Eduardo Luis Pinheiro dos Santos foi detido em 9 de abril.
No dia 13 de abril, a família encontrou ele morto no IML
Sexta-feira (9), 21h. Um grupo de jovens discute numa rua da Zona Norte de São Paulo por causa do sumiço de uma bicicleta. Um carro da Polícia Militar passa. O mais exaltado dos rapazes é dominado e preso: Eduardo Luis Pinheiro dos Santos, 30 anos, motoboy. Chega reforço e mais três são levados pela policia.
Poucos metros adiante, os rapazes desembarcam. Estão num quartel da policia militar que funciona ao lado de uma delegacia. No quartel, Eduardo é separado dos outros rapazes e levado para os fundos.
Uma testemunha diz que apenas Eduardo foi algemado.”Só o Eduardo, porque ele acabou meio que falando meio alto, acabou desacatando a autoridade então acabou que foi algemado e tudo o mais”, diz.
A testemunha diz que imaginou que iria ser levado para o interior da delegacia. “Na hora da abordagem, os próprios policiais falaram ‘não, chegando lá vocês vão falar com o delegado’, só que na verdade não teve delegado nenhum’, diz.
No quartel, Eduardo é separado dos outros rapazes e é levado para os fundos. “Levaram pro fundo e ali mesmo deram uns chutes nele, umas bicas e tal”, diz a testemunha, que afirma ter presenciado a agressão. “Ah, ele gritava pela mãe dele, que estava doendo, que não precisava fazer isso. Ele apanhou muito, eu não queria estar na pele dele.”
Às 23h daquela sexta-feira, os policiais liberam os rapazes. Menos Eduardo. “Eles falaram, ‘não, é só isso mesmo, vocês estão dispensados e ele vai ficar um pouquinho a mais aqui'”, diz a testemunha.
Meia-noite A 3 km do quartel, policiais militares registram o encontro de um homem negro, jogado na calçada. Segundo os policiais, ele não tem documentos.
“Não houve esse fato. Nós acreditamos que o Eduardo tenha falecido na companhia e pra desmascarar essa ocorrência ele foi abandonado na rua para mascarar a ocorrência anterior”.
Sábado (10), 0h12. O homem levado pelos policiais chega morto ao pronto-socorro. Na ficha do desconhecido, o médico escreve: hematomas na região do crânio, equimoses – ou manchas de sangue internas – nas costas e nas pernas, sangramento nasal e ferimento no joelho esquerdo. Causa possível da morte: trauma no crânio ou hemorragia.
Segunda-feira (12). A família de Eduardo procura por ele, fica sabendo da prisão e vai até a polícia. “Pra nós disseram que não tinha nenhum registro, nada que provasse que ele tivesse estado lá. Nem na delegacia, nem na companhia da PM”, diz a mãe de Eduardo.
Terça-feira (13), 0h25. A família registra o desaparecimento de Eduardo.
Fonte: G1
Às 22h, a família encontra o rapaz no Instituto Médico Legal (IML). “Foi quando a gente não tinha mais muita opção de procura, acabamos indo até o IML e encontramos ele lá. Morto”, conta a mãe de Edurado.
O Departamento de Homicídios da Policia Civil está convencido de que Eduardo foi assassinado e já pediu ao comando da PM os nomes e as fotos dos policiais militares que estavam de plantão na noite da morte do rapaz. O objetivo da investigação é identificar quem são os policiais militares que teriam participado da sessão de tortura e espancamento. “Os policiais militares estão sendo recolhidos aqui para a Corregedoria para que todos sejam ouvidos e esclarecida a verdade”, afirma o major da PM Reinaldo Zychan.
Para a família de Eduardo, ficou a dor e o vazio da perda. “Pra mim ele esta viajando, pra mim ele vai chegar, ele vai chegar. Eu olho na rua pra ver se é ele que está chegando. É muito difícil”, afirma a mãe do rapaz.
Em nota o secretário de Segurança Antonio Ferreira Pinto afirma que determinou “a mais rigorosa investigação dos fatos” e que a secretaria não concorda com os fatos que ele chamou de “abomináveis.”