Racismo e desemprego

Mulheres jovens e negras somam 20% da população fora do mercado de trabalho

Boa formação, cursos extracurriculares, fluência em inglês. Requisitos muito valorizados em qualquer seleção de emprego. Munida do seu currículo, com estas e outras informações, Débora Oliveira, 24 anos, saiu à procura de uma oportunidade em algumas lojas de marcas de roupas famosas. O que deveria ser um belo cartão de visitas, foi na verdade o último item a ser analisado. O motivo? Segundo ela, a cor de sua pele, que, assim como muitas brasileiras, é negra e já passou por situações de racismo ao procurar emprego.

“Em muitos desses lugares, fui tratada com desdém pelos gerentes. Em uma loja, fiquei meia hora em pé esperando só para entregar meu currículo. O gerente só mudou o tratamento comigo quando leu ‘formada pela PUC’ e ‘inglês fluente’, ainda por cima em voz alta e com tom de supresa. Só a partir disso me tratou um pouco melhor”, conta Débora, que lamenta não poder denunciar outras situações semelhantes.

“Acho que por causa da criminalização do racismo as pessoas se contêm mais. E essa forma velada que tem sido bem mais comum hoje em dia é pior porque a gente não tem como denunciar, nem sequer se defender, ou falar nada, porque como vamos afirmar?! O Brasil é muito racista”.

Débora não está sozinha. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o índice de desemprego entre as mulheres negras, entre 18 e 24 anos, é o maior do país, registrando o número de 20% em maio, aumento de 0,4% em relação a abril.

Ainda de acordo com o IBGE, a média de desemprego no país tem ficado entre 6,2 e 6,4%, a menor desde 2002. Ao analisarmos melhor os números, constatamos que as diferenças entre gênero e cor de pele são gritantes: enquanto os homens de pele clara somam 4,2% dos desempregados, as mulheres de pele negra, no geral, somam 9,5% do total das pessoas fora do mercado de trabalho, levando-se em conta todas as faixas etárias.

Rose Oliveira, produtora executiva da empresa de eventos Base Rio, faz coro com Débora e conclui que há falta de políticas públicas mais eficientes, mas que o sentimento de vitimização não ajuda na luta por direitos iguais. “Nós carregamos dois estigmas: ser mulher e ser negra. Mesmo quando há cultura, quando há formação, as negras são preteridas. Faltam políticas públicas, mas não esperem por elas, corram atrás! A coisa é muito grave, não se trata de apenas coincidência”, alerta ela, formada em Comunicação Social e Letras.

Embora ainda falte conscientização popular, quem for vítima de preconceito pode denunciar o caso à Secretaria Especial de Direitos Humanos, através do Disque 100. Basta ligar 100, de qualquer lugar do Brasil, ou enviar um e-mail para [email protected]. No Rio de Janeiro, também há o Disque-Racismo, cujo telefone é (21) 3399-1300.

 

 

Fonte: Bolsa de Mulher

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