Envie seu texto para o Portal
quarta-feira, janeiro 20, 2021
Portal Geledés
  • Home
  • Geledés
    • O Geledés
    • Quem Somos
    • O que fazemos?
    • Projetos em Andamento
      • PLPs em Ação – Geledés no Enfrentamento ao coronavírus
    • Apoiadores & Parceiros
    • Geledés no Debate
    • Guest Post
    • Gęlędę na tradição yorubá
    • Publicações de Geledés
    • Geledés 30 anos
    • Memória Institucional
    • Worldwide
  • Questões de Gênero
    • Todos
    • LGBTQIA+
    • Marielle Franco
    • Mulher Negra
    • Sueli Carneiro
    • Violência contra Mulher
    Barbie de Maya Angelou || Reprodução Instagram

    Escritora e ativista Maya Angelou ganha Barbie em sua homenagem no mês da História Negra

    Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

    Mulheres pretas acadêmicas

    Mônica Calazans tem 54 anos e trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (Foto: Arquivo pessoal)

    Primeira a ser vacinada é mulher, negra e enfermeira do Emílio Ribas em SP

    Primeira vereadora negra eleita na Câmara de Curitiba, Carol Dartora recebeu ameaças de morte por e-mail (DIVULGAÇÃO/Imagem retirada do site El País)

    Ameaças de neonazistas a vereadoras negras e trans alarmam e expõem avanço do extremismo no Brasil

    Ingrid Silva é a primeira bailarina negra e brasileira a ser palestrante principal em Harvard

    Pesquisadoras também produziram livreto em homenagem às profissionais que atuam no combate ao coronavírus - Ilustrações: Marcelo Jean Machado

    Projeto dá visibilidade ao trabalho de cientistas negras brasileiras de forma lúdica

    Divulgação

    2º Festival Frente Feminina abre inscrições e seleciona artistas negras para residência artística virtual

    A cantora Alaíde Costa Kazuo Kajihara/ Sesc-SP

    ‘Não tenho muito o que me queixar da vida’, diz a cantora Alaíde Costa

    Agência Brasil/EBC

    Mulheres pretas

    Trending Tags

      • Mulher Negra
      • Violência contra Mulher
      • LGBTQIA+
      • Sueli Carneiro
      • Marielle Franco
    • Questão Racial
      • Todos
      • Artigos e Reflexões
      • Casos de Racismo
      • Cotas Raciais
      • Violência Racial e Policial
      Bianca Santana - Foto: João Benz

      “Mas morreu esse tanto de gente por covid-19 mesmo?”

      Arquivo Pessoal

      O Sol de Cada Um

      Alicia Keys (Foto: Rob Latour/Shutterstock)

      Alicia Keys pede para Joe Biden lançar iniciativa de justiça racial nos EUA

      Enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, é a primeira brasileira a receber dose da vacina Coronavac (Foto: Governo do Estado de São Paulo / Divulgação)

      “Precisa dizer que Mônica é negra?”: o racismo à brasileira e a CoronaVac 

      Em foto de 2019, Ananda Portela segura a mão da avó, internada com covid-19 Imagem: Acervo Pessoal

      Após o final do ano, a covid-19 explodiu em minha família – e no país

      Thiago Amparo (Foto: Marcus Leoni/CLAUDIA)

      O Brasil é uma enfermeira preta vacinada

      Imagem: Arquivo Pessoal

      “Lutei e provei inocência do meu filho, hoje ajudo mães em penitenciárias”

      Gilmar Bittencourt Santos Silva - Arquivo Pessoal

      Quilombos podem ajudar a mudar o racismo estrutural?

      Arquivo Pessoal

      Governo do Rio sanciona Lei Ágatha, que prioriza investigação de crimes contra crianças e adolescentes

      Trending Tags

      • #memoriatemcor
      • Artigos e Reflexões
      • Casos de Racismo
      • Cotas Raciais
      • Violência Racial e Policial
    • Em Pauta
    • Discriminação e Preconceitos
      • Todos
      • Casos de Preconceito
      • Defenda-se
      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

      GettyImagesBank

      13 palavras e expressões da língua portuguesa para não usar mais

      Racismo e desigualdades: o que há de democrático na Covid-19?

