Uma a cada 95 pessoas no mundo está forçadamente deslocada de seu local de origem, aponta relatório da ONU

Enviado por / FonteG1

Segundo relatório anual de tendências mundiais em deslocamento forçado da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), são mais de 82 milhões de vítimas de perseguições, conflitos, violência e violação de direitos humanos, o maior número já registrado. Pandemia reduziu nitidamente número de novos refugiados e solicitantes de asilo em 2020.

No final de 2020, o mundo tinha 82,4 milhões de pessoas forçadamente deslocadas de seus locais de origem, como resultado de perseguições, conflitos, violência, violação de direitos humanos ou eventos que perturbaram seriamente a ordem pública.

Segundo o relatório anual de tendências mundiais em deslocamento forçado da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), divulgado nesta sexta-feira (18), este é o maior número desde que o dado começou a ser registrado.

Hoje, 1% da população mundial, ou uma a cada 95 pessoas no mundo, estão deslocadas. Em 2010, eram 1 em 159.

Mais da metade desses 82,4 milhões são de deslocados internamente, ou seja, pessoas que continuam dentro de seus próprios países, mas por algum motivo tiveram que deixar suas casas e fugir ou procurar outras regiões em busca de melhores oportunidades ou para se salvarem.

Já quando se trata de pessoas que deixaram seus países, mais de dois terços (68%) vieram de apenas cinco países, e sírios e venezuelanos continuam liderando o ranking.

A maior parte dessas pessoas (73%) acaba em países vizinhos aos seus de origem, e por isso 86% dos refugiados e venezuelanos deslocados estão em países emergentes. Por não chegarem muito longe, novamente a Turquia e a Colômbia acabam sendo as nações com maior população de refugiados – sírios e venezuelanos, respectivamente.

Crianças

A Acnur estima que entre 2018 e 2020 um milhão de crianças nasceram como refugiadas (média de 290 a 340 mil por ano), e muitas poderão passar suas vidas inteiras nessa situação.

Em 2020, 21 mil estavam entre os solicitantes de asilo (2%), comparadas a 25 mil no ano anterior. No entanto, considerando que em 2019 houve 1 milhão de solicitações a mais, acaba se tornando uma quantidade proporcionalmente muito maior. Em 2020, foram feitos 1,1 milhão de novas solicitações de asilo no mundo.

Queda nos retornos

Cerca de 3,4 milhões de pessoas deslocadas retornaram às suas regiões ou países de origem, incluindo 3,2 milhões internamente e 251 mil refugiados. Este foi o terceiro menor número da década, reforçando uma tendência de queda dos dois anos anteriores.

Além disso, apenas 34.400 refugiados foram relocados, o que corresponde a um terço do ano anterior (107.800 mil), uma queda de 69%.

Covid-19

Embora o total impacto da pandemia de Covid-19 sobre a migração ainda não possa ser calculado, dados mostram que o número de chegadas de novos refugiados e solicitantes de asilos caiu nitidamente em algumas regiões – cerca de 1,5 milhão de pessoas a menos do que o esperado.

Muitos países restringiram a mobilidade interna e fecharam suas fronteiras totalmente, mas alguns encontraram formas de preservar o auxílio àqueles que buscavam proteção internacional. Um exemplo foi Uganda, que aceitou milhares de refugiados da República Democrática do Congo, ainda que garantindo que medidas de prevenção ao coronavírus, como quarentenas, fossem rigidamente cumpridas.

A ONU estima que a pandemia pode ter reduzido em aproximadamente 2 milhões o número de migrantes apenas no primeiro semestre de 2020.

Mas, ainda assim, eventos violentos e desastres climáticos forçaram muitos a deixarem suas casas.

As mudanças climáticas são um fator extra a forçar o deslocamento de pessoas já em situação de vulnerabilidade e agravam também a crise alimentar entre aqueles que já estavam fugindo de conflitos e guerras.

A magnitude e a severidade dessa crise alimentar se aprofundaram em 2020 pela pandemia, que ampliou dificuldades econômicas já existentes. E os prognósticos para 2021 não são positivos, de acordo com o relatório da Acnur.

+ sobre o tema

Detenção de Mano Brown exemplifica a mensagem de Cores e Valores

Pedro Paulo Soares Pereira, 44 anos, também conhecido como...

Últimas tropas de combate dos EUA deixam o Iraque

Segundo redes americanas, tropas deixam o país em direção...

Corrigindo o diagnóstico de Aécio Neves sobre o resultado eleitoral

Análise: José Roberto de Toledo Os prefeitos eleitos do...

para lembrar

Emma Watson faz discurso por igualdade de direitos na ONU

Atriz foi responsável por lançar campanha da entidade em...

ONU faz oficina de gênero, raça e etnia no 34º Congresso Nacional dos Jornalistas

 Além da participação no evento, UNIFEM-ONU Mulheres propõe parceria...

Agências da ONU divulgam nota sobre PEC 181/15

Agências das Nações Unidas no Brasil manifestaram no domingo...

“Temos de lembrar que crimes de ódio são precedidos por discurso de ódio”, diz Adama Dieng

O Conselheiro Especial para a Prevenção do Genocídio da...

Projeto SETA promove eventos no Fórum Permanente de Afrodescendentes da ONU 

Entre os dias 16 e 18 de abril, o Projeto SETA, iniciativa cujo objetivo é transformar a rede pública escolar brasileira em um ecossistema de qualidade...

Conselho de direitos humanos aciona ONU por aumento de movimentos neonazistas no Brasil

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, acionou a ONU (Organização das Nações Unidas) para fazer um alerta...

Documento final da CSW leva parecer de organizações negras do Brasil

Em parceria estabelecida entre Geledés - Instituto da Mulher Negra e as organizações-não-governamentais Casa Sueli Carneiro e Criola, foi-se possível alcançar um importante resultado...
-+=