A Unicamp lançou ontem, no auditório do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), o UnicampAfro, que consiste em uma programação mensal
Por Francisco Lima Neto, Do Correio
A Unicamp lançou ontem, no auditório do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), o UnicampAfro, que consiste em uma programação mensal com diferentes atividades acadêmicas e culturais. A primeira ação desse projeto será o Novembro Negro na Unicamp. O objetivo é abordar a temática das Africanidades Brasileiras na universidade, em uma perspectiva multidisciplinar, destacando a sua influência na construção da identidade brasileira, com debates sobre o racismo institucional e a construção histórica das políticas de igualdade racial no País, tendo como horizonte o tensionamento da concepção etnocêntrica universalista.
O evento surgiu a partir da mobilização. “A chamada inicial veio do GGBS, que já estava pensando em uma programação específica para o mês de novembro. Em conversas com coletivos negros da Unicamp, sindicatos, todos disseram que tinham alguma proposta de evento. O nosso papel na comissão assessora é integrar a comunidade da Unicamp. A gente constuiu a agenda, a pauta como sendo da universidade, institucional”, diz Débora Cristina Jeffrey, professora da Faculdade de Educação e presidente da Comissão Assessora da Diversidade Racial, que integra a diretoria executiva de direitos humanos.
Durante todos os dias do mês de novembro ocorrerão atividades relacionadas ao tema. “Acho extremamente importante pela força do coletivo. Estamos em um momento muito meritocrático e individualista, cada um correndo por si. A universidade mostra que está na contramão disso. Se abre para as cotas étnico-raciais, tem a chegada dos estudantes negros e indígenas e por assumir essa pauta de fato”, explica a professora.
Segundo o reitor, Marcelo Knobel, a intenção é sensibilizar a comunidade para o debate, já que a universidade tem mais mil alunos negros ingressantes. “Um tema que existe e que está espalhado na sociedade, que em geral, evita falar, e aqui tem realmente a discussão de frente, com pesquisadores, com pessoas que estudam o assunto, com coletivos que militam nessa área. É importante a gente ver uma programação variada, que tem aqui discussões acadêmicas, atividades artísticas, para conscientizar a sociedade e a comunidade nesse novo momento de virada da Unicamp”, afirma, apontando que o evento deve se tornar fixo.
Neri de Barros Almeida, diretora executiva de Direitos Humanos da universidade afirma que é um passo importante na inclusão. “O nosso mundo é muito exclusivo e quem não é alvo de exclusão não percebe. O que a nossa comunidade negra vai fazer, vai ter uma importância histórica muito grande”, define.
O evento servirá como um laboratório para a programação do mês Indígena em Abril de 2020.
Vestibular Indígena
Neste ano, na segunda edição do Vestibular Indígena, a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) registrou 1.675 inscritos para realizar a prova. O que representa um aumento de 170% com relação ao vestibular do ano passado, que atraiu 610 interessados. Este ano, houve ampliação das vagas oferecidas por essa modalidade de ingresso, que passaram de 72 para 96. Também houve a inserção de sete novos cursos. As duas cidades com maior número de inscritos são do Amazonas: Tabatinga, com 837 candidatos e São Gabriel da Cachoeira, com 513 inscritos. A cidade de Tabatinga foi inserida no Vestibular Indígena esse ano.
Os cursos mais procurados foram: Enfermagem (398 inscritos), Farmácia (165), Pedagogia (103), Nutrição (95), Administração (88), Educação Física (82), Ciências Biológicas (55), Administração Publica (49), Educação Física Noturno (47) e Engenharia Elétrica (46). A lista completa está na página eletrônica da Comvest: http://www.comvest.unicamp.br.
A prova será realizada no dia 1º de dezembro (seguindo o horário local), nas seguintes cidades: Bauru (SP), Campinas (SP), Caruaru (PE), Dourados (MS), São Gabriel da Cachoeira (AM) e Tabatinga (AM). A prova será em língua portuguesa, composta de questões de múltipla escolha e uma Redação, da seguinte maneira: Linguagens e códigos (14 questões); Ciências da Natureza (12 questões); Matemática (12 questões); Ciências Humanas (12 questões); e uma Redação. O programa de estudos para a prova está disponível no Edital, na página da Comvest: http://www.comvest.unicamp.br.
No ano passado, na primeira edição do Vestibular Indígena Unicamp, a Comvest registrou 610 inscritos, que disputaram 72 vagas oferecidas. Foram matriculados 64 estudantes, de 23 etnias do Brasil.