Pela primeira vez, a Câmara de Niterói vai contar com três mulheres compondo o quadro de vereadores. De partidos e coligações diferentes, Tânia Rodrigues (PDT), Verônica Lima (PT) e Priscilla Nocetti (PSD) foram eleitas para a próxima legislatura. Com perfis distintos, as novas parlamentares pretendem deixar as diferenças políticas de lado e se unir em projetos comuns voltados para causas da mulher.
Por Livia Neder
Há 12 anos, a cidade não contava com uma mulher no Legislativo municipal. Ex-deputada estadual, a médica Tânia, de 62 anos, que teve 4.437 votos, esteve à frente da Secretaria municipal de Acessibilidade e Cidadania de Niterói, e retorna à Câmara para seu terceiro mandato.
– Antes, víamos mulheres representando a família na política. Hoje, vemos mulheres que militam. Ainda não conversei com as outras duas vereadoras eleitas, mas tenho certeza que esse perfil diferente de cada uma só tem a agregar no debate político. Além de lutar por legislações específicas para trazer mais acessibilidade à cidade, pretendo, com o apoio delas, buscar ações para afirmar uma política para mulher, com hospitais, emprego, creches. Esse grupo de três é pequeno, mas estaremos juntas nas ações.
Eleita pela primeira vez, com 3.030 votos após três tentativas, Verônica Lima, de 38 anos, começou a atuação política no movimento estudantil. Primeira vereadora negra de Niterói, a parlamentar já conversou com a colega Priscilla Nocetti para estudar uma agenda comum.
– O fato de termos perfis distintos é positivo, pois cada uma tem a possibilidade de dialogar com segmentos diferentes da sociedade. Independentemente de sermos eleitas em partidos e coligações diferentes, tenho certeza que vamos ter uma atuação em conjunto na Câmara.
Ricardo Caldos, diretor do Centro de Estudos Avançados da Universidade de Brasília (UnB) destaca que a média de mulheres na Câmara de Niterói está acima da média nacional, de 10%:
– Há um interesse maior da mulher em participar da política. Isso é muito produtivo. Elas fazem diferença porque, em geral o índice de mulheres corruptas é menor. Elas têm foco em temas da família, diversificando o debate político.
Desafios e preconceitos
Das três vereadoras eleitas, Priscila Nocetti, de 30 anos, eleita com 2.598 votos, já encara a resistência de parte da sociedade. À frente da equipe de funk Furacão 2000, com o marido, Rômulo Costa, a apresentadora de TV vem sofrendo ataques, principalmente nas redes sociais, pela sua ligação com o funk e por não ser de Niterói. Formada em Direito e pós-graduada em Criminologia, ela garante que as críticas servirão de estímulo para o seu trabalho.
– Sou muito nova na política. Foi a primeira vez que concorri e quero dedicar meu mandato aos jovens e às mulheres. Encaro essas críticas como preconceituosas e machistas. A cidade conta com uma política muito regional, por isso esse pensamento de que as pessoas que vêm de fora não podem ter seu espaço. Já provei ao TRE que moro no município, em Camboinhas, há três anos. O deputado Marcelo Freixo é de Niterói, foi candidato a prefeito no Rio, e não recebeu esses ataques. Fui escolhida pelo povo para atuar como mais uma representante. Como vão criticar as pessoas antes de avaliar o trabalho? – indaga Priscila.
Fonte: Yahoo