Unifesp aprova cotas para pessoas trans e travestis

Pela medida aprovada na quarta (11), cada curso de graduação deverá reservar 2% das suas vagas por turno para o grupo

A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) aprovou cotas para pessoas trans e travestis na graduação e pós-graduação.

De acordo com a resolução votada pelo conselho da instituição nesta quarta-feira (11), cada curso deve observar a reserva de pelo menos 2% das vagas por turno para a comunidade a partir do próximo vestibular.

Já nos programas de pós-graduação, 30% das vagas serão destinadas a ações afirmativas, sendo esse percentual fracionado em 50% para negros e quilombolas e os outros 50% para indígenas, pessoas com deficiência, trans e travestis.

Os percentuais determinados agora deverão ser avaliados e, se houver demanda, revistos a cada três anos, visando a garantir o acesso efetivo dessa população à universidade.

“O Brasil é o país que mais mata pessoas trans do mundo. A criação da reserva de vagas amplia o acesso deste grupo à universidade pública, o que representa um grande passo para a inclusão e ascensão socioeconômica e profissional”, diz Marina Dias, diretora de políticas afirmativas da Unifesp.

Quem concorrer a vagas reservadas para estudantes trans e travestis passará por procedimento de validação de sua autodeclaração por meio de bancas de heteroidentificação.

Raiane Assumpção, reitora da instituição, agradeceu a toda a comunidade que trabalhou pela aprovação das cotas, “É só mais um passo. Temos um desafio grande a ser percorrido, mas estaremos todos juntos e juntas nesse processo.”

A Unifesp tem evoluído em ações voltadas à população LGBTQIA+. Em 2017, inaugurou o ambulatório do Núcleo TransUnifesp, hoje referência nacional no atendimento à pessoa trans.

Em 2019, a universidade aprovou sua carta de princípios sobre a diversidade sexual e de gênero e, no ano seguinte, publicou portaria orientando o uso de linguagem inclusiva e uso dos banheiros de acordo com a identidade de gênero.

A maior universidade federal de São Paulo é apenas a décima instituição pública de ensino superior a aprovar cotas para trans e travestis no país.

Demais são Ufba (Universidade Federal da Bahia), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Unir (Universidade de Rondônia), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), UFABC (Universidade Federal do ABC), Uneb (Universidade Estadual da Bahia), UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia), UEAP (Universidade Estadual do Amapá) e Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana).

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