Série Diaspóricas chega em sua 2ª temporada

Enviado por / FonteEnviado ao Portal Geledés

Mergulhe com a gente na imensidão da história de cada artista que produz música preta brasileira no Cerrado goiano

O protagonismo negro e feminino, mais uma vez, ganha voz, espalha beleza, força e poesia na segunda temporada da Série Diaspóricas. O lançamento da obra acontece na quarta-feira (17/01), às 20 horas, no canal Diaspóricas no YouTube (https://www.youtube.com/@diasporicas1595). A primeira estreia da série é no formato de episódios curtas-metragens na web, que visa democratizar os episódios disponibilizados de forma aberta e gratuita ao público na internet.

 Depois dessa estreia inicial, o projeto percorrerá canais de TVs abertas e por assinatura e, por fim, a temporada ganha uma nova edição em formato de longa-metragem para habitar festivais de cinema nacionais e internacionais, como ocorreu com a primeira temporada. 

Desta vez, no projeto audiovisual de curtas documentários, o destaque fica por conta da notável resiliência das mulheres negras na cena musical em Goiânia. Elas enfrentam inúmeras barreiras, mas continuam a brilhar, inspirando outras mulheres com sua força e determinação. A continuação documental relata depoimentos de artistas negras sobre superação do racismo e do sexismo, a partir do caminhar com a Música Preta Brasileira.

A obra destaca a música como tática de existência na vida de mulheres negras e como ela se entrelaça à autovalorização sobre ser negra no caminhar das artistas. São mulheres que celebram a negritude, o ser mulher e a música brasileira, a partir da conexão em África.

A jornalista e pesquisadora, Ana Clara Gomes, é a idealizadora da Série Diaspóricas e assume as funções de direção, roteiro e montagem desde a primeira temporada. Para ela, em Diaspóricas, pode-se conferir mulheres negras que utilizam a música para promover transformações sociais nos cotidianos e na vida de pessoas dos seus entornos.

Novidades

Segundo a diretora, a primeira temporada de Diaspóricas foi marcada pela elementaridade do encontro, do improviso e do contato entre as musicistas participantes, que se reconheceram musicalmente e na experiência de ser mulher negra pela vivência coletiva musical que tiveram juntas. 

Já a segunda temporada apresenta a elementaridade de cada musicista participante,  em que se explora a subjetividade e a individualidade de cada uma delas. O vínculo são os 4 elementos: fogo, terra, ar e água. Do primeiro ao quarto episódio, os elementos fogo, terra e ar são apresentados como representantes e representando a essência de cada uma das quatro artistas. 

A diretora enfatiza que a produção de Diaspóricas se baseia na metodologia da fala-escuta, fundamentada no protagonismo de mulheres negras atrás e na frente das câmeras que falam e se escutam.

“Nós, enquanto mulheres negras, falamos e escutamos nossas iguais por meio de narrativas audiovisuais que versam sobre nós e para nós. Quem assiste à série, vê as protagonistas como inspiração e como figuras de referência”, frisa Ana Clara”. 

Diaspóricas

Na segunda temporada, quatro musicistas negras protagonizam histórias de afirmação e resistência sobre a Música Preta Brasileira que é feita no Cerrado goiano: a MC Rapper, Inà Avessa; a cantora, atriz e compositora,  Flávia Carolina; a clarinetista, Kesyde Sheilla e a cavaquinista e percussionista, Maximira Luciano.

O fogo aparece em dois dos episódios. No quinto e último episódio, que é o encontro musical entre as quatro participantes, o elemento água é o ponto de ligação entre as musicistas e todos os outros elementos, já que representa o fluir, a junção de forças por meio do movimento das águas que é coletivo.

A elementaridade e conexão entre as artistas é apresentada, portanto, na medida em que cada uma delas tem um elemento de predominância, mas precisam dos outros elementos para coexistirem e da água como signo da coletividade necessária e que se forma entre mulheres negras.