      Pixabay

      Coronavírus expõe o racismo ambiental: negros são o corpo que o Estado secou

      Trending Tags

        • Defenda-se
      • África e sua diáspora
        • Todos
        • Africanos
        • Afro-americanos
        • Afro-brasileiros
        • Afro-brasileiros e suas lutas
        • Afro-canadenses
        • Afro-europeus
        • Afro-latinos e Caribenhos
        • Entretenimento
        • Esquecer? Jamais
        • Inspiradores
        • No Orun
        • Patrimônio Cultural
        Francisco Ribeiro Eller (ou Chico Chico), 27 anos (Foto: Marina Zabenzi)

        Chicão, filho de Cássia Eller: ‘Batalha das minhas mães é parte do que sou’

        Elenco de 'Uma Noite em Miami' (Foto: Patti Perret/Amazon)

        ‘Uma Noite em Miami’: Regina King celebra o homem negro em encontro estelar

        O protagonista de "Os Intocáveis", Omar Sy, (Foto: Jordan Strauss/Invision/AP - Jordan Strauss)

        Além de Lupin: conheça a carreira de Omar Sy em 5 filmes

        O escritor nigeriano Wole Soyinka, durante visita ao Brasil em 2015 - Bruno Poletti/Folhapress

        ‘Aké’ é oportunidade de ler Wole Soyinka, um dos maiores nomes da África

        Divulgação

        Série Oxalaive promove 14 encontros poéticos virtuais

        Regé-Jean Page (Foto: Reprodução/Instagram)

        Quem é Regé-Jean Page, a estrela da série “Bridgerton”?

        Arte por Raquel Batista

        O Movimento Negro Organizado Hoje: Vozes da Coalizão Negra Por Direitos #DesenraizandoRacismo

        Ana Hikari (Reprodução/Insytagram/@ _anahikari)

        Ana Hikari, 1ª protagonista asiática da TV: ‘Passei a vida reduzida a japa’

        Netflix

        Lupin: Série francesa da Netflix quebra recorde na plataforma

        Trending Tags

          • Africanos
          • Afro-americanos
          • Afro-brasileiros
          • Afro-brasileiros e suas lutas
          • Afro-canadenses
          • Afro-europeus
          • Afro-latinos e Caribenhos
          • Entretenimento
          • Esquecer? Jamais
          • Inspiradores
          • No Orun
          • Patrimônio Cultural
        Sem resultados
        Ver todos os resultados
        • Home
        • Geledés
          • O Geledés
          • Quem Somos
          • O que fazemos?
          • Projetos em Andamento
            • PLPs em Ação – Geledés no Enfrentamento ao coronavírus
          • Apoiadores & Parceiros
          • Geledés no Debate
          • Guest Post
          • Gęlędę na tradição yorubá
          • Publicações de Geledés
          • Geledés 30 anos
          • Memória Institucional
          • Worldwide
        • Questões de Gênero
          • Todos
          • LGBTQIA+
          • Marielle Franco
          • Mulher Negra
          • Sueli Carneiro
          • Violência contra Mulher
          Barbie de Maya Angelou || Reprodução Instagram

          Escritora e ativista Maya Angelou ganha Barbie em sua homenagem no mês da História Negra

          Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

          Mulheres pretas acadêmicas

          Mônica Calazans tem 54 anos e trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (Foto: Arquivo pessoal)

          Primeira a ser vacinada é mulher, negra e enfermeira do Emílio Ribas em SP

          Primeira vereadora negra eleita na Câmara de Curitiba, Carol Dartora recebeu ameaças de morte por e-mail (DIVULGAÇÃO/Imagem retirada do site El País)

          Ameaças de neonazistas a vereadoras negras e trans alarmam e expõem avanço do extremismo no Brasil

          Ingrid Silva é a primeira bailarina negra e brasileira a ser palestrante principal em Harvard

          Pesquisadoras também produziram livreto em homenagem às profissionais que atuam no combate ao coronavírus - Ilustrações: Marcelo Jean Machado

          Projeto dá visibilidade ao trabalho de cientistas negras brasileiras de forma lúdica

          Divulgação

          2º Festival Frente Feminina abre inscrições e seleciona artistas negras para residência artística virtual

          A cantora Alaíde Costa Kazuo Kajihara/ Sesc-SP

          ‘Não tenho muito o que me queixar da vida’, diz a cantora Alaíde Costa

          Agência Brasil/EBC

          Mulheres pretas

          Trending Tags

            • Mulher Negra
            • Violência contra Mulher
            • LGBTQIA+
            • Sueli Carneiro
            • Marielle Franco
          • Questão Racial
            • Todos
            • Artigos e Reflexões
            • Casos de Racismo
            • Cotas Raciais
            • Violência Racial e Policial
            Bianca Santana - Foto: João Benz

            “Mas morreu esse tanto de gente por covid-19 mesmo?”

