Fonte: Írohín Jornal Online –
A delegada Margarette Barreto, chefe da Delegacia de Crimes Raciais de São Paulo, e o jornalista Dojival Vieira, editor de Afropress – Agência Afro-Étnica de Informação, parceira de ViaPolítica, sofrem, na Internet, ataques e ameaças da organização criminosa White Power . Reproduzimos, abaixo, trechos do editorial de Afropress – www.afropress.com – onde Dojival Vieira denuncia a violência e a ação dos racistas e pede o fim da impunidade para os criminosos.
Afropress – A mais recente investida dos bandos nazi-racistas, que há um ano nos atacam e ameaçam sistematicamente, expondo em uma página na Internet as fotos da chefe da Delegacia de Crimes Raciais de São Paulo, delegada Margarette Barreto, e do editor da Afropress, jornalista Dojival Vieira, e apontando a ambos como “inimigos” da organização, demonstra até que ponto está chegando a ousadia de criminosos racistas que operam à margem da lei.
A White Power (Poder Branco), que assume a autoria das ameaças, é uma facção criminosa de caráter nazi-racista, que tem entre seus princípios a defesa do neonazismo e da supremacia branca. Combate e ataca sistematicamente negros, judeus, nordestinos, latinos, ciganos, enfim, todas as pessoas que não fazem parte do seu bizarro mundo de racismo e violência.
Fotos de Hitler e da suástica são o material de propaganda mais visível da facção que opera a partir de São Paulo e teve, nos últimos dias, três dos seus membros presos pela Polícia distribuindo cartazes em que pregam contra as ações afirmativas e as cotas: “Vestibulando branco. Hoje eles roubam sua vaga nas universidades públicas. E chamam isso de direitos iguais. Se você não agir agora, quem nos garante que eles não roubarão vagas nos concursos públicos? Devemos assegurar a existência de nossa raça e o futuro de nossas crianças brancas”.
A atitude de uma organização de caráter racista ao ameaçar nada menos que a maior autoridade policial – a Chefe da Delegacia de Crimes Raciais – que tem como função justamente o combate aos crimes dessa natureza, é mais do que aparenta: é um aberto desafio às leis e às autoridades constituídas.
E mais: sem uma atitude de firmeza de todos os que amam a liberdade, a igualdade e a democracia, e sem a punição de criminosos que andam às soltas ameaçando, por quaisquer pretextos, quem não está de acordo com a sua ideologia que tantos males já causou à humanidade, caminhamos a passos muito largos para o fim do estado democrático de direito e para a barbárie.
Eis a razão do porque, da nossa parte, não resta outra alternativa. É hora de dizer um Basta! É hora de exigir das autoridades responsáveis, em especial do Secretário de Segurança Pública e do Ministro da Justiça – responsáveis, segundo a Constituição, pela manutenção da ordem e da segurança de cada cidadão brasileiro – providências imediatas. Ambos têm ao seu dispor uma Polícia muito bem aparelhada (a de São Paulo é mais bem aparelhada do país) e serviços sofisticados de inteligência que, se acionados, identificarão rapidamente os criminosos e os punirão na forma e com os rigores da Lei.
Nossa atitude tem a firmeza que o momento exige: a segurança pessoal e a integridade física do jornalista Dojival Vieira, editor de Afropress, é, a partir desse momento, de inteira responsabilidade do senhor Secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu, e do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Não vamos nos intimidar com ameaças de bandidos nazi-racistas, que querem suprimir os direitos e as liberdades fundamentais, tão duramente conquistadas na luta contra a ditadura. Mantemos a duras penas o projeto Afropress, buscando fazer um jornalismo sério, crítico, fundado nos princípios éticos fundamentais, no respeito aos direitos da pessoa humana e com foco na temática racial e étnica. A Afropress existe exatamente para contrapor-se à estratégia da invisibilidade da temática racial que tem sido a regra na mídia convencional.
Somos um veículo necessário, como demonstram as estatísticas de acesso que revelam um interesse crescente, não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos e países da Europa.
O silêncio e a omissão diante de criminosos que se apresentam em aberto desafio às leis do estado democrático de direito e às autoridades constituídas – significaria contribuir para um retorno ao estado de barbárie – que a civilização humana moderna há séculos superou.(…)
(…) Por tudo isso, jamais terão nosso silêncio. Nem rendição. Venceremos!
Matéria original: Racistas ameaçam policial e jornalista