Faculdade de Direito instala processo administrativo contra os 198 estudantes envolvidos em trote
Por: ISABELLA LACERDA
Professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) entraram com recurso contra decisão da Faculdade de Direito da instituição de instaurar processo administrativo contra 198 alunos que participaram de um polêmico trote em março deste ano. Para os docentes, é preciso que os estudantes envolvidos sejam punidos por terem praticado os crimes de racismo, apologia ao nazismo e sexismo.
Segundo a professora do Departamento de História Regina Helena Alves, que assina o recurso, toda a UFMG foi atingida pela decisão de “abrandar” a punição aplicada aos alunos. “Quando uma unidade acadêmica aceita que ações comprovadas de racismo e apologia ao nazismo sejam apenas brincadeiras de mal gosto, ela nos atinge diretamente ao jogar por terra todas as nossas ações e tudo que já produzimos em nossa universidade para combater esses dois crimes”, critica.
De acordo com o recurso, que é assinado por outros três professores, dos cursos de psicologia, ciência política e arquitetura, a atuação da universidade no que diz respeito à investigação “foi incoerente e atentatória ao princípio da moralidade”.
“Investigar apenas a realização da festa e a venda de bebidas na universidade não é suficiente. É preciso analisar os crimes cometidos, tão divulgados pela imprensa após a realização do trote. Estamos preocupados com a imagem da nossa universidade”, afirma Regina.
Ações. O recurso foi apresentado anteontem à congregação da Faculdade de Direito, responsável pela apuração do trote. No documento, que já foi recebido pela universidade, os professores pedem a anulação da portaria e a abertura de nova investigação, que, desta vez, deve ser conduzida pelo Conselho Universitário da UFMG. O grupo ainda pede para que a atuação de cada um dos alunos envolvidos seja individualizada, levando em conta a prática dos crimes.
Professores da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG também prometem fazer denúncias ao Conselho Universitário e às secretarias de Igualdade Racial e de Direitos Humanos, do governo federal. Os docentes ainda defendem que a universidade adote novas regras para regulamentar os trotes e festas internas, determinando formas rígidas de punições aos excessos, que não são raros.
Procurada, a Faculdade de Direito informou, por meio da sua assessoria, que vai analisar o recurso. A UFMG apenas vai se posicionar nos próximos dias, quando tomará uma decisão sobre o caso.
UFMG processa 198 alunos, mas não vê racismo em trote
Fonte: O Tempo