Diz que não é preconceituoso porque tem amigos gays.
Acha um absurdo homossexuais serem surrados, mas “entende” quando eles ou elas “extrapolam” em suas liberdades, tiram outras pessoas do sério e “exageros” acabam acontecendo.
Fica no fundo da sala de aula tirando barato da colega só porque descobriu que ela é lésbica ou ele é gay?
Envia para amigos, via redes sociais, dados mal interpretados a partir de pesquisas questionáveis de algum instituto de pesquisa de fundo de quintal, “provando” que não é possível criminalizar a homofobia?
Senta no sofá da sala e concorda com seu pai que alguma coisa precisa ser feita pois o mundo está indo para o buraco e a prova disso é um casal de “bichas” ter se beijado na saída do cinema?
Na hora de contratar alguém no escritório, prefere o hétero inexperiente do que a travesti mais do que adequada para a função?
Fica possesso por um hétero se juntar a um grupo de gays e reclamar das piadinhas estúpidas e sem sentido que você faz?
Vê seu filho brincando de boneca com a amiguinha e, imediatamente, manda ele voltar para casa e nunca mais permite que a veja de novo, pois não quer má influências na formação dele?
Acha uma aberração às leis de deus duas mulheres ou dois homens se dedicarem à criação de uma criança, mas gasta todo o seu tempo livre com amigos, terceirizando seus filhos para uma babá?
Considera que falar sobre preconceito, igualdade, tolerância e homofobia para as crianças na escola fazem com que elas “aprendam” a ser gays e lésbicas?
Fica lisonjeado quando recebe uma cantada de mulher, mas transtornado quando o gracejo vem de um homem?
Acha que igualdade de tratamento significa manutenção da desigualdade – ou seja, se houver punição para homofobia também deve haver para heterofobia?
Acredita, acima de tudo, na proteção ao modelo de família de um pai-homem e uma mãe-mulher, como solução para todos os males do mundo?
Se respondeu a “sim” a alguma delas, precisa conhecer mais gente diferente de você.
Se respondeu a “sim” a todas, precisa de ajuda médica. Urgente.
Acredite, você pode ser dodói e, talvez, nem perceba. Pois o diabo, ele sim, não está apenas nos grandes atos discriminatórios ou em genocídios, mas também nos detalhes que causam dor no cotidiano.
E fique tranquilo: O tratamento é longo e não pode ser abandonado, sob o risco de recaídas violentas, mas homofobia tem cura.
Imagens: Reprodução/Blog do Sakamoto