Ser do Ceará

Cearense, o que é ser desta terra, quais são as nossas referencias de formação, como posso dizer, não é por isso que sou cearense, estas são as minhas referencias, estas são o que eu sou, são estas memórias que fazem de mim o que. Percebemos no Estado do Ceará, uma tendência de formação identitaria, pela literatura, a nossa própria formação, somos filhos, somos frutos da relação do descobridor cearense e de uma índia, desta relação nasce o cabloco cearense, que é mistura, não é original, mesmo com a mestiçagem o que prevalece é o sangue português.

Vivemos numa terra que se afirma que aqui não existiu negros, somos a terra da luz, a terra onde os processos de libertação dos escravos foi mais forte, libertamo-nos antes mesmo da lei áurea. O que é ser cearense, é negar as nossas formações, não existe negro no Ceará, mas termos o rei de congo, temos a umbanda, nos negamos a nossa formação, mas no dia-a-dia praticamos hábitos que vieram dos indígenas, vemos em nossos rostos a marca destas tribos, somos o que? Que Ceará tem que aparecer, um Ceará onde a capital é sempre vista como a terra das oportunidades, onde a capital é sempre visto como a coisa bela, e tudo que não for Fortaleza, é ruim, é seco, a religião é radical, lá estão as pessoas que crêem no Padre, como é que pode, como é que pode ter uma estatua de Patativa, lá no Dragão do Mar, e as pessoas não saberem que aquela estatua representa um cearense que estudado na França, usam o seu monumento para tirar foto, com piadas, colocando garrafas em sua boca, cigarros, que cearense somos. Qual a nossa formação, aqui não teve negro? Aqui não tem mais índio? O que somos? Como a turma dos poderosos nos criaram, como fomos representados na mídia, agora para a copa a imagem vendida foi de um Ceará, onde um menino que joga bola, chu6ta o sol, de novo a terá do sol, a terra que é feita nó de litoral, lá onde as idéias passam , lá onde o povo é mais forte, aqui interior, onde as pessoas fogem da seca, onde as pessoas passam fome, aqui o cearense forte que passam por necessidades, afinal que cearense queremos. Queremos ser aquele que todas as culturas estão impregnadas no meu sangue, saber que tenho um pouco de tudo, e esta contribuição de cada povo, de cada raça, que faz com que sejamos isto, cearense, que em cada região tem o seu modo de falar, tem seu modo de ser, de ser igual pela nomenclatura, mas ser diferente no jeito, no pensar, no ser. Este Ceará que cabe dentro dele todas as possibilidades de ser vários.

João Paulo Flôres Torres Publicado no Recanto das Letras em 07/07/2010
Código do texto: T2363871

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