Serra é hostilizado por manifestantes em inauguração de escola

Grupo interrompeu discurso do governador aos gritos de “Dilma presidente”; na saída, carro oficial foi atingido por ovo

Levantamento em 108 escolas mostra que 42 (38,5%) foram afetadas pela greve; em 66 (61,5%) todos os docentes trabalharam normalmente

O governador José Serra (PSDB) foi hostilizado ontem por manifestantes durante a inauguração de uma escola em Francisco Morato, na Grande SP. Na saída, o grupo lançou um ovo contra o carro de Serra.

 

Os cerca de 50 manifestantes chegaram à Etec (escola técnica) aproximadamente uma hora e meia antes de Serra -na maioria, eram professores temporários ligados à Apeoesp, o sindicato dos docentes da rede estadual; a categoria faz greve desde a semana passada.

 

Impedidos de entrar, eles gritaram palavras de ordem quando o carro do governador chegou e parou dentro da escola.

 

Enquanto Serra fazia um discurso em que pregava a “libertação pela sala de aula”, cinco manifestantes que conseguiram entrar na escola o interromperam aos gritos de “Brasil urgente, Dilma presidente” -pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador deve enfrentar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), do PT.

 

Houve tumulto na saída do carro oficial. Os manifestantes jogaram o ovo, que resvalou no capô, e tentaram obstruir a saída do veículo e estender um faixa com palavras como “Professor na rua; Serra, a culpa é sua”.

 

Foram contidos por seguranças do governador e reagiram com socos e pontapés. Foi preciso que a Polícia Militar interviesse para apartar seguranças e manifestantes, alguns deles munidos de pedaços de paus.

 

Amanhã à tarde, a Apeoesp realiza assembleia na av. Paulista para decidir se os professores continuarão ou não a greve. O principal pedido dos grevistas é um reajuste salarial de 34,3%.

 

Segundo o sindicato, a tendência é que a greve continue. “A secretaria [da Educação] não nos recebeu para discutirmos a questão salarial. Ontem [anteontem] voltamos a pedir audiência, mas não tivemos resposta”, diz Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp.

 

O governo de São Paulo diz que o movimento é político -em razão da provável candidatura de Serra- e que apenas 1% dos professores aderiram à greve. O sindicato nega. Afirma que 60% dos professores participam da paralisação no Estado.

 

Ontem a reportagem telefonou para 108 escolas estaduais da capital e das regiões de Ribeirão Preto, Campinas, Jundiaí e São José dos Campos, escolhidas de forma aleatória.

 

Desse total, 42 foram afetadas de alguma maneira pela greve (38,5%) -em nove nenhum professor trabalhou (8%) e em 33 uma parte não deu aula (30,5%). Em 66 escolas todos os docentes trabalharam normalmente (61,5%).

O governo diz que descontará os dias parados dos grevistas.

 

 

Fonte: Folha de S.Paulo

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