Caixa negra se diz vítima de discriminação em Sorocaba, SP
Ela teria sido ofendida por cliente dentro do estabelecimento onde trabalha.
A suspeita será intimada a depor nos próximos dias.
Uma caixa de 21 anos afirma ter sido vítima de discriminação racial em Sorocaba, no interior de São Paulo. O caso ocorreu na quinta-feira (12), quando uma cliente teria lhe ofendido dentro do estabelecimento onde a vítima trabalha, no bairro de Brigadeiro Tobias. Segundo a caixa, a cliente teria gritado que ela era burra e feito ofensas em relação ao fato dela ser negra. O estabelecimento comercial estava lotado. A suspeita, que pode responder a crime de racismo, será intimada a depor.
“Sou igual qualquer uma e é por isso que não abro mão de levar esse caso à Justiça. Ninguém pode me desmerecer em razão da minha cor. Ela me rebaixou demais”
Ao G1, nesta sexta-feira (13) a caixa afirmou que vai levar o caso “até o fim” e não abre mão de mover ação judicial contra a suspeita. “Foi um ataque gratuito e que acabou comigo. Sempre trabalhei com gente e jamais havia sofrido constrangimento semelhante. Jamais abriram a boca para falar qualquer coisa em relação a minha cor. A loja estava lotada. Foi uma vergonha”, relata.
Segundo a jovem, a mulher de 34 anos – que teve o nome e a idade identificados graças a documentos pessoais que foram deixados no local de trabalho da vítima – foi até o caixa do estabelecimento para efetuar o pagamento de algumas contas. Como é procedimento, a vítima tentou fazer o saque para então usar o dinheiro para o pagamento, mas o sistema emitiu, por sucessivas vezes, uma mensagem que alertava que o valor máximo diário para saque já havia sido excedido. A operação teria sido repetida na máquina da outra caixa, que também apontou impossibilidade de pagamento.
Segundo a caixa e testemunhas, nesse momento a cliente teria afirmado que a jovem era burra e que era incapaz de trabalhar naquele local. Pouco depois, teria deixado o local dizendo que a caixa “tinha que ser negra”. Todo o episódio foi filmado pelo circuito interno de monitoramento do estabelecimento e será entregue à polícia, segundo informa a vítima.
Sem a presença da suspeita, a delegada Maria Tereza Cardum registrou um boletim de ocorrência de injúria. O crime tem pena prevista de 1 a 3 anos de reclusão, mas pode ser aumentada caso a injúria seja praticada na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa. O inquérito será conduzido pela Delegacia de Defesa da Mulher de Sorocaba. A suspeita deverá ser intimada a depor dentro de uma semana. O G1 tentou, mas não conseguiu ouvir a versão da suspeita a respeito dos fatos.
Fonte: G1