Relatório “arrasa” políticas nacionais contra racismo, diz Solidariedade Imigrante

O presidente da associação Solidariedade Imigrante defendeu hoje que o relatório da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) “arrasa completamente as políticas nacionais de combate à discriminação racial”, defendendo a criminalização dos atos racistas.

A ECRI considera que Portugal progrediu na luta contra a discriminação racial, mas lamenta a persistência de situações “preocupantes” como casos de “hostilização” e “abusos da polícia” contra os ciganos.

Por outro lado, aponta que os sites na internet com conteúdos racistas e xenófobos têm aumentado nos últimos anos, visando principalmente os ciganos e os imigrantes.

Defende igualmente que o Alto Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural (ACIDI) devia ser independente do Governo e dotado de “poderes de investigação e habilitado a propor ações e a participar em processos judiciais”.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da associação Solidariedade Imigrante defendeu que o relatório da ERCI “arrasa completamente as políticas nacionais contra a discriminação racial”.

“De certa forma também arrasa e põe a descoberto os falhanços das políticas de integração dos imigrantes”, disse Timóteo Macedo.

Ressalvando que não teve oportunidade de ler todo o conteúdo do relatório, o responsável frisou que tem faltado a coragem política para se avançar mais no que diz respeito ao combate aos crimes racistas.

“Nós achamos que a ECRI fica aquém daquilo que é necessário e é necessário efetivamente criminalizar as atitudes racistas e aplicar penas que estejam em consonância com o espirito solidário do povo português”, defendeu Timóteo Macedo.

Na opinião do responsável, as atuais políticas não ajudam os imigrantes porque são estigmatizantes, acusando as instituições públicas de terem um discurso paternalista para com aquelas pessoas.

Concorda com a posição manifestada no relatório de que o ACIDI deveria ser independente do Governo porque senão, avisa, vão manter-se “as políticas do faz de conta”.

Defendeu, por outro lado, a existência de serviços públicos de qualidade para todos, que não estigmatizem os imigrantes e lhes deem efetivamente igualdade de oportunidades.

“Portugal pensa que os imigrantes são pobres e desgraçadinhos que não percebem nada do assunto, mas os imigrantes querem ser respeitados. Querem ter direitos e ser atores na sociedade”, disse ainda.

 

 

Fonte: DN

+ sobre o tema

para lembrar

Foto racista publicada por revista russa gera polémica

Uma fotografia da editora de uma revista russa, sentada...

Quatro histórias sobre o racismo institucionalizado

Um manual da PM brasileira, os disparates criminosos...

“Eu sou negra e sou bela”: mulheres contando a própria história

Há 15 anos, a IPIB abriu as portas para...

Heraldo Pereira chama Amorim de ex-colega e fala do processo de racismo

  O programa Marília Gabriela Entrevista, exibido no GNT,...
spot_imgspot_img

Quanto custa a dignidade humana de vítimas em casos de racismo?

Quanto custa a dignidade de uma pessoa? E se essa pessoa for uma mulher jovem? E se for uma mulher idosa com 85 anos...

Unicamp abre grupo de trabalho para criar serviço de acolher e tratar sobre denúncias de racismo

A Unicamp abriu um grupo de trabalho que será responsável por criar um serviço para acolher e fazer tratativas institucionais sobre denúncias de racismo. A equipe...

Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.

Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos...
-+=