Vereadora do PMDB denunciada

Parlamentar teria insultado colega do PT chamando-o de ‘macaco’, além de afirmar que não gostava de ‘preto’. Em nota, ela pede perdão pelas ofensas e diz que está com problema de saúde

 

A vereadora Sílvia Fernanda (PMDB), de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, é acusada de racismo. A denúncia partiu do colega Gilberto Luiz dos Santos, o Gilberto Lixeiro (PT). O caso foi registrado pela PM em boletim de ocorrência assinado por três testemunhas. Além de sanções criminais, ela corre o risco de perder o mandato, caso seja feita uma representação na Câmara. De acordo com o BO, Sílvia insultou o vereador de macaco e, em seguida, disse que não gostava de preto.

Segundo o petista, o fato ocorreu na sexta-feira após encontro casual no Departamento Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Demae). Gilberto alega que apenas brincou com o cachorro da raça poodle que Sílvia levava ao colo. Quando o cachorro começou a latir, Sílvia chamou o colega de macaco, dizendo que não era para ele encostar a mão no cachorro dela, além de proferir palavras de baixo calão, revela o BO.

Em seguida , a vereadora se dirigiu para um dos funcionários do Demae e disse ainda que Cera por isso que não gostava de preto. O petista ficou surpreso com a reação de Sílvia, considerada uma aliada na Câmara. O próprio vereador alega que nunca teve qualquer desavença com a parlamentar e os dois, que cumprem o primeiro mandato, nem sequer chegaram a trocar farpas nas sessões do Legislativo. Foi uma decepção muito grande. Fiquei muito aborrecido, lamentou.

Gilberto revelou que ontem recebeu um telefonema da colega, que, chorando, pediu desculpas pelo episódio. Ela também solicitou que a queixa fosse retirada. A Constituição de 1988 passou a considerar a prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível. A pena pode chegar a cinco anos de prisão. O petista disse que até está disposto a perdoar a colega, desde que o pedido de desculpas seja feito publicamente. Ela tem que se desculpar com toda a raça negra, inclusi ve, para os seus eleitores negros, que também ficaram decepcionados, declarou.

A Executiva municipal do PT ainda não se reuniu para decidir a medida a ser tomada contra a parlamentar do PMDB. A vereadora Vera Lúcia Gomes de Almeida (PT) avalia que a decisão sobre eventuais sanções contra Silvia deve partir do próprio Gilberto. É uma situação muito pessoal, disse ela, ao lamentar a confusão. CO racismo é inadmissível. Vivemos num Estado democrático de direito, procurando proteger as minorias, ressaltou.

Professora aposentada e bacharel em direito, a vereadora Sílvia Fernanda está internada desde ontem à tarde na Santa Casa de Misericórdia. Diante do escândalo de racismo, a parlamentar teve um surto de estresse. Segundo ela, as ofensas contra o colega ocorreram em função de medicação para tratamento de problemas neurológicos. Sofro também de hipertireoidismo e tenho variações de humor, destacou.

Em nota, a vereadora reafirma o pedido de perdão ao colega e reconhece o erro. Tenho pelo vereador Gilberto o maior respeito, além disso, grande admiração pela sua inteligência brilhante. Reafirmo ser o mesmo o meu maior amigo desde a posse da Câmara. Ela também reconheceu o erro.  Peço perdão por ter me excedido nas brincadeiras de mau gosto que são parte do nosso relacionamento.
Sílvia vem respondendo a, pelo menos, dois processos judiciais. Um deles, na Justiça Federal, impetrado pela Universidade Federal de São João del-Rei. A vereadora teria acusado o reitor e funcionários que trabalharam no festival de inverno de roubar dinheiro público. Já o vice-presidente PSDB, Altamiro Gonçalves Gregório, denuncia a colega por tê-lo expulsado da Câmara em 3 de maio.

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