            Arquivo Pessoal

            O Sol de Cada Um

            Alicia Keys (Foto: Rob Latour/Shutterstock)

            Alicia Keys pede para Joe Biden lançar iniciativa de justiça racial nos EUA

            Enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, é a primeira brasileira a receber dose da vacina Coronavac (Foto: Governo do Estado de São Paulo / Divulgação)

            “Precisa dizer que Mônica é negra?”: o racismo à brasileira e a CoronaVac 

            Em foto de 2019, Ananda Portela segura a mão da avó, internada com covid-19 Imagem: Acervo Pessoal

            Após o final do ano, a covid-19 explodiu em minha família – e no país

            Thiago Amparo (Foto: Marcus Leoni/CLAUDIA)

            O Brasil é uma enfermeira preta vacinada

            Imagem: Arquivo Pessoal

            “Lutei e provei inocência do meu filho, hoje ajudo mães em penitenciárias”

            Gilmar Bittencourt Santos Silva - Arquivo Pessoal

            Quilombos podem ajudar a mudar o racismo estrutural?

            Arquivo Pessoal

            Governo do Rio sanciona Lei Ágatha, que prioriza investigação de crimes contra crianças e adolescentes

            Trending Tags

            • #memoriatemcor
            • Artigos e Reflexões
            • Casos de Racismo
            • Cotas Raciais
            • Violência Racial e Policial
          • Em Pauta
          • Discriminação e Preconceitos
            • Todos
            • Casos de Preconceito
            • Defenda-se
            Foto: Deldebbio

            Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

            FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

            Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

            A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

            Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

            Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

            Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

            (Jonathan Alcorn/AFP/)

            Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

            Imagem: Geledes

            Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

            GettyImagesBank

            13 palavras e expressões da língua portuguesa para não usar mais

            Racismo e desigualdades: o que há de democrático na Covid-19?

            Pixabay

            Coronavírus expõe o racismo ambiental: negros são o corpo que o Estado secou

            Trending Tags

              • Defenda-se
            • África e sua diáspora
              • Todos
              • Africanos
              • Afro-americanos
              • Afro-brasileiros
              • Afro-brasileiros e suas lutas
              • Afro-canadenses
              • Afro-europeus
              • Afro-latinos e Caribenhos
              • Entretenimento
              • Esquecer? Jamais
              • Inspiradores
              • No Orun
              • Patrimônio Cultural
              Francisco Ribeiro Eller (ou Chico Chico), 27 anos (Foto: Marina Zabenzi)

              Chicão, filho de Cássia Eller: ‘Batalha das minhas mães é parte do que sou’

              Elenco de 'Uma Noite em Miami' (Foto: Patti Perret/Amazon)

              ‘Uma Noite em Miami’: Regina King celebra o homem negro em encontro estelar

              O protagonista de "Os Intocáveis", Omar Sy, (Foto: Jordan Strauss/Invision/AP - Jordan Strauss)

              Além de Lupin: conheça a carreira de Omar Sy em 5 filmes

              O escritor nigeriano Wole Soyinka, durante visita ao Brasil em 2015 - Bruno Poletti/Folhapress

              ‘Aké’ é oportunidade de ler Wole Soyinka, um dos maiores nomes da África

              Divulgação

              Série Oxalaive promove 14 encontros poéticos virtuais

              Regé-Jean Page (Foto: Reprodução/Instagram)

              Quem é Regé-Jean Page, a estrela da série “Bridgerton”?

              Arte por Raquel Batista

              O Movimento Negro Organizado Hoje: Vozes da Coalizão Negra Por Direitos #DesenraizandoRacismo

              Ana Hikari (Reprodução/Insytagram/@ _anahikari)

              Ana Hikari, 1ª protagonista asiática da TV: ‘Passei a vida reduzida a japa’

              Netflix

              Lupin: Série francesa da Netflix quebra recorde na plataforma

              Trending Tags

                • Africanos
                • Afro-americanos
                • Afro-brasileiros
                • Afro-brasileiros e suas lutas
                • Afro-canadenses
                • Afro-europeus
                • Afro-latinos e Caribenhos
                • Entretenimento
                • Esquecer? Jamais
                • Inspiradores
                • No Orun
                • Patrimônio Cultural
              Sem resultados
              Ver todos os resultados
              Portal Geledés
              Sem resultados
              Ver todos os resultados

              Stuart Hall, o pensador do multiculturalismo

              23/02/2014
              em Artigos e Reflexões
              Tempo de leitura: 8 min.

