O lançamento da nona edição da Acho Digno, revista eletrônica que tem como objetivo fortalecer a imprensa negra no Brasil, aconteceu no dia 17 de junho, às 18h, no Instituto Mídia Étnica, Dois de Julho, em Salvador. Segundo Camila de Moraes, idealizadora do veículo juntamente com a socióloga Elísia Santos, esse meio colabora para a maior visibilidade das pautas que representam positivamente a comunidade negra. No lançamento, será exibido o documentário “A escrita do seu corpo”, que, através de poemas pintados no corpo de mulheres, trata sobre a questão de gênero e racismo. A música para comemorar o evento ficará por conta da banda, composta somente de mulheres, Intêra, que traz o som da MPB, jazz e blues.
no Correio Nagô
A revista Acho Digno tem o mesmo público que a Revista Afirmativa, por exemplo, mas, para Camila, elas não são concorrentes. “Não há uma competição entre os veículos que pautam as questões raciais, mas sim, a construção de uma rede de apoio de combate ao racismo e de visibilidade para evidenciar o que os negros e as negras estão produzindo”, afirma a jornalista. Nesta edição, além de outras temáticas, a revista eletrônica traz, na editoria Música da Terra, uma reportagem sobre a vida e carreira da cantora e compositora Clécia Queiroz, que lançará, no dia 24 de julho, no Teatro Castro Alves, o CD de samba Quintais. Temas que abordam a questão do racismo na internet, textos referentes à necessidade de o ser humano saber amar a si mesmo, artigos que tratam do cenário político atual e a questão do golpe contra a presidenta são assuntos que fazem parte da próxima edição da Acho Digno.
Com cerca de 30 páginas e editorias voltadas para a área cultural, da moda e da música, a Acho Digno surgiu em setembro de 2014. Camila de Moraes afirma que é muito difícil manter a revista, pois ela ainda não tem patrocínios e não tem nenhum tipo de investimento que não seja da própria equipe. A comunicóloga conta que, inicialmente, a pretensão era que a revista fosse mensal, mas, por questões financeiras, não foi possível acontecer dessa forma. “Temos dificuldades financeiras para continuar produzindo a revista, mas o amor e o sonho fazem com que continuemos”, destaca Moraes.
De acordo com Camila, a revista Acho Digno tem uma boa visibilidade e um bom retorno dos leitores. “No lançamento da edição passada, a publicação teve mais de 6.000 acessos, de países diferentes. Recebemos elogios, as pessoas dizem que precisamos continuar”. A jornalista afirma que isso tudo é resultado de um trabalho feito com verdade. “As pessoas que leem percebem o amor, a paixão com que é feita a Acho Digno”. Segundo Camila de Moraes, além da falta de dinheiro, outro fator que impulsiona a continuar o projeto de a revista ser eletrônica e não impressa é a grande probabilidade de o conteúdo chegar a regiões diversas. “Hoje, nós estamos na Tanzânia”, destaca.