Unicamp estuda aumentar bônus a alunos da rede pública

Por: Lecticia Maggi
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estuda aumentar a pontuação extra concedida a candidatos oriundos da rede pública de ensino e aos autodeclarados negros, pardos e indígenas no vestibular 2014. Até a última edição do processo seletivo, participantes que cursavam o ensino médio em escolas públicas e que, no ato da inscrição, optaram pelo Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais) receberam 30 pontos a mais na nota final do vestibular; negros, pardos e indígenas ganharam 40 pontos — quem não era aprovado para a segunda fase, não recebia qualquer benefício. A proposta em análise pretende aumentar em 50% o bônus concedido na nota final do candidato, além de introduzir um novo bônus – de 45 pontos para alunos de escola pública, e de 60 pontos para negros, pardos e indígenas – na nota da primeira fase do processo seletivo.

A Comissão Permanente para o Vestibular da Unicamp (Comvest) estima que a mudança elevaria a participação de egressos da rede pública na universidade de 28,1% para índices entre 33% e 45%. O porcentual de negros, pardos e indígenas subiria de 6,5% para 8%.

O objetivo da proposta, é claro, é elevar a porcentagem de alunos oriundos de escolas públicas na universidade, além de negros, pardos e indígenas. Dados da Comvest mostram que, nas carreiras mais concorridas, a participação desses grupos é pequena. Nos cursos de medicina (período integral), arquitetura e urbanismo (noturno), engenharia civil (integral), comunicação social com habilitação em midialogia (integral) e engenharia química (integral), menos de um quarto dos convocados são provenientes de escolas públicas e menos de 5%, negros, pardos ou indígenas.

“Como o atual programa de bonificação só garante pontos extras na segunda fase do vestibular, a primeira fase funciona como um funil pelo qual os alunos da rede pública não conseguem passar”, afirma Maurício Kleinke, coordenador da Comvest. No vestibular da Unicamp, a nota final do candidato é composta pela soma das notas da primeira e da segunda fase, com variação de peso das provas conforme o curso pretendido.

Segundo Kleinke, o aumento na bonificação deve provocar reflexos principalmente em cursos de média concorrência. “É impossível determinar com exatidão quais serão os efeitos dessa pontuação extra, mas simulações indicam que em alguns cursos o porcentual de alunos da rede pública pode chegar a 50%”, afirma. Isso ocorreria, por exemplo, nos cursos de engenharia civil e engenharia da computação que chegariam, respectivamente, a 52% e 46% de estudantes egressos da rede pública – índices que hoje estão em 27,5% e 20%.

 

Fonte: Veja 

 

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