Uma semana após temporais, comunicador conta sobre solidariedade na BA

Enviado por / FontePor Paula Rodrigues, de Ecoa

Nos últimos dias de dezembro, o comunicador Rick Trindade, 30, assistiu Itabuna, cidade no sul da Bahia onde nasceu e foi criado, ser transformada pelas fortes chuvas. Ilhado dentro da própria casa, ele compartilhava informações sobre a situação em suas redes sociais. Ali, decidiu também iniciar uma campanha de arrecadação para compra de alimentos e produtos para as famílias atingidas no município.

Quando a chuva aumentou e fez ainda mais estrago na região e em diversas outras cidades baianas, a rede de apoio formada por pessoas como Rick e tantas outras na linha de frente se mostrou ainda mais crucial para a população local. Aqui, o baiano de 30 anos compartilha sobre a força da solidariedade, os momentos de desespero em meio à enchente e a cobrança por ação do poder público.

“2021 foi um ano atípico em relação ao tempo. Pelo menos aqui em Itabuna, quando chega em meados de setembro, já começa a esquentar, o sol fica mais tempo lá em cima e até chove com uma certa frequência – mas não como vimos no último dezembro.

O mais assustador para mim foi ver como tudo aconteceu muito rápido. No sábado à noite chovia e algumas ruas começaram a encher, mas os carros e as motos ainda conseguiam passar com certa tranquilidade. Até que acordamos no domingo e vimos que o nível da água estava em cinco, seis metros. E, assim, ficamos ilhados.

Foi o momento que eu percebi que tinha que fazer alguma coisa, mesmo preso dentro casa. Como já estava informando sobre as chuvas durante o mês todo nas minhas redes sociais, resolvi usá-las para pedir ajuda e também para contar sobre a situação que estávamos vivendo.

A ideia era tentar aliviar pelo menos um pouco aquela situação. Só quando a água baixou foi que tive noção do que tinha acontecido. Juntei uns 10 familiares e passamos em algumas ruas para saber o que as pessoas precisavam. A maioria precisava do básico: comida e água.

Foi tudo meio improvisado mesmo. As pessoas precisavam comer, beber água, precisavam de colchão para passar a noite. E é como temos falado por aqui: quem ajudou o povo foi o povo. Isso aconteceu no sul da Bahia como um todo. Conto hoje aqui minha história, mas muita gente em várias cidades tomaram a frente para tentar amenizar a situação. Como sempre, foi o ‘nós por nós’.

Recebi tanta doação que meu banco bloqueou minha conta, e só consegui acesso de novo porque, de novo, por causa das pessoas que fizeram pressão. E todas essas doações foram de pessoas físicas. Para você ter ideia, as primeiras ajudas que vimos foram de dois moradores aqui que cruzaram a água de jet ski para socorrer gente.

Infelizmente, não conseguimos ajuda de empresas. Mas gente que eu nem conheço ajudou. Às vezes, as pessoas falam ‘ah, não tenho como doar muito’ ou ficam até com vergonha porque tem pouco para doar, mas quero que saibam que o seu pouco, mais o pouco de outras pessoas se transforma em muito para quem está precisando agora.

Nenhuma doação é pouca coisa. Pelo contrário, elas foram e são imprescindíveis. E não só: quem compartilhou nas redes sociais as postagens pedindo ajuda, também ajudou muito porque fez chegar em cada vez mais gente.

Se eu e minha família passamos essa última semana acordando cedo para comprar alimentos, produtos de higiene, colchonetes, cobertores e roupas para depois montar cestas básicas e distribuir, é por causa dessa ajuda que recebemos de toda parte.

Agora que a água baixou aqui em Itabuna, esperamos a reconstrução da cidade. Esperamos que o poder público entre em cena e faça sua parte. E não estamos falando de reconstrução apenas de pontes, estradas, casas, mas do nosso psicológico também. Precisamos de auxílio psicológico para processar essa situação. Ainda fico pensando no choque que foi ficar ilhado, no medo da água subir mais, no desespero e angústia de ver tanta gente desamparada.

Precisamos continuar falando sobre o que aconteceu e vem acontecendo no sul da Bahia. Não podemos esquecer. Hoje mesmo, ao entregar alguns colchões, uma senhora veio correndo pedir um colchonete dizendo que não aguentava mais de dor por ter que dormir no chão. As pessoas ainda estão precisando de ajuda.”

Como ajudar

Ecoa selecionou campanhas de arrecadação de pessoas que estão na linha de frente e organizações sociais que estão precisando de doações:

Fabrício Titiah (Terra Indígena Caramuru-Paraguaçu)

PIX (chave email): [email protected]

Kécia Guedes de Oliveira (Pataxó)

PIX (chave telefone): 73 99865 -0523

Ivana Cardoso de Jesus (Tupinambá de Olivença)

PIX (chave telefone): 73 98159-6307

Teia dos Povos

Banco: Mercado Pago – 323

Agência: 0001

Conta: 3349577160-4

CNPJ: 19.812.274/0001-03

PIX (chave email): [email protected]

Quilombo D’oiti

PIX (chave email): [email protected]

Thyara Pataxó

PIX (chave telefone): 73 99198-2962

Rick Trindade

PIX (chave email): [email protected]

Conta: Banco Next – 237

Agência: 3728

Conta corrente: 580044-7

Campanha solidária Tupinambá

PIX (chave CPF): 897.384.115-72

Grupo de Amigos da Praia (GAP – Ilhéus)

As doações de alimentos, produtos de limpeza e itens de higiene podem ser feitas na sede da organização, na R. Leite Mendes, 3, em Ilhéus, ou em qualquer loja Carolina Costa de Salvador. Para doações em dinheiro, usar o PIX com chave CNPJ: 330137950001-21

Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ)

PIX (chave CNPJ): 13.100.342/0001-25

Banco do Brasil

Agência: 3466-5

Conta: 60311-2

Aliança Comunitária de Serra Grande

PIX: (chave CNPJ) 25.008.869/0001-03

Coalizão Negra por Direitos

https://www.temgentecomfome.com.br

PIX (chave CNPJ): 11.140.583/0001-72

PayPal: https://www.therearehungrypeople.com/

Ação da Cidadania

As doações para a organização fundada por Betinho podem ser feitas pelo site da campanha Natal Sem Fome, por PIX (chave CNPJ: 00.346.076/0001-73) ou transferência bancária.

Banco do Brasil

Ag 1211-4

CC 500.537-x

Itaú

Ag 0417

CC 65638-6

G10 Favelas

Itambé, cidade natal do presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, está entre as afetadas pelas chuvas na Bahia. O grupo está mobilizando doações e parceiros para a entrega de alimentos e itens de higiene à população. As doações podem ser feitas por PIX ou transferência bancária.

Instituto Escola do Povo

Bradesco Agência 2764-2

Conta Corrente 23233-5

PIX (chave CNPJ) 12.772.787/0001-99

http://www.g10favelas.org/

Associação Mãe dos Extrativistas da Resex de Canavieiras (AMEX)

Necessidades básicas emergenciais: cestas básicas, colchões, lençóis, repelente, produtos de limpeza e materiais de higiene (escova, pasta de dente e sabonete).

Caixa Econômica Federal

Agência: 4581

Operação: 003

Conta corrente: 170-3

PIX (chave CNPJ): 11.314.360/0001-84

Entrega de donativos: AMEX – Rua João de Sá Rodrigues, 334, centro, Canavieiras-BA. Cep: 45860-000

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