Curso é parceria entre TJ e Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
Alagoas é um dos estados que mais registra crimes contra o jovem negro.
Por: Natália Souza
Magistrados, promotores de Justiça, procuradores, comandantes, delegados de polícia, entre outros operadores ligados diretamente e indiretamente ao sistema judiciário de Alagoas passarão por um curso de capacitação sobre relações étnico-raciais. O evento realizado na Esmal foi viabilizado através de um acordo de cooperação firmado, na manhã desta quinta-feira (4), entre o Tribunal de Justiça de Alagoas e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).
De acordo com último levantamento do Mapa da Violência, os estados de Alagoas, Espírito Santo e Paraíba são os que mais registram crimes violentos e intencionais contra o jovem negro. Segundo o estudo, 1.964 negros foram assassinados em Alagoas no ano de 2010.
Diante dos dados expostos pela reportagem do G1, a ministra Luiza Bairros, titular da SEPPIR, afirmou que a maioria dos crimes contra negros é resultado de algum fator ligado ao racismo. A ministra reforçou a importância da parceria com o TJ e da capacitação dos profissionais que atuam no Judiciário.
“Para vencer o problema do racismo é preciso, antes de tudo, reconhecer que ele existe na sociedade brasileira. Para se ter uma ideia, uma pesquisa realizada pela SEPPIR revelou que a morte violenta de um jovem negro choca menos que o crime violento cometido contra o jovem branco. Essa informação foi confirmada por mais de 50% das pessoas entrevistadas durante o estudo e é o que reflete sobre o sentimento da sociedade”, disse.
“É evidente que os homicídios contra o jovem negro estão ligados diretamente ao preconceito e ao racismo, então é preciso que as investigações não fiquem pela metade, que os casos sejam julgados e que os atores do sistema de Justiça legitimem as instituições a que pertencem e façam valer o direito de todos”, completou a ministra.
Mudança de comportamento
O vice-presidente do TJ, desembargador Tutmés Airan destacou que o preconceito racial está instalado em todas as esferas da sociedade, inclusive no judiciário. “Vencemos a escravidão, mas é preciso vencer o preconceito. Necessitamos de uma mudança no pensamento e no comportamento da população em geral”, disse.
Airan afirmou que os registros atuais sobre os crimes raciais cometidos contra os negros são inferiores à realidade. “Os números ainda são insignificantes, pois acredito que muitas vítimas de racismo deixam de denunciar devido ao sentimento de impotência e à desacreditação do poder público na atuação dos casos”, afirmou.
Fonte: G1