              Stuart Hall, o pensador do multiculturalismo

              Stuart Hall, o pensador do multiculturalismo

              Severino Francisco

              Venício A. de Lima, professor aposentado da UnB, foi um dos primeiros a ministrar, no Brasil, cursos sobre os estudos culturais com base no trabalho do sociólogo jamaicano Stuart Hall. Durante o doutorado, nos EUA, na Universidade de Ilinois, ele entrou em contato com a vertente de estudos da cultura que propunha abordar a comunicação não mais como uma fórmula matemática de emissor e receptor, mas sim como sistema simbólico complexo. Esse interesse o levou até a obra de Stuart Hall, que não criou os estudos culturais, mas ampliou o seu campo e se tornou o mais brilhante e influente pesquisador. Questões como as do impacto da mídia na formação social, da cultura como espaço de criação valores, da afirmação das minorias étnicas e do multiculturalismo saltaram do âmbito restrito da academia e ganharam o espaço do debate público.

              ArtigosRelacionados

              Como a mídia ajudou a construir o “mito” que ameaça a democracia

              17/10/2018
              Largo da Batata foi tomado por manifestantes em apoio às mulheres: 250 mil pessoas, segundo organizadores (DANILO QUADROS / MÍDIA NINJA)

              Manifestantes tomam o Largo da Batata, em SP, para lutar contra o fascismo

              30/09/2018

              Verdadeiros culpados pelo tráfico de drogas são protegidos da mídia brasileira

              17/09/2017

              Nascido em 1932 em Kingston, na Jamaica, Hall encarnou, dramaticamente, na própria biografia, as disparidades, as singularidades e as contradições contemporâneas. Filho de pai inglês e mãe jamaicana, estudante na Inglaterra, se interessou pelas manifestações culturais dos povos marginalizados. Na trilha dos estudos pioneiros de Raymond Williams, de Richard Hoggart e de Antonio Gramsci, questionou, audaciosamente, os dogmas da esquerda ortodoxa. O mais célebre era o de que a cultura era um subproduto da economia. Mas a grande contribuição de Hall foi ampliar o campo de temas dos estudos culturais para os limites da raça, da sexualidade, dos gêneros e do multiculturalismo.

              Nesta entrevista, Venício fala sobre seu encontro com Stuart Hall, o legado de suas ideias, a importância do pensamento do jamaicano para os estudos de comunicação e as conexões com o Brasil, entre outros temas.

              Como foi seu contato com os estudos culturais e com a obra de Stuart Hall?

              Venício A. de Lima – Fiz o doutorado em um instituto tradicional dos EUA, na Universidade de Illinois, que, na época, era um local onde se debatiam os estudos culturais. A referência era um professor pouco conhecido no Brasil, James W. Carey. Ele estava orientando uma tese de doutorado de um aluno chamado Lawrence Grossberg, no fim da década de 1970. Grossberg havia estudado no Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS) da Universidade de Birmingham, onde o Stuart Hall já era a figura principal. Minha tese de doutorado era uma tentativa de pensar as questões da comunicação via Paulo Freire na perspectiva de um estudo cultural latino-americano. Tomei contato com o trabalho do CCCS por causa do tema da minha tese. Me interessava saber como a comunicação afetava a cultura. Anos depois, assisti a uma conferência de Stuart Hal, em 1988, quando fui à Inglaterra com uma ajuda do Conselho Britânico.

              Que impressão Stuart Hall passava?

              V.A.L. – Era uma figura diferenciada, um cara fascinante. Tinha uma presença física muito forte e falava muito bem, em um inglês claro. Era jamaicano e não tinha aquele sotaque que dificulta a compreensão de quem, como eu, tem uma formação norte-americana. Convergiam na figura e na circunstância biográfica dele uma série questões que passaram a ser centrais no estudo da cultura e da mídia.

              Que questões ele catalisava?

