A temática racial está presente em todos os trabalhos do casal atualmente
Por Fernanda Guerra Do Diario de Pernambuco
Lázaro Ramos e Taís Araújo representam mais do que um casal bonito na televisão. Além de protagonizarem a série Mister Brau, Lázaro apresenta o programa de entrevistas Espelho há 11 anos, no Canal Brasil, enquanto Taís estreou como integrante do Saia justa neste ano. No teatro, estão em turnê nacional com o espetáculo O topo da montanha, sobre o líder Martin Luther King Jr. Nos quatro espaços ocupados, seja na televisão ou no teatro, o ativismo racial é relutante. Os atores se apropriam do sucesso para levantar bandeiras sociais, que têm a igualdade racial como principal pilar.
Os dois reconhecem que fazem parte de uma parcela longe de ser expressiva da população negra na televisão. Como formadores de opiniões, Lázaro e Taís se posicionam recorrentemente em entrevistas e nas redes sociais. Ao se manifestarem, eles não temem discordância ou rejeição. “Eu sei que é uma responsabilidade. Mas eu não tenho medo dela, não. Provocar a reflexão é um caminho muito interessante para este país que está tão perdido. Sou privilegiada de poder fazer isso”, pontua Taís, em entrevista ao Viver. “Eu me sinto um privilegiado em ser percebido por algumas pessoas como um artista que as representa. Não somente para a população negra, mas para jovens e crianças. Vejo isso com muita prudência”, complementa Lázaro.
Em sua terceira temporada, a série Mister Brau, exibida nas noites de terça-feira na Globo, tem o empoderamento negro na raiz. “Mister Brau era um seriado, em princípio, feito para falar de pessoas que ascenderam por meio do trabalho, de uma família negra que tinha muito orgulho de sua origem e a celebrava o tempo todo. O debate do preconceito surgiu naturalmente”, explica Lázaro Ramos, ao ressaltar que houve uma extensão temática, como machismo, preconceito e novos formatos de família – algo mais evidente na atual leva de episódios.
Nas primeiras edições do Saia justa, Taís reconheceu que seria repetitiva. No programa do GNT, que teve um episódio gravado no Recife nesta terça-feira (9), no Teatro RioMar, ela conduz a argumentação voltada para questões de raça, como sistema prisional para mulheres. Ela é a primeira negra a ocupar um lugar no sofá do programa, que atualmente conta com Astrid Fontenelle, Pitty e Mônica Martelli. Como a atração adentra para o campo da intimidade, já que as integrantes costumam se expor com naturalidade nos debates, a atriz pontua experiências pessoais como uma mulher negra no país, em assuntos como maternidade e preconceito.
Em 2015, a atriz foi vítima de racismo na internet e denunciou na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio de Janeiro. Contudo, a artista reconhece um avanço significativo no que diz respeito à representatividade. “Em comparação a quando eu comecei, o número de atrizes negras agora é bem maior. E nós, mulheres negras, estamos exigindo nos vermos, nos identificarmos”, diz Taís Araújo.