Sérgio Martins – Zumbi dos Palmares e outros negros.

Por: Sergio Martins

Zumbi dos Palmares, hoje herói nacional, representa um marco de resistência e superação da ordem escravocrata em nosso país. Após a morte de “Ganga Zumba”, rejeitando o chamado “o acordo de recife”, Zumbi defende a manutenção da independência da Confederação de Quilombos colocando-se em confronto com o poder constituído pela garantia da autonomia e liberdade do povo dos quilombos. Até os nossos dias bebemos nas fontes da experiência de palmares, alimentando um sonho de um Brasil, que, há pouco tempo, inaugurou um projeto socioeconômico de inclusão, através do governo Lula.

De tempo em tempos o país se arvora de movimentos e sujeitos políticos que ampliam os horizontes da cidadania reagindo a uma moldura que se remonta ao século XVII….., quando a corte portuguesa aporta em terras brasileiras, tendo como um dos primeiros atos legais a desocupação forçada das moradias da região central e arredores para acomodação dos seus.

Mas Zumbi é uma experiência distante, o modelo escravagista foi substituído por uma democracia formal, onde os indivíduos gozam de direitos iguais, mas de diferentes pontos de partidas, tonando os direitos vazios sem concretização no mundo real. Como Bobbio afirmava direito de ir e vir sem condições materiais de deslocamento, direito de liberdade de expressão sem veículo de comunicação de massa para transmitir seus pensamentos.

No mesmo cenário, o racismo à moda brasileira nos oferece como consolo, nas bancas de jornais, as manchetes sobre Pelé e Neymar ícones do futebol profissional, a fim de que acreditemos que sucesso e competência à forma colocada são os caminhos únicos para o respeito e reconhecimento.

Há uma quantidade enorme de homens e jovens negros valorosos e corajosos que enfrentam a vida contra todas as adversidades, vencendo as barreiras impostas pelo racismo e pobreza, que estão longe da necessidade do crivo da “elite branca” local, para lhe impor um sentido na vida.

O desafio que nós é colocado e tomarmos nosso lugar na cena pública, nos espaços social de poder, onde podermos dar visibilidade e reivindicar uma agenda política inclusiva. Há várias direções para que isto ocorra, estamos certo disto, nos próximos 30 (trinta) anos, esperamos que a mídia menos racista, se dê conta que existimos, além das coberturas jornalísticas e violência policial, do carnaval e das comemorações da consciência negra.

A mídia local e os meios de comunicações sociais insistem em desenhar um ideal de imagem social que não corresponde à realidade fática. Infelizmente, nossa mídia é parcial e precária, já que não reconhece a pluralidade de sujeitos e pensamentos que povoam nosso país. Quem perde somos todos nos!

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