              V.A.L. – É preciso colocá-lo na perspectiva mais ampla de uma tendência que se desenvolve na Inglaterra e não começa com ele. Ele abraça essa tendência e a acaba se tornando a grande expressão dos estudos culturais. Depois da Segunda Guerra, durante as décadas de 1940 e 1950, na Europa , e especialmente na Inglaterra, há uma questionamento muito forte sobre a visão tradicional do economicismo do marxismo ortodoxo sobre a cultura.

              A visão de que a cultura seria um subproduto da economia…

              V.A.L. – Isso tem uma abrangência muito grande no marxismo ocidental. Esse questionamento está presente nos pensadores da Escola de Frankfurt e, sobretudo, ficou associado ao pensamento do italiano Antonio Gramsci. Na Inglatarra, se dá em torno de alguns trabalhos importantíssimos. Valeria a pena mencionar três figuras: Richard Hoggart, autor de The uses of literacy, tem um argumento interessante: mostra como a cultura de massa surgiu, na Inglaterra, com o livro de bolso. Lá, a classe operária é diferente de qualquer outro lugar. O Raymond Williams, figura extraordinária na revalorização da cultura como elemento essencial de constituição da sociedade. E o terceiro é E. P. Thompson, autor do famosoThe Making of the English Working Class.

              Qual é a virada que eles promovem no campo do pensamento sobre a cultura?

              V.A.L. – A de que a criação cultural vai muito além da determinação econômica, envolvendo o eixo de disputa do poder, a significação social e a produção dos sentidos. Quando o centro de Birmingham é fundado, a característica principal era uma reavaliação do papel da cultura no mundo contemporâneo. Desde que entrei na universidade como aluno meu interesse era compreender o papel da mídia nas transformações que ocorrem na sociedade. E o interessante é que o centro tinha um caráter multidiscplinar: reunia pessoas de história, da sociologia, da antropologia, da literatura e da comunicação. O trabalho era organizado em grupos de estudos transdisciplinares. Há um novo entendimento de cultura e de comunicação. A comunicação é entendida como um sistema simbólico abrangente, locus da disputa do poder.

              Qual a contribuição de Stuart Hall no sentido da ampliação dos estudos culturais?

              V.A.L. – No começo dos anos 1980, a ideia de estudos culturais se consolida no sentido da preocupação com diversidade e a disputa de poder. É nesta época que proliferam os grupos de estudos sobre raça, gênero e mídia. Toda essa preocupação com multiculturalismo e identidade surge lá. Veja só: ele era um negro jamaicano, filho de uma relação multirracial, o pai era negro e a mãe branca. Já era diferente do modelo familiar tradicional, vinha de uma colônia inglesa em luta pela emancipação, como era excelente aluno ganhou bolsa de estudos para estudar em Oxford. Vai para a Inglaterra e inclui mais uma situação inusitada em sua vida: casa-se com uma inglesa tradicional, professora de história. Nele convergem, portanto, muitas contradições das mundo contemporâneo.

              Que mudanças Stuart Hall promoveu, especificamente, no pensamento sobre a comunicação?

              V.A.L. – O debate sobre as comunicações era feito a partir de um modelo positivista, matemático, de transmissão de informação entre um emissor ativo e um receptor passivo. Então, os estudos culturais deslocaram completamente o eixo para a discussão da dinâmica cultural e para como a cultura pop interage com essa teia de significação. É uma mudança completa de foco.

              Em que medida o debate acadêmico promovido por Stuart Hall migrou para o espaço público?

              V.A.L. – Na Inglaterra, migrou de uma forma muito clara com as intervenções que ele fez no debate durante a era de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, nos Estados Unidos, com a ascensão do neoliberalismo. Hall forjou inclusive o termo “thatcherismo”. Isso acaba levando ao fechamento do CCCS em 2002.

              Mas até que ponto as ideias dele suscitaram políticas públicas?

              V.A.L. – Muitas das coisas que começaram em Birmingham se tornaram questões e políticas públicas: o reconhecimento do mundo patriarcal e a emergência do feminismo, a valorização multiétnica e racial.

              O pensamento dele é importante no sentido de interpretar o caráter híbrido da cultura brasileira?

              V.A.L. – No Brasil, existem pesquisadores que trabalham com música popular, com literatura, com cinema e com identidade, influenciados por Stuart Hall. Ele é uma pessoa difícil de aprisionar dentro das classificações acadêmicas.

              Gilberto Freyre não teria antecipado os estudos culturais ao mostrar que, mesmo subjugados do ponto de vista das relações de poder, os negros africanos devoraram a cultura dos senhores da senzala?