Nos cinco episódios, cada um com 15 minutos, que serão exibidos semanalmente no Canal Diaspóricas no YouTube (https://www.youtube.com/@diasporicas1595)

, a partir do dia 17 de janeiro, será exibido o passado, que retorna ao presente como força motriz, para impulsionar o futuro de mulheres negras diaspóricas pelos caminhos de luta percorridos e ressignificados sobre o processo histórico da diáspora negra africana no Brasil. 

A diretora de arte e artista visual, Òkun, criou o conceito visual da série por meio de uma colagem digital da 2ª temporada, pautada na perspectiva estética do afrofuturismo. Na identidade visual da série, o dourado aparece como simbolismo ao aspecto de excelência e ascensão da produção artística negra feminina. 

“O existir de mulheres negras é banhado pelo dourado e transpassado nas obras de alta qualidade que nossas artistas se propõem a criar”, explica Òkun. 

A cor terracota também é central na identidade visual da série e ao longo de toda a temporada, para ecoar que “não há pensamento de futuro sem a presença do barro, da terra, elemento fundamental para geração da vida”, esclarece Òkun.

Outro ponto de relevância é o uso da orelha como símbolo referente destaque ao processo de escuta, à oralidade das nossas histórias e à importância desse gesto de atenção e cuidado com “as nossas e os nossos”, diz Òkun.

Artistas negras

Diaspóricas traz uma proposta poético-documental, com performances musicais e introspectivas das artistas convidadas. O projeto surgiu como websérie, estreado no YouTube, em maio de 2022. A primeira temporada está disponível gratuitamente no Canal Diaspóricas, (https://www.youtube.com/@diasporicas1595) e reafirma a importância de artistas negras na música nacional. 

A série trouxe como protagonistas, na primeira temporada, a compositora, cantora e violonista, Érika Ribeiro; a cantora, Nina Soldera; a contrabaixista, Sonia Ray e a percussionista, Lene Black. As artistas mergulharam em seus processos pessoais de superação do racismo e do sexismo a partir do caminhar com a Música Preta Brasileira. 

Desde do encontro possibilitado pela série, as artistas conceberam o espetáculo Diaspóricas – o show, com estreia no Festival Mário de Andrade, em outubro de 2023, em São Paulo. Integraram a programação do evento junto a grandes artistas nacionais.

O show também foi apresentado no Festival Satyrianas, na capital paulista. Em Goiânia, o show estreou, no mesmo mês, no Teatro Sesc Centro, com ingressos esgotados pouco tempo após a divulgação oficial do evento.

A diretora de fotografia,  Mayara Varalho, frisa que para esta temporada pode-se esperar muita emoção trazida pela pluralidade de cada artista e trazida também pela junção de outras linguagens artísticas presentes na imagética da série.

“Assim, a música se alia às artes visuais, ao audiovisual, à dança e a teatralidade para falar sobre o poder e a força daquelas que criam artisticamente”.

Cinema negro 

Com uma equipe ampliada composta majoritariamente por mulheres negras, Diaspóricas tem o propósito de celebrar o protagonismo negro feminino tanto na frente, como por trás das câmeras.

Além da poética narrativa baseada nos 4 elementos da natureza, a 2ª temporada de Diaspóricas também traz novidades em termos de criação, garante a produtora, Jordana Barbosa. Ela explica que a equipe se expandiu,  com o objetivo de valorizar e incentivar a presença majoritária de profissionais negras das artes nos bastidores da produção.

O time é formado por 16 mulheres negras, dentre pardas e pretas, duas mulheres não-negras e um único homem. Para Jordana, o Projeto Diaspóricas, como um todo, continua firme e fortalecido na proposta de fomento ao cinema negro feminino goiano.

“Tanto em termos de multiplicidade a narrativas contra-hegemônicas que não nos associam a lugares de subalternidade, quanto em termos de mercado de trabalho fortalecido para profissionais negras”, assegura.

Jordana ainda reforça que o vínculo com a arte funciona como tática de fortalecimento de subjetividades e como forma de resistir a processos estruturais de exclusão, tão comuns na vida de mulheres negras.

Futuro

A expectativa é de que a produção goianiense, na sua 2ª temporada, alce voos mais altos, assim como a primeira temporada (confira no box), que ainda foi reeditada em uma versão longa-metragem e passou a habitar festivais de cinema pelo mundo.

