Racismo: uma dura realidade do futebol mundial

– Fonte:Fanáticos por Futebol –

Neste domingo a partida do Campeonato Brasileiro entre Goiás e Corinthians, no estádio Serra Dourada, colocou mais uma vez em pauta o racismo no futebol. O corintiano Elias, ao final da partida, acusou o atacante esmeraldino Felipe de ter o ofendido, chamando-o de “neguinho”.

O mais preocupante é que esse não é um caso isolado de racismo. Ao longo dos anos diversos jogadores brasileiros e estrangeiros foram vítimas de atos racistas dentro do futebol.

Um dos mais polêmicos aconteceu na Taça Libertadores da América, em 2005, contra o atacante Grafite, que na época atuava no São Paulo. O brasileiro sofreu preconceito dos jogadores do Quilmes, da Argentina, nas duas partidas da competição. Segundo o brasileiro, Leandro Desábato o chamou de “negrito de mierda”. Na ocasião, o argentino foi detido após a segunda partida entre as duas equipes, em São Paulo, e passou dois dias na prisão. Apesar da prisão do atleta, os atos racistas contra Grafite não pararam. Dias depois, a agressão ao brasileiro veio por parte da torcida do Quilmes, que estendeu faixas com palavras de preconceito contra o jogador em uma partida do Campeonato Argentino.

A advertência ao argentino não surtiu efeito, pois cinco meses depois mais um brasileiro foi vítima de racismo. E dessa vez racismo partido de dentro do próprio país. O goleiro Felipe, em setembro de 2005, quando atuava no Vitória, acusou o presidente do rubronegro, Paulo Carneiro, de ter proferido xingamentos racistas contra ele depois de um empate diante da Portuguesa, que culminou no desceso da equipe. O dirigente, na época, foi afastado da direção do clube baiano.

Outro que também já sofreu na pele o racismo foi o meia Carlos Alberto, do Vasco. Ano passado, em uma partida contra o Coritiba, quando atuava pelo Botafogo, o jogador ao sentar no banco de reservas foi chamado de macaco por um torcedor do Coxa. Na ocasião, o atleta prestou queixa contra o agressor.

No entanto, isso não é uma realidade apenas no Brasil. No exterior vários jogadores também são vítimas de racismo. Os brasileiros Roberto Carlos, Juan e Roque Júnior são uma prova disso. O ex-ala da Seleção Brasileira quando vestia a camisa do Real Madrid era constantemente ofendido pelas torcidas adversárias. Os zagueiros Juan e Roque Júnior, quando defendiam o Bayer Leverkusen, foram chamados de macacos pelos torcedores do Real Madrid. Nesses atos racistas, os clubes envolvidos – Atlético de Madrid e Real Madrid – foram punidos em 600 euros.

O jogador de futebol que mais vem sofrendo ultimamente com os atos racistas é o italiano Mario Balotelli, da Internazionale de Milão. Em abril deste ano, o atacante foi vítima de insultos por parte da torcida da Juventus. Como punição, o clube italiano teve que jogar sem o apoio da torcida. Mas a pena não intimidou os torcedores, que voltaram a ofender o jogador no início de junho, quando o atleta estava em um bar, em Roma. Os torcedores da Juventus além de ofender com palavras Balotelli também atiraram bananas no atleta. Esse tipo de ofensa já aconteceu também com o camaronês Eto’o, quando chegou ao Barcelona. Constantemente os torcedores atiravam bananas no gramado para demonstrar preconceito contra o atleta.

Como as punições aos clubes não estão surtindo efeito, o presidente da UEFA, Michel Platini, propôs uma medida que visa diminuir esse racismo dentro do futebol. A medida tem como proposta paralisar a partida por dez minutos toda vez que a torcida esboçar cantos racistas contra qualquer atleta em campo. No entanto, ela ainda não tem previsão de quando será posta em prática. Dessa forma, os jogadores ainda ficarão a mercê do preconceito de alguns torcedores.

A saber: O negro no futebol brasileiro

O primeiro clube a aceitar negros em seu elenco foi o Vasco da Gama, em 1923. Na época, a atitude cruzmaltina foi vista com desdém, pois era inadmissívell pessoas de “cor” convivendo e praticando o mesmo esporte dos brancos.

Na época, o preconceito era tão intenso que um jogador do Fluminense, chamado Carlos Alberto, usava pó-de-arroz no corpo para poder jogar no tricolor carioca. Em uma partida contra o América pelo Campeonato Carioca, o pó-de-arroz que o atleta usava começou a escorrer e a verdadeira cor do jogador foi revelada. A torcida então começou a chamá-lo de pó-de-arroz.

O sociólogo Roberto Da Matta, acredita que o preconceito racial no futebol brasileiro pôde ser visto com clareza em um dos momentos mais tristes para o brasileiro, na derrota do Brasil para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950, no Maracanã. A derrota para os uruguaios na final do Mundial foi atribuída, principalmente, a Barbosa e Bigode, curiosamente negros.

 

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