Seria um evento fomentado por pretos, em celebração às vertentes musicais de origem africana, o estopim da segregação?
Por Nayara de Deus Do Negro Belchior
Faltando poucos dias para a primeira edição do Festival Afro Music, iniciativa de um punhado de pretos que optou por promover encontro formado por staff de pretos, com line up de Dj’s e música ao vivo composto por artistas também negros – já circula, nos bastidores, que será este um festival de cunho político separatista.
Não obstante tais declarações sejam conflituosas com a descrição do próprio ato, que em suas linhas explica que “O [evento] nasce da necessidade de reforçar tal protagonismo [do negro no som] por meio de manifestações musicais, além de apresentar novo panorama da música afro contemporânea e independente de SP, produzida ou, assinada por artistas pretos…]” – a boataria não parece ter surtido qualquer efeito junto ao corpo executivo da execução do festival.
Hever Alvz, idealizador do festival
“Em um evento feito por pretos para pretos, não precisam ser abertas brechas para que se tencione o debate. Sequer se faz necessária a definição de estratégia para atingir um tipo de público. Será um encontro aberto a todos os interessados, no entanto, de total cunho afirmativo. Um ato político de representação. Por isso, não precisamos explicar porque a banda é preta cantando música de origem negra, assim como o segurança que também é negro, bem como a produção, o idealizador, e público que majoritariamente também será”, explica Hever Alvz, idealizador do festival.
A defesa em prol da apropriação da comunidade negra dos segmentos musicais oriundos dos povos africanos foi feita com base de que tais orientações artísticas passam por um tipo de choque estrutural e conceitual quando manipuladas aos sabores ditados pelo show bizz e todo capital que o mercado branco do som movimenta, deslegitimando-as.
“Será um momento para ratificar a atuação do negro em sua própria história. É principalmente um ato político contra uma estrutura branca gentrificadora, além de um espaço de libertação já que o alicerce ainda está armado pela mentalidade eurocêntrica e estadunidense dos modelos pré-estabelecidos. Julgo ser este um processo natural, uma vez que somos herdeiros dessa história e tradição”, reitera o produtor.
Não precisamos explicar porque a banda é preta cantando música de origem negra, assim como o segurança que também é negro, bem como a produção, o idealizador e o público que majoritariamente também será.
Hever Alvz
A primeira edição do Festival Afro Music, que conta com equipe voluntária para sua viabilização, é gratuita/colaborativa e vem tomando proporções de adesão do público que gerou surpresa para o produtor. “Não temos apoiadores. Estamos caminhando de maneira independente, na guerrilha. Por isso, a colaboração voluntária, em espécie, por meio do Sympla (plataforma online de venda de ingressos) vai nos ajudar a garantir a entrega de um encontro que honre com a imbatível criatividade e versatilidade do povo negro no fazer musical”, salienta o idealizador.
Interessados podem contribuir com R$10 ou R$20 reais via plataforma Sympla, pagos com cartão de crédito ou boleto bancário. A organização também recolherá colaborações no dia do evento. “É importante o apoio de todos. O objetivo é criarmos um espaço de debate e inserção, sobretudo que nos represente, um quilombo urbano”, finaliza.
Confira programação abaixo e confirme presença no evento da página do Festival.
Programação:
Palco Naná Vasconcelos
12h00 – Abertura
13h20 – Dica L. Marx
13h50 – Rádio Diáspora & Ba Kimbuta
14h40 – Anna Tréa
15h30 – Senzala High Tech
16h20 – Luedji Luna
17h10 – Mental Abstrato
18h00 – Ilu Inã
Palco Dona Zica
Espaço Bazar Luíza Mahin
Tenda de vendas de roupas e acessórios de temática afro com 10 expositores e produtos variados.
Comedoria
Aparelha Luzia
Bar
Alberta #3
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