A diretora do projeto, Ana Clara, ainda pontua que a continuação da série, com a 2ª temporada, aponta, mais ainda, para uma perspectiva de futuro já que, narrativa e esteticamente, Diaspóricas tem como foco de abordagem o movimento afrofuturista como inspiração ao longo de sua produção.

Ana Clara define que Diaspóricas reflete mulheres negras em atravessamentos afromusicais que se reconhecem, “mesmo não se conhecendo pessoalmente”, define a cineasta.

Para um box

Mostra do Diaspórica- circuito nacional e internacional

-Exibição da 1ª temporada da Série Diaspórica no YouTube- maio de 2022

-Exibição da série na TV UFG- julho de 2022

-Exibição no Canal Music Box Brazil- dezembro de 2022 e ao longo do ano de 2023 

-Festivais e exibições do longa-metragem Diaspóricas (70 minutos). Filme resultante da primeira temporada da série: 

1) Sessão Claque de Cinema realizada em Goiânia pelo Sesc/GO, em janeiro de 2023

2) Student World Impact Film Festival (SWIFF)-  junho de 2023, em Nova York, Estados Unidos. Premiação de quarto melhor documentário do festival

3) 14º Festival de Cinema de Triunfo-PE, realizado na cidade de Triunfo, no sertão do Pajeú, em Pernambuco- agosto de 2023

4) Festival de Cine Rural de Arica Nativa, realizado na cidade de Arica, no Chile- novembro de 2023

5) 3º Coliseum International Film Festival (COLIFFE), em Roma, na Itália- dezembro de 2023. O longa finalista na categoria de melhor filme documentário internacional do festival

6) Echo BRICS Film Festival (Echo BRICS FF), realizado em Moscou na Rússia- dezembro de 2023

7) 3º Tietê International Film Awards (TIFA), realizado na cidade de Tietê, em São Paulo- dezembro de 2023

8) Africa International Human Rights Film Festival, realizado na cidade de Lagos, na Nigéria- dezembro de 2023

Serviço

O que: Lançamento da 2ª Temporada da Série Diaspóricas 

Quando: quarta-feira, 17 de janeiro

Onde: Canal Diaspóricas, no YouTube (https://www.youtube.com/@diasporicas1595)

Horário: 20 horas

+ sobre o tema

Lanceiros Negros percorrem as ruas de Porto Alegre

Na Semana da Consciência Negra – que vai até...

Lázaro Ramos elogia série Mister Brau e celebra: “Um dos projetos mais importantes da minha vida”

Lázaro Ramos definitivamente gostou da série Mister Brau, que...

Emerson Damasceno: A Fifa é que precisa do Brasil

"Não é o Brasil que precisa da Fifa, mas...

para lembrar

Omoya: websérie debate a força e a herança negra na história da música do Brasil

Lançada como parte da programação do Festival Rumpilezz – Musica...

Hemetério José dos Santos: o primeiro professor negro do Instituto de Educação

O CMEB (Centro de Memória da Educação Brasileira) do...

Anderson Silva tenta se acostumar com fama no Brasil após luta com Belfort

Lutador revela mudança no comportamento do público brasileiro depois...

Mc Soffia estampa capa de revista e reflete sobre juventude negra

A rapper teen e compositora brasileira Mc Soffia, é...
spot_imgspot_img

Coletivo Coletores apresenta videomapping inédito na fachada do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo no aniversário de São Paulo

Nos dias 24 e 25 de janeiro de 2025, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo receberá em sua fachada uma projeção em vídeo inédita do Coletivo Coletores, duo...

Ação do CCBB Educativo – Arte e Cultura homenageia a origem negra e indígena da cidade de São Paulo, em seu aniversário de 471 anos

Na data em que a cidade de São Paulo celebra o seu 471º aniversário, dia 25 de janeiro, o programa CCBB Educativo – Arte e Cultura realizará uma...

Chico César celebra trinta anos do álbum “Aos Vivos” no Circo Voador, dia 25 de janeiro

O ano era 1995 e Chico César colocava seu excelente álbum de estreia “Aos Vivos” no mundo. Trinta anos depois, o disco, que se...
-+=