“Sou a primeira mulher negra, nordestina e comunista a dirigir esta casa”, diz diretora da UFG

Nesta terça-feira (1), a professora Bartira Macedo de Miranda Santos tomou posse como nova diretora da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (FD/UFG), pelos próximos quatro anos. Em discurso emocionado e contundente, a professora enfatizou ser a primeira mulher negra e nordestina a assumir o cargo na universidade.

“Sou a primeira mulher a dirigir esta casa, mas esse não é o único significado social e político. Sou também a primeira mulher negra, nordestina e comunista a dirigir esta casa”, disse. 

Bartira também fez uma menção especial ao corpo docente, incluindo os professores aposentados, aos servidores e aos estudantes da unidade – estes últimos, segundo a professora, os grandes motivadores de sua candidatura à direção. A nova diretora lembrou das conquistas mais recentes, como a reserva de vagas nos cursos de graduação, e dos desafios a serem enfrentados diante de um momento político conturbado e um cenário de cortes orçamentários.

Em seu discurso, Bartira cobrou dos estudantes uma postura de enfrentamento às desigualdades e às injustiças de uma sociedade patriarcal e capitalista:

“Esse Direito já não nos serve mais. Espero que os alunos, especialmente os cotistas, que serão os juristas do século XXI, não se contentem com esse ponto de vista como se fosse o único e o correto. Precisamos construir um outro Direito, que leve em consideração as contradições e conflitos de classe, que esteja comprometido com os ideais democráticos e republicanos, com os direitos humanos e orientado para a implementação daqueles objetivos que a Constituição Federal nos fala”.

Aos professores, a nova diretora da FD falou da necessidade de se aproximar da sociedade, aprendendo a se comunicar com o povo. “Não podemos ser juristas encastelados em uma torre de marfim ou em nossas torres teóricas. Temos que aprender a dialogar com a sociedade. Nessa tarefa, nosso embate muitas vezes não será com o conhecimento, mas com a própria ignorância que a cada dia ganha mais espaço na mídia e nas redes sociais”, ponderou.

+ sobre o tema

Mulher de Lasier Martins registra ocorrência contra o senador por agressão

Com lesões aparentes pelo corpo, a jornalista Janice Santos...

“Minha avó não é menor que Angela Davis. Ela também pavimentou a minha trajetória”

Professora da UFBA, Ana Flauzina lança 'Além do Espelho',...

Mulheres são vítimas de 97% dos crimes de violência doméstica em Manaus

Foram 24,5 mil queixas entre situações de lesão corporal,...

para lembrar

Rede de sororidade: mulheres se dispõem a cuidar de crianças para mães prestarem o Enem

Posts de mulheres que estão se oferecendo gratuitamente para...

Trabalhadores vão à Justiça cobrar indenização por homofobia

“Bicha gorda, bicha feia, bicha sem graça”. João, 26,...
spot_imgspot_img

Pesquisa revela como racismo e transfobia afetam população trans negra

Uma pesquisa inovadora do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans), intitulada "Travestilidades Negras", lança, nesta sexta-feira, 7/2, luz sobre as...

Aos 90 anos, Lélia Gonzalez se mantém viva enquanto militante e intelectual

Ainda me lembro do dia em que vi Lélia Gonzalez pela primeira vez. Foi em 1988, na sede do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), órgão...

Legado de Lélia Gonzalez é tema de debates e mostra no CCBB-RJ

A atriz Zezé Motta nunca mais se esqueceu da primeira frase da filósofa e antropóloga Lélia Gonzalez, na aula inaugural de um curso sobre...
-+=