol estava assumindo um papel de destaque contra o racismo – parece que ele estava apenas calado por um tempo.
Blatter também foi duramente criticado pela imprensa. Ele chegou a ser chamado de cego pelo jornal The Sun.
Fonte: Mario Marcos