Ao serem responsáveis pelo cacete nos professores e servidores públicos do Paraná que protestavam contra uma votação na Assembleia Legislativa de um projeto que deve reduzir direitos, o governo Beto Richa e sua base aliada deram, nesta quarta (29), uma aula pública.
Por Leonardo Sakamoto No Diario do Centro do Mundo
Ensinaram novos significados para a palavra “ignomínia” (substantivo feminino):
1) Tratar profissionais de educação não com respeito e diálogo, mas com bala de borracha e gás lacrimogênio até dezenas deles sangrarem e desmaiarem no asfalto;
2) Proibir o acesso à Assembleia, que, em tese, pertence ao povo do Paraná e não a deputados estaduais;
3) Ouvir da polícia que ela está só cumprindo ordens ao descer a taquara nos manifestantes;
4) Agir como se a função do professor na construção do futuro fosse um mero detalhe.
Em fevereiro, milhares de professores e servidores públicos haviam sitiado a Assembleia Legislativa do Paraná em um protesto contra o “pacotão de austeridade” que quer mexer com direitos trabalhistas e previdenciários. O governo Beto Richa tentou emplacar uma votação “expressa” sem passar pelos debates de sempre. Isso enfureceu os manifestantes, que também ocuparam o prédio. Para se ter uma ideia aonde chegou a situação, um grupo de deputados só conseguiu entrar contrabandeado em um camburão da polícia. Por fim, o governo anunciou a retirada das propostas para “reexame” e a fim de “garantir a integridade física dos parlamentares”.
Nesta quarta, o pacote está novamente em votação, protegido por decisões judiciais, escudos e cacetetes. Os manifestantes tentaram entrar para acompanhar a votação e foram reprimidos pela polícia.
Os “ajustes” paranaenses têm sido acompanhados com atenção por outros governos municipais, estaduais e federal, que também planejam o mesmo. Se der certo, ueba!
Em tempo: De acordo com o governador, “ignomínia” também pode ser sinônimo de “fracassamos retumbantemente com a educação”.