Acotirene, Aqualtune, Dandara, Madalena de Angola, Amaro, Ambrósio, Andalaquituche, Cabanga, Canhongo, Dambraganga, Ganga-Muiça, Ganga-Zona, Ganga Zumba, Gaspar, João Mulato, João Tapuia, Mouza, Osenga, Pedro Caçapa, Quissama, Toculo, Zangui, Zumbi.
São alguns nomes de mulheres e homens que ficaram conhecidos por sonhar com a liberdade e lutar por ela no Brasil colônia dos séculos 16, 17 e 18. Rebelados, ajudaram a construir e a manter o Quilombo dos Palmares, o maior da América Latina, na Serra da Barriga, em Alagoas.
Já no século 20, inconformados com a precariedade socioeconômica dos negros no país e com a história única que resumia os africanos e seus descendentes a seres escravizados, quatro amigos se uniram para criar o Grupo Palmares, em Porto Alegre (RS). E, ao realizarem evento para debater a negritude no país em 20 de novembro de 1971, os estudantes Antônio Carlos Côrtes (direito), Ilmo Silva (economia), Vilmar Nunes (administração), e o professor Oliveira Silveira lançaram a semente que (com o apoio e a luta dos movimentos sociais negros) originou o atual feriado do Dia Nacional da Consciência Negra.
Na semana passada, Côrtes lançou o livro “GRUPO PALMARES – De Porto Alegre ao Dia Nacional da Consciência Negra – Inverso da história por um dos fundadores” na tradicional Feira do Livro da capital gaúcha.
Cito esses fundadores —os do Quilombo e os do Grupo Palmares—, mas ressalto que são muitas as pessoas que vêm lutando por equidade e justiça racial há séculos.
É inegável que pretos e pardos vivem em piores condições (econômicas, sociais e culturais) que seus compatriotas brancos neste país. Infelizmente. A despeito do princípio da igualdade consagrado na Constituição Federal (prevendo diferenciação de tratamento entre as pessoas só em casos específicos, para assegurar proteção) e das diversas leis sobre racismo.
Nesta semana do Dia Nacional da Consciência Negra, me valho do privilégio de escrever no maior jornal do país para reverenciar as pretas e os pretos de ontem e os de hoje que se insurgiram contra toda sorte de injustiça motivada pela aparência física. Um viva à consciência negra!
Ana Cristina Rosa – Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)