Ricardo Kotscho – Kassab agora corre risco de ficar isolado

Que fase! Rejeitado pelos dois principais partidos a quem ofereceu aliança, batendo recordes negativos de popularidade, o prefeito Gilberto Kassab se viu acuado dentro do carro oficial ao sair quarta-feira da missa de aniversário da cidade na Catedral da Sé.

Xingado e alvejado por ovos e pedras jogados por cerca de 800 manifestantes, Kassab, na verdade, estava pagando pelo que não fez. O protesto era contra as ações policiais na Cracolândia e no Pinheirinho, em São José dos Campos, responsabilidade do governador Geraldo Alckmin, que achou melhor não ir à missa.

No mesmo dia, o prefeito ficou sabendo que Rui Falcão, presidente nacional do PT, descartou liminarmente qualquer possibilidade de aliança com o PSD de Kassab, que ofereceu a Lula um vice para o candidato petista Fernando Haddad.

Falcão foi peremptório e fechou a porta para qualquer negociação: “Em nenhum momento cogitamos isso. Nem o prefeito Kassab está cogitando. Temos feito oposição ao prefeito Kassab”.

O PSDB, por sua vez, também fechou questão: vai ter candidatura própria e já marcou suas prévias para março. Alckmin não quer conversa com Kassab, aliado de José Serra, seu principal adversário no poleiro tucano. Nas últimas eleições municipais, em 2008, Serra e Kassab se uniram contra Alckmin e deixaram o atual governador fora do segundo turno.

Kassab, porém, não perde as esperanças de fazer aliança com um dos dois grandes partidos, qualquer um. Depois de trocar agrados com a presidente Dilma Rousseff, na cerimonia de entrega das medalhas de 25 de janeiro, durante a celebração dos 458 anos de São Paulo, o prefeito voltou a repetir aos jornalistas:

“É evidente que o partido irá analisar as alianças possíveis, e não se exclui o PT nem o PSDB”.

O mais provável no momento é que Kassab fique isolado na disputa pela sua sucessão e só lhe restará a alternativa da candidatura própria do PSD. Mesmo que não tenha chances de vitória, pelo menos terá alguém para defender sua administração dos ataques que certamente virão de todos os lados.

O problema é que o único nome viável de que dispõe é o do vice-governador Guilherme Afif, que não me parece muito animado a ir para o sacrifício. Basta lembrar que, sem alianças, o PSD terá apenas um minuto de tempo na televisão, dez vezes menos do que PT e PSDB.

No começo da campanha, parecia que Kassab tinha o jogo nas mãos, procurando simultâneamente lideranças do PT e PSDB, que há anos disputam a hegemonia em São Paulo. Jogou alto, mas agora corre o risco de perder tudo e ficar pendurado na brocha.

Agora, no máximo, poderá ser o fiel da balança, dependendo de quem irá apoiar no segundo turno. Por mais que Dilma e Lula gostassem de ter o PSD de Kassab como aliado agora, pensando nas campanhas em todo o país e na sucessão de 2014, as pretenções do prefeito esbarram nas lideranças partidárias locais.

 

 

Fonte: Ricardo Kotscho

+ sobre o tema

Cristovam propõe bolsa de estudo para filhos de descendentes de escravos

Fonte: Agência Senado   O presidente da Comissão...

O orgulho de ser “burro” mostra que o poço não tem fundo no Brasil

Confesso que tenho cada vez menos paciência para casos...

Americana ganha R$ 46,7 milhões na loteria após comprar bilhete por engano

  Um erro cometido por uma atendente de...

Festa baiana atrai público americano para o Brasil

Fonte: Mercado de Eventos - Mais de 300 norte-americanos...

para lembrar

Kátia Abreu contra todos

A senadora Katia Abreu (Arena/PFL/DEM-TO) participou ativamente...

“É uma reforma da Previdência muito perversa com as mulheres”

Ao mesmo tempo em que dificulta o acesso à...

Racismo: Hora de reagir

Por: Mauro Santayana Em sua cruzada contra o...

‘Mídia só mostra ao exterior piores momentos do Brasil’, diz Lula

Por: Nathalia Passarinho   Presidente participou de lançamento de canal internacional...

Fim da saída temporária apenas favorece facções

Relatado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o Senado Federal aprovou projeto de lei que põe fim à saída temporária de presos em datas comemorativas. O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA),...

Morre o político Luiz Alberto, sem ver o PT priorizar o combate ao racismo

Morreu na manhã desta quarta (13) o ex-deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), 70. Ele teve um infarto. Passou mal na madrugada e chegou a ser...

Equidade só na rampa

Quando o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, perguntou "quem indica o procurador-geral da República? (...) O povo, através do seu...
-+=