O traumático episódio ocorrido nos Estados Unidos no último dia 12 de agosto, onde um manifestante antirracista foi assassinado e dezenas de pessoas ficaram feridas, (por meio de atropelamento) por um dos membros do grupo intitulado – “Supremacistas brancos” é de preocupar.
Por Zulu Araujo Do Revista Raça
Este grupo, representante da extrema-direita norte americana, onde militantes da Ku Klux Klan e neonazistas, dedicam-se de maneira extremada, a cultivar o ódio e a intolerância contra negros, imigrantes, gays e judeus, saiu do discurso para a ação e provocou reações no mundo inteiro.
No Brasil, outro episódio gravíssimo ocorreu na Baixada Santista, São Paulo, um dia antes (11 de agosto) quando mais de uma centena de policiais militares, (muitos fardados e armados) “invadiram” o auditório da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde se realizava uma audiência pública para discutir o Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos de São Paulo, visando impedir a inclusão de quaisquer conteúdos relativos aos direitos humanos no currículo das escolas daquele estado.
Do mesmo modo, exigiram “prosaicamente” para que fosse suprimida a nomenclatura “Ditadura Militar de 64” dos livros escolares e alterada para “Revolução Militar de 64”, além da exclusão de qualquer menção as questões de gênero, no referido plano.
Essas propostas dão bem a medida dos riscos que a democracia está correndo nos tempos atuais, seja no centro ou na periferia das nações. É o racismo e o fascismo unidos, como se fossem cavaleiros do apocalipse, a cavalgar a intolerância e a discriminação mundo afora.
Nos Estados Unidos a sociedade civil democrática, também se manifestou de forma vigorosa, e por meio dos grupos antirracistas foram às ruas e não só expressaram a sua indignação com mais este ultraje aos direitos humanos, como enfrentou, e literalmente “botou para correr” os tais supremacistas, em que pese a morte de um dos seus militantes.
E no Brasil o que fizemos? Ou melhor, o que faremos? É inadmissível que a sociedade brasileira se cale diante dessa violência inominável, onde estudantes e professores, no seu espaço de trabalho e aprendizado, foram chamados de vagabundos, ameaçados e intimidados, por quem constitucionalmente deveria protegê-los.
Isto é o uso escancarado, por parte dos fascistas de plantão, das estruturas de segurança do estado brasileiro para fazerem valer suas posições reacionárias, racistas e fascistas. Não por acaso é esta mesma polícia, segundo dados da Anistia Internacional, é aquela que mais mata no mundo. Ou seja, além da violência endêmica que a Polícia perpetua, querem agora interferir até mesmo no currículo escolar.
Aliás, no quesito direitos humanos, a PM de São Paulo seria reprovada integralmente em qualquer avaliação que fizéssemos. Não nos esqueçamos, que é desta polícia onde temos o maior número de denúncias de orientações racistas para seus comandados a exemplo do ocorrido recentemente na unidade de Campinas, onde um comandante pedia atenção especial a “indivíduos de cor parda e negra” quando das rondas de policiamento.
Enfim, muito mais do que estar atento e forte nesta quadra da história, se faz necessário que todos os antirracistas, democratas e progressistas, se unam e de forma articulada e mobilizadora convoquem a sociedade brasileira para de forma clara e objetiva, conterem esta onda conservadora que avança perigosamente sobre o nosso país.
Toca a zabumba que a terra é nossa!