Reações de alunos fazem professores pararem com piadas homofóbicas

Aquelas piadinhas típicas de cursinho pré-vestibular estão com os dias contados. As direções de instituições preparatórias frequentadas pela classe média paulistana tem orientado seus professores a suspender comentários jocosos para evitar processos judiciais.

  

Vários alunos, em especial alunas, têm reclamado do que consideram homofobia e racismo aos seus pais e acabam cobrando explicações de piadas como “o movimento feminista mais importante na historia é o movimento dos quadris”.

“Virei chato. Não faço mais brincadeiras. Minhas aulas estão terminando mais cedo. Passo exercícios a mais”, diz um professor do Integratus, que não quis se identificar. Um professor do Anglo diz que é brincadeira entre meninos chamar professores de “bicha” e “veado”. No inicio de 2014, ele passou de sala em sala para informar que permitia que seus alunos usassem a palavra gay em sentido pejorativo. Para ele, o tema é tabu. “Entre 80 pessoas entenderem que é brincadeira e 20 acharem que você está incentivando alguma coisa, é melhor não fazer piada”.

Julia Castro, 19, aluna do Anglo diz que ela e três amigos saíram de sala após o professor dizer que “para comer uma empregada, o cara tem que levá-la ao Habib’s”. Ele fala que pobre adora Habib’s. “Essas brincadeiras reforçam o preconceito. Nossa luta já é difícil”, fala Julia.

No aniversario de uma estudante no ano passado, meninos sortearam quem a beijaria. A aniversariante não consentiu, mas foi obrigada a ceder pelo professor. Para Clara, que fez Integratus em 2013 e hoje cursa arquitetura na USP, “o humor que oprime alguém não merece a risada de quem assiste a aula. Não digo que não se deve fazer piadas. Mas que estas sejam inteligentes o suficiente para tirar sarro do opressor, não do oprimido”.

Jorge Ovando, gerente de marketing do Integratus, afirma que as queixas, em geral, são fruto de má compreensão. Luís Ricardo Arruda, coordenador-geral do Anglo, conta que a recomendação é tratar os alunos “com respeito”. Ele afirma ainda que “as piadas têm que ser adaptadas a seu tempo”

 

 

Fonte: Causas Perdidas 

+ sobre o tema

Mortalidade materna no Brasil teve queda de 21% de 2010 para 2011

Pesquisa divulgada nesta sexta pelo Ministério da Saúde indica...

STF aprova por unanimidade a união gay

O STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu nesta quinta-feira, após...

Onde estão as mulheres negras na produção cultural? A Tsika Cultural te responde

A equipe da Tsika Cultural decidiu propor uma importante reflexão sobre...

Cearense Maria da Penha é indicada ao Prêmio Nobel da Paz 2017

A nomeação dos vencedores do maior prêmio mundial de...

para lembrar

ONU: Mulheres e meninas foram esquecidas na resposta mundial à pandemia

Ativistas de 128 organizações de proteção a mulheres ligadas...

TV Brasil estreia primeiro programa de entrevistas LGBT da TV aberta

Entre os novos formatos da TV Brasil para a...

Jandira quer ampliar proteção da Lei Maria da Penha a transexuais

da assessoria de imprensa da deputada federal Jandira Feghali, via...

Eu, mulher, psicóloga e negra

Quando nossa comissão editorial resolveu ouvir psicólogos negros, para...
spot_imgspot_img

Pesquisa revela como racismo e transfobia afetam população trans negra

Uma pesquisa inovadora do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans), intitulada "Travestilidades Negras", lança, nesta sexta-feira, 7/2, luz sobre as...

Aos 90 anos, Lélia Gonzalez se mantém viva enquanto militante e intelectual

Ainda me lembro do dia em que vi Lélia Gonzalez pela primeira vez. Foi em 1988, na sede do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), órgão...

Legado de Lélia Gonzalez é tema de debates e mostra no CCBB-RJ

A atriz Zezé Motta nunca mais se esqueceu da primeira frase da filósofa e antropóloga Lélia Gonzalez, na aula inaugural de um curso sobre...
-+=