              V.A.L. – Concordo, mas com uma diferença fundamental: a matriz interpretativa era diversa dos estudos culturais ingleses, de origem marxista, com uma ótica de análise nas relações de classe. Gilberto Freyre não tem afinidade com essa linha de investigação.

              Qual a influência de Stuart no pensamento sobre a mídia no Brasil?

              V.A.L. – No debate acadêmico sobre a mídia no Brasil, a influência dele foi mínima. Tenho uma hipótese: a comunicação e a importância da mídia privada na construção contemporânea no Brasil é completamente distinta da Inglaterra. No caso inglês, o sistema majoritário da mídia é, historicamente, público e não privado. Não se exige diploma para exercer a profissão. No Brasil, prevalece a especialização norte-americana, o que nos coloca no polo oposto de Hall. Para ele, o debate sobre a comunicação não pode ser departamentalizado. É algo de interesse multiciscplinar. Ele se interessa pelas manifestações culturais, pelas tribos urbanas, pelas novas formações étnicas, pela identidade.

              O pensamento engajado de esquerda tende a ser dogmático em razão do interesse na transformação social. Em que medida Stuar Hall escapou desta sina?

              V.A.L. – Ele falava que era preciso praticar um “marxismo sem garantias”, quer dizer, sem determinismos. Não basta ter uma posição, é preciso conhecer o pensamento do adversário para refutá-lo de uma maneira competente e convincente. Não cultivamos essa qualidade na tradição brasileira, nós rejeitamos sem conhecer.

              Na era virtual, há uma pulverização nas formas de transmissão, acesso e consumo da cultura e da informação. Isso não muda tudo?

              V.A.L. – Nenhuma das palavras que você usou faz parte do vocabulário conceitual dos estudos culturais. Junto com as novas tecnologias, vem junto um vocabulário que aprisiona o pensamento. Muda muita coisa, mas ainda mudou relativamente muito pouco. Pesquisa recente no Brasil mostra que, apesar de todo avanço do mundo digital, a maior fonte de informação e de formação de valores continua sendo a velha mídia da tevê aberta para 84% da população. Não sabemos ainda para onde isso tudo está caminhando. Há muitas mudanças importantes. Muito mais gente está tendo voz no espaço público, mas, no caso brasileiro, ele continua controlado por poucos grupos privados.

              Fonte: Observatório da Imprensa

              O pessimismo de Stuart Hall é um alerta importante para os rumos da esquerda na América Latina

              Venício Lima: Stuart Hall e os estudos de mídia

              Aos 82 anos, morre o teórico cultural Stuart Hall

              Nota de óbito de Stuart Hall: Teórico cultural influente, ativista e fundador da New Left Review

              Tags: MídiamulticulturalismoStuart Hall
              PLPs em Ação - Geledés no enfrentando ao corona virus PLPs em Ação - Geledés no enfrentando ao corona virus PLPs em Ação - Geledés no enfrentando ao corona virus
              Postagem Anterior

              Nosso futebol racista ou os macacos de si mesmos – por Marcos Souza

              Próxima Postagem

              A história do ódio no Brasil e a ideia de Leandro Karnal

              Deixe um comentário abaixo, sua contribuição é muito importante.

              Artigos Relacionados

              Comunicação

              Como a mídia ajudou a construir o “mito” que ameaça a democracia

              17/10/2018
              Largo da Batata foi tomado por manifestantes em apoio às mulheres: 250 mil pessoas, segundo organizadores (DANILO QUADROS / MÍDIA NINJA)
              Em Pauta

              Manifestantes tomam o Largo da Batata, em SP, para lutar contra o fascismo

              30/09/2018
              Direitos Humanos

              Verdadeiros culpados pelo tráfico de drogas são protegidos da mídia brasileira

              17/09/2017
              Em Pauta

              Charlottesville: Mídia brasileira evita palavra “nazistas” e escolhe “supremacistas”

              15/08/2017
              Comunicação

              Como a casta política controla o que o brasileiro sabe

              27/06/2017
              Foto: Getty Images
              Comunicação

              Mídia estrangeira destaca Lula como vítima de perseguição

              12/05/2017
              Próxima Postagem
              tiradentes-supliciado-de-pedro-americo2

              A história do ódio no Brasil e a ideia de Leandro Karnal

              Últimas Postagens

              Bianca Santana - Foto: João Benz

              “Mas morreu esse tanto de gente por covid-19 mesmo?”

