Rapaz trabalha como diarista há 7 anos no ES e diz que não se importa com preconceito

Para psicóloga e consultora de carreiras, o mercado de trabalho está mudando e ficando cada vez menos preso aos gêneros.

Por Poliana Alvarenga Do G1

Os termos “trabalho de homem” e “trabalho de mulher” estão ficando no passado. É que cada vez mais as pessoas têm se empenhado nos mais variados tipos de serviço, seja por paixão ou para driblar o desemprego. É o caso do diarista Maicon Silva, que paga as contas fazendo faxina há sete anos.

Maicon começou a trabalhar limpando casas aos 15 anos, quando se mudou do interior do Espírito Santo para a Grande Vitória. Começou morando de favor e hoje, com o rendimento das faxinas, paga o próprio aluguel, ajuda a família e até já tem novos planos, mas sem abandonar a atividade.

O jovem conta que o preconceito foi um dos problemas no início da atividade, mas nunca foi uma barreira.

“No início foi difícil. Pensa você chegar na portaria de um prédio, falar para o porteiro que você vai fazer faxina e o porteiro não te deixar subir por ser estranho um homem fazer faxina. Muitas pessoas também já passaram por mim enquanto eu fazia faxina e riram, filmaram… mas nunca dei valor a nada disso”, falou.

Maicon começou a fazer as faxinas na casa da aposentada Ieda Abreu, em Jardim Camburi. Segundo ela, o rapaz nunca decepcionou. “Existem mulheres que não fazem faxina tão bem como ele. Isso eu posso afirmar.”

Destaque na mecânica

Uma oficina mecânica geralmente é um espaço predominantemente masculino, mas não se depender da Laiani de Oliveira, que tem o cargo de mecânico automotivo na Serra.

“Eu fui colocada pra fazer um estágio em uma área automotiva, sendo que eu fazia mecânica industrial, mas acabei gostando dessa área automotiva e fiquei”, contou.

Laiane conta que ainda causa uma cerca surpresa nos clientes que procuram a oficina. “Na maioria das vezes, sim. Mas eu procuro fazer o meu trabalho da melhor maneira possível, ganho a confiança dos clientes, e assim fui conseguindo meu espaço no mercado de trabalho”, disse.

A delicadeza e cuidado não estão apenas no batom e nos brincos, mas em cada toque feminino, por mais pesado que o serviço pareça. O gerente conta que a escolha foi intencional e superou as expectativas.

“Já virou uma referência na nossa empresa, uma mulher mecânica, tanto que os nossos clientes chegam e perguntam ‘a Laiani tá aí? Ela vai poder fazer a minha revisão?’. Isso, para nós, é muito gratificante e quem ganham são os nossos clientes”, falou o gerente Fabrício Correia.

O colega de trabalho Erico Santos contou que admira Laiane. “É interessante porque a gente vê a diversidade do mercado, a mulher está tomando o espaço do homem e o homem da mulher. Cada um tem a capacidade de desenvolver um trabalho diferenciado.”

Carreiras

A psicóloga e consultora de carreiras Martha Zouain acredita que o mercado vem mudando e abandonando cada vez mais o preconceito. O que falta muitas vezes é o profissional se reconhecer na atividade em que se sente feliz.

“Quando se vai contratar, o que as empresas querem é alguém que dê resultado, não importa o sexo. Hoje já se sabe que se a pessoa está feliz no trabalho, ela será alguém que de fato vai entregar o resultado esperado”, disse.

+ sobre o tema

Cartazes contra o feminismo são espalhados em corredores da UFRGS

Mensagens ofensivas foram fixadas em murais de diretórios acadêmicos. Departamento...

É preciso “coragem” para chamar uma mulher de “vaca” da janela do prédio

Durante o pronunciamento de Dilma Rousseff, em cadeia nacional...

Grupos LGBT querem envio de novo projeto sobre criminalização da homofobia

Senadora Marta Suplicy (PT-SP) propôs incluir a criminalização da...

para lembrar

#SalaSocial: No Facebook, campanha do governo é acusada de ser machista

Uma campanha bem intencionada do Ministério da Justiça (MJ)...

O mau caratismo de Rodrigo Constantino

Uma jovem empreendedora negra resolveu usar só modelos negros...

Casos de feminicídio na Bahia chamam atenção para como identificar relações patológicas

Mortes por violência domesticas avançam na Bahia. Do Mídia Bahia  O ano...

Os homens que não amam as mulheres

Pode parecer incrível para muitos de nós, que vivemos...
spot_imgspot_img

Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexo, lançam Comitê Impulsor Nacional para a Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

Durante a abertura da 12ª edição do SENALESBI – Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais, que acontece de 16 a 18 de maio em...

No DR com Demori, Cida Bento debate a desigualdade racial no Brasil

O programa DR com Demori, da TV Brasil, recebe nesta terça-feira (13) a psicóloga e escritora Cida Bento, que já figurou entre as 50...

Esperança Garcia: quem foi a escravizada considerada a 1ª advogada do Brasil

Acredita-se que Esperança Garcia, uma escravizada que vivia em fazenda localizada a 300 quilômetros de onde hoje é Teresina, no Piauí, tivesse apenas 19 anos quando escreveu...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.