Ser negra e mulher, a discriminação dupla no Brasil

Uma rapper, uma professora e uma costureira combatem as estatísticas que fazem das negras o grupo mais vulnerável no Brasil

Por BEATRIZ SANZ, do El Pais

Situações cotidianas como ganhar uma boneca na infância, dançar quadrilha na escola ou comprar e uma meia fina sempre foram mais complicadas para Maria Lucia Archanjo. Nascida há 59 anos em Jundiaí, na grande São Paulo, Maria Lucia se recusava a participar dos festejos juninos antes mesmo de ser convidada, pois tinha medo de ser rejeitada pelos meninos devido a sua cor. Na juventude, quando ela e as irmãs queriam sair precisavam tingir a meia fina. “A gente colocava ela de molho no chá mate pra ficar da cor da nossa pele”, conta ela, que é costureira e montou uma oficina em casa. A falta de identidade num país onde a maioria das mulheres são negras a incentivou a militar no movimento negro desde a década de 1980 na região de Jundiaí. De lá para cá, muita coisa mudou, outras nem tanto.

No Brasil, um homem negro ganha 40% a mais do que uma mulher negra. Se comparado a uma mulher branca, a diferença é ainda mais acentuada: uma branca recebe 70% a mais do que uma negra.

Apesar do quadro, Maria enfatiza que grandes vitórias para as mulheres negras foram conseguidas através da luta de dias passados. É o caso do sistema de cotas para alunos negros e de baixa renda para ingressar na universidade. “Hoje, se existem as cotas é porque começamos as discussões de reparação naquele tempo. As pessoas criticam, mas as cotas são necessárias”, lembra.

O direito das empregadas domésticas também é um assunto que foi tema de debates seguidos desde os anos 1990. “Num Encontro das Mulheres Negras do Interior de São Paulo, em 1995, um dos temas mais relevantes foi o trabalho de empregadas domésticas. Depois de tantos anos, elas conseguiram alguns direitos”.

 

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