              20/01/2021

              O Sol de Cada Um

              Mulheres negras, política e cultura do cancelamento no Brasil republicano

              Escritora e ativista Maya Angelou ganha Barbie em sua homenagem no mês da História Negra

              Alicia Keys pede para Joe Biden lançar iniciativa de justiça racial nos EUA

              “Precisa dizer que Mônica é negra?”: o racismo à brasileira e a CoronaVac 

              Artigos mais vistos (7dias)

              Netflix

              Lupin: Série francesa da Netflix quebra recorde na plataforma

              11/01/2021
              Regé-Jean Page (Foto: Reprodução/Instagram)

              Quem é Regé-Jean Page, a estrela da série “Bridgerton”?

              13/01/2021
              Diego Reis, CEO do Banco Afro | Divulgação/Imagem retirada do site o Globo

              Banco Afro atinge 30 mil clientes com salto após declaração de sócia do Nubank

              13/01/2021

              52 nomes africanos femininos e masculinos para o seu bebê

              31/03/2020
              iStockphoto

              Aprenda definitivamente a usar a vírgula com 4 regras simples

              10/06/2015

              Twitter

              Facebook

              • A coluna NOSSAS HISTÓRIAS desta quarta-feira vem com a assinatura da historiadora Iracélli da Cruz Alves! O tema “Mulheres negras, política e cultura do cancelamento no Brasil republicano” é abordado no artigo e no vídeo nos quais ela oferece reflexões a partir de registros da atuação de mulheres negras integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) na década de 1940! Confira um trecho: “O que essas mulheres têm em comum? Todas eram comunistas, trabalhadoras e muito provavelmente negras, como é perceptível nas poucas imagens que até hoje encontrei. Além disso, não podemos esquecer que a classe trabalhadora brasileira tem sido majoritariamente negra, o que aumenta a probabilidade de essa pressuposição fazer sentido para os casos em que não acessei registros fotográficos. Outro ponto em comum em suas trajetórias é que todas participaram ativamente da vida política do país em meados do século XX, atuando significativamente no partido no qual escolheram militar. No entanto, foram praticamente esquecidas (ou silenciadas?) tanto pela historiografia política do Brasil quanto pelas narrativas históricas sobre o PCB. Os nomes delas, na maioria das vezes, nem sequer são citados.” Leia todo o artigo no Geledés: https://www.geledes.org.br/mulheres-negras-politica-e-cultura-do-cancelamento-no-brasil-republicano/ Veja o vídeo no Acervo Cultne: https://youtu.be/pS35-3RuNMc
              • Já que o mundo está em medida de contenção social, acredito estar diante de um dos maiores desafios que o ser humano possa receber da vida, que é o de ter a oportunidade de ficar sozinho e explorar a sua consciência, conhecer quem é essa pessoa que cohabita em meu corpo, ou seja tentar descobrir quem “eu dentro de mim”. Leia o Guest Post de Tatiane Cristina Nicomedio dos Santos em: www.geledes.org.br
              • Enfermeira Monica Calazans, primeira pessoa vacinada em território nacional
              • "Escolhi parafrasear no título do presente guest post a escritora brasileira, Conceição Evaristo, que constrói contos e poemas reveladores da condição da população negra no país. A intelectual operaciona a categoria de “escrevivência”, através de uma escrita que narra o cotidiano, as lembranças e as experiências do outro, mas sobretudo, a sua própria, propagando os sentimentos, as lutas, as alegrias e resistências de um povo cujas vozes são silenciadas." Leia o Guest Post de Ana Paula Batista da Silva Cruz em: www.geledes.org.br
              • ✊🏾 1960-1970: Grupo Palmares de Porto Alegre e a afirmação do Dia da Consciência Negra ✊🏾 Está disponível mais uma sala da Exposição “20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra” no Google Arts & Culture! Link: https://artsandculture.google.com/culturalinstitute/beta/u/4/exhibit/1960-1970-grupo-palmares-de-porto-alegre-e-a-afirma%C3%A7%C3%A3o-do-dia-da-consci%C3%AAncia-negra/tgLSJakjmcizKA 🙌🏿 Esta sala é especialmente dedicada à movimentação do Grupo Palmares em Porto Alegre, fundado em 1971, afirmando o Vinte de Novembro como Dia da Consciência Negra. Em 2021, o Vinte completa 50 anos! Conecte-se ao compromisso de ativistas negros e negras gaúchas em defesa de uma história justa sobre as lutas negras por liberdade por meio de depoimentos, fotografias, poemas, anotações, cartas, entre outros documentos. Vamos junt@s! 🖤 O material pode ser acessado em português e inglês e é mais um resultado da parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs(@historiadorxsnegrxs , Geledés Instituto da Mulher Nega e o Acervo Cultne! (@cultne) 🎉 Ao longo de todo 2021, muitas outras “Nossas Histórias” sobre vidas, lutas e saberes da gente negra serão contadas em salas de exposições virtuais!
              • "A história do indigenismo no século XIX tem importantes pontos de conexão com a história do tráfico escravista. A investigação dessas conexões permite compreender como possibilidades de branqueamento foram projetadas na nação brasileira, para além da mais conhecida: a imigração europeia ocorrida entre o último quartel do século XIX e 1930." Leia o artigo do historiador Samuel Rocha Ferreira publicado na coluna “Nossas Histórias” **A coluna “Nossas Histórias” é uma realização da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros em parceira com o Portal Geledés e o Acervo Cultne.
              • "Afirmar que este ano foi ganho para a EDUCAÇÃO parece beirar à cegueira. Escolas fechadas, estudantes, professores, gestores todos os servidores em casa e sem aulas presenciais." Leia o Guest Post de Jocivaldo dos Anjos em: www.geledes.org.br
              • Territórios negros e periféricos no enfrentamento à pandemia da COVID-19: um estudo sobre as ações desenvolvidas na região metropololitana de São Paulo Por compreender a importância das diversas iniciativas realizadas para o enfrentamento da Covid-19, Geledés Instituto da Mulher Negra, Rede Conhecimento Social e um grupo de coletivos e movimentos sociais realizaram uma pesquisa sobre as formas de atuação e enfrentamento à pandemia da COVID-19 protagonizadas pela sociedade civil na região metropolitana de São Paulo, de forma a identificar as experiências, as problemáticas enfrentadas e os desafios para a continuidade das iniciativas. Para saber mais acesse www.geledes.org.br
              Facebook Twitter Instagram Youtube

              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

              Fique em casa

              Bianca Santana - Foto: João Benz

              “Mas morreu esse tanto de gente por covid-19 mesmo?”

              20/01/2021
              Arquivo Pessoal

              O Sol de Cada Um

              20/01/2021
              Arquivo Pessoal

              Mulheres negras, política e cultura do cancelamento no Brasil republicano

              20/01/2021

              1997 - 2020 | Portal Geledés

              Sem resultados
              Ver todos os resultados
              • Home
              • Geledés
                • O Geledés
                • Quem Somos
                • O que fazemos?
                • Projetos em Andamento
                  • PLPs em Ação – Geledés no Enfrentamento ao coronavírus
                • Apoiadores & Parceiros
                • Geledés no Debate
                • Guest Post
                • Gęlędę na tradição yorubá
                • Publicações de Geledés
                • Geledés 30 anos
                • Memória Institucional
                • Worldwide
              • Questões de Gênero
                • Mulher Negra
                • Violência contra Mulher
                • LGBTQIA+
                • Sueli Carneiro
                • Marielle Franco
              • Questão Racial
                • Artigos e Reflexões
                • Casos de Racismo
                • Cotas Raciais
                • Violência Racial e Policial
              • Em Pauta
              • Discriminação e Preconceitos
                • Defenda-se
              • África e sua diáspora
                • Africanos
                • Afro-americanos
                • Afro-brasileiros
                • Afro-brasileiros e suas lutas
                • Afro-canadenses
                • Afro-europeus
                • Afro-latinos e Caribenhos
                • Entretenimento
                • Esquecer? Jamais
                • Inspiradores
                • No Orun
                • Patrimônio Cultural

              1997 - 2020 | Portal Geledés

              Welcome Back!

              Login to your account below

              Forgotten Password?

              Create New Account!

              Fill the forms bellow to register

              All fields are required. Log In

              Retrieve your password

              Please enter your username or email address to reset your password.

              Log In

              Add New Playlist

              Utilizamos cookies para fornecer uma melhor experiência para os visitantes do Portal Geledés. Ao prosseguir você aceita os termos de nossa Política de Privacidade.OKVer Política de Privacidade