‘Tive câncer de ovário aos 14 anos’

Quando Kelliyah, de 14 anos, começou a sentir fortes dores abdominais, ela inicialmente imaginou que a causa fosse um excesso de bebidas com gás e falta de exercício.

Da BBC 

GETTY//MATTZ90 – Archivo

Ela viveu com os sintomas persistentes durante semanas antes de ir para o hospital.

Assim que chegou à unidade de saúde, os médicos encontraram um tumor do tamanho de uma abóbora e, em 24 horas, Kelliyah foi diagnosticada com câncer de ovário. O tumor encontrado pelos médicos pesava mais de 5 kg.

O que é câncer de ovário?

Um dos tipos mais comuns de câncer em mulheres – cerca de 7.500 novos casos são diagnosticados por ano no Reino Unido – o equivalente a 20 por dia.

80% dos casos afetam mulheres com mais de 50 anos.

As taxas de sobrevivência são melhores para as mulheres mais jovens, mas elas dependem de quão avançado está o câncer quando ele é diagnosticado.

Não há testes de triagem e rastreio confiáveis para detectar o câncer do ovário, em comparação com os do colo do útero, intestino e mama, porque os sintomas podem ser difíceis de interpretar.

“Minha barriga ficou muito grande, mas eu pensei que estava engordando”, diz Kelliyah, de Londres.

“Comecei a fazer exercícios, subir ladeiras, fazer flexões, mas nada funcionava.”

“Então, virei vegana, mas minha barriga estava ficando cada vez maior”, conta. “Minha mãe disse: ‘Deixe-me tocar sua barriga’, e, sem brincadeira, foi como se eu estivesse grávida.”

“Depois daquilo, comecei a sentir muita dor. Era como se algo estivesse me cutucando por dentro, e eu não conseguia comer nada.”

‘Eu queria ter contato com alguém’

A médica oncologista ginecológica da University College London, Adeola Olaitan, diz que “a chance de uma mulher ter câncer de ovário é de cerca de uma em cada 50”.

“É mais comum em mulheres que não tiveram filhos, mulheres que fizeram tratamento para infertilidade, aquelas que não tomaram a pílula anticoncepcional combinada, que protege, e mulheres que não amamentaram.”

Kelliyah se esforçou para encontrar informações online sobre seu diagnóstico e como isso afeta mulheres e meninas mais jovens.

“Comecei a ver muitas mulheres – de 40, 38 anos – eu pensava, tipo ‘não sou velha, por que não há adolescentes?’ Eu queria ter contato com alguém “, diz ela.

“Alguns jovens têm vergonha de dizer que têm câncer e falar sobre isso. É um assunto muito sensível.”

Kelliyah está agora em remissão – fase da doença em que ela não apresenta atividade-, mas deve fazer check-ups a cada três meses pelos próximos cinco anos.

Ela ainda pode ter filhos, mas enfrenta a possibilidade de uma menopausa prematura.

“Isso me fez perceber que tudo pode acontecer e que você deve aproveitar cada pequena coisa na vida”, diz ela.

“Eu quero fazer tudo agora, agora, agora – o tempo não espera por ninguém.”

Julgamento

A mãe de Kelliyah, Ashley Avorgah, também está preocupada com estigmas de saúde em algumas comunidades.

“Eles veem isso como um constrangimento”, diz ela.

“Há uma falta de comunicação dentro da minha comunidade quando se trata de doença. Eles não querem que ninguém os julgue.”

A taxa de diagnóstico de câncer de ovário em mulheres com menos de 25 anos no Reino Unido aumentou em 85% entre 1993-95 e 2014-16, mas o número total ainda é baixo – há cerca de 140 casos por ano.

“No câncer de ovário, a falta de diagnósticos pode ser agravada pelo fato de que é um câncer particularmente raro nessa faixa etária e pode ser difícil de detectar porque os sintomas são muitas vezes semelhantes a outras doenças durante um período”, Ben Sundell, da Teenage Cancer Trust.

Um medicamento para tratar casos avançados de câncer de ovário foi aprovado para uso em pacientes recém-diagnosticados na Inglaterra em julho de 2019. Um estudo com mostrou que ele poderia retardar a progressão da doença em três anos.

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