Racismo contra Yuki Nakamura

Uma hora isso iria acontecer. Depois que alguns jogadores de futebol começaram a ser negociados com equipes européias, era certeza de que cedo ou tarde, alguns deles iriam sentir na pele o que é discriminação. 

O Japão é um país relativamente fechado aos estrangeiros. Não é fácil a adaptação por aqui, um pouco pela cultura peculiar e também porque os nipônicos conhecem pouco ou quase nada de como são as coisas fora da ilha. Grandes empresas que negociam com o restante do mundo encobrem essa dificuldade do japoneses serem verdadeiramente globais. 

Yuki Nakamura foi negociado com o Ramivska Sobota da Eslovência e retornou recentemente por não mais suportar insultos racistas e preconceitos no país. Ele desbafou em seu blog e foi amparado por Eiji Kawashima, goleiro da seleção que defende as cores de uma equipe Belga e que chegou a chorar quando a torcida da equipe adversária começou a gritar “Fukushima, Fukushima” em alusão ao maremoto que matou centenas e deixou muitos desaparecidos. 

Kawashima diz não aceitar de maneira nenhuma esse tipo de atitude simplesmente porque ele não se sente inferior nem diferente dos ocidentais. Não é loiro de olhos azuis, mas possui outras características, próprias do local onde nasceu. Diz também que todos deviam ser mais rígidos com tudo isso, não aceitando apenas um pedido de desculpas. Cita os casos recentes que aconteceram na Espanha, Itália e Inglaterra e diz que muitos companheiros devem estar sofrendo calados para não criarem problemas com os clubes. 

A esperança e o lado bom disso tudo é que ao retornarem depois de alguns anos no exterior, esses mesmos jogadores podem servir de marco inicial para mudar também algumas atitudes do população japonesa, não muito avesso a entender os estrangeiros. 
Não chegam a gritar cânticos racistas, nem a jogar bananas das arquibancadas. Como tudo por aqui, as demonstrações são discretas e incutidas nas entrelinhas do que escreve a sociedade. 

A esperança é a última que morre. 

 

 

‘Para aguentar o racismo na Europa é preciso ser casca-grossa’, afirma goleiro da seleção japonesa

Fonte: